O deputado Priante recebeu a Secretaria de Saúde do Estado praticamente completa: poderia nomear o secretário, diretores de departamentos e todos os cargos de segundo escalão espalhados pelo Pará.
A engenharia foi compartilhada com o deputado Paulo Rocha, que, mais mineiro que o trem, finge-se de morto para exercer direito de uso nas terras do campo santo.
Priante cometeu um erro de condução que viria a servir de argumento ao governo para tomar-lhe a SESPA: importou, de Brasília, o médico Halmélio Sobral, que chegou com parcos conhecimentos políticos ao Pará, e lhe deu assento como secretário de saúde.
A teia que sustenta a administração pública não pode ter como único componente, àqueles que ocupam cargos de delegação direta, a capacitação técnico científica, esta, aliás, pode até ser dispensada ao delegado, pois para tal orientação há os assessores especiais, e o próprio quadro técnico do órgão.
O erro de condução de Priante catalisou as insatisfações internas do PMDB, que, na ânsia de ocupar espaços, demandou-os dele, que cedia, ou não, conforme os seus interesses políticos diretos, relegando a segundo plano os interesses partidários gerais.
Ao desenrolar deste enredo somou-se o mesmo tipo de indução paralela dentro do PT, que pressionava o gabinete governamental para que os espaços entregues exclusivamente a Priante fossem fracionados com o partido.
A governadora, portanto, quando subtraiu do PMDB a nomeação da SESPA, acabou ficando sem a condução partidária do processo, e Priante acabou sendo vítima da própria articulação que promovera para ter a secretaria.
Quando a instituição partidária é posta em segundo plano nas alianças políticas, estas se fadam ao fracasso bem mais rápido do que se imaginaria a sua duração.
O senador pernambucano Marco Maciel, ao ser perguntado se não seria melhor para o Brasil o parlamentarismo, respondeu que não, e justificou o voto: "no Brasil a demissão de uma zeladora escolar no interior da Paraíba, é capaz de derrubar o primeiro ministro.".
Halmélio Sobral mostrou-se mal talhado para gerenciar os conflitos que sequer percebia o alcance: ele não conhecia as zeladoras, tão pouco os responsáveis pelas respectivas nomeações das mesmas.
Em pouco tempo a Secretaria de Saúde era um conglomerado de feudos, e à guisa de satisfazer as pressões à porta do Palácio dos Despachos, e subtrair de Priante a prelazia que conduzia o secretário, a governadora dava sustentação a grupos que começaram a minar-lhe o gerenciamento.
Ainda no primeiro ano de governo, em visita ao gabinete governamental, ouvi que Priante exigia que Halmélio Sobral despachasse com ele, antes de se reportar à governadora.
Minimizei o fato debitando-o à intrigas, e aproveitei para demandar da própria governadora uma solução imediata para a secretaria de saúde.
Alertei-a que na secretaria cada um mandava no seu bureau e que desta forma a condução fracassaria. Sugeri que ela entregasse a secretaria ao PMDB e cobrasse resultados, conforme as metas que ela mesma estabeleceria.
Ouvi dela uma pergunta: o que eu achava da médica Laura Rosseti assumir a secretaria de saúde?
Intui, imediatamente, que tal finalidade já estava sendo costurada dentro do Palácio dos Despachos, à revelia de Priante e, mais uma vez, do PMDB.
Comuniquei o fato ao deputado Jader barbalho. Ele ouviu calado, mas, enxerguei que ele, incontinenti, lavrou a segunda nota de débito, com enormes letras vermelhas, naquele caderno ao qual eu me referi no capítulo primeiro.
A conta corrente da aliança que o próprio presidente Lula abençoara, estava ficando com um saldo negativo preocupante, já no primeiro ano de governo, em desfavor do PMDB.
Continua na quarta-feira
“A teia que sustenta a administração pública não pode ter como único componente, àqueles que ocupam cargos de delegação direta, a capacitação técnico científica, esta, aliás, pode até ser dispensada ao delegado, pois para tal orientação há os assessores especiais, e o próprio quadro técnico do órgão” - (Parsifal Pontes).
ResponderExcluirNobre deputado,
A frase retro mencionada traduz com maestria o fosso da discrepância que separa o pífio governo Ana Júlia, em relação ao bem avaliado governo do presidente Lula, ambos do PT. Lula, a que eu saiba, não possuiu a referida capacitação técnico cientifica, porém utilizou-se, efetivamente, do relevo do parágrafo em aspeamento para suprir tal lacuna. Destarte o governo Ana Júlia, pela sua recalcitrância cognitiva, na seara político e administrativo, assemelha-se a um corpo que acabou de perder a sua alma.
Parabéns pela profundeza da frase e, mormente, pela clareza na forma que Vossa Excelência expõe o enredo do assunto em tela.
A SESPA DESDE O INICIO DO GOVERNO TINHA O PMDB DE RAINHA DA INGLATERRA, SEMPRE FOI ADMINISTRADA POR TRAS DOS PANOS PELOS IRMÃOS DA GOVERNADORA BETO E SANTOS QUE FIZERAM E FAZEM ATÉ HOJE BARBARIAS, SEM SE PREOCUPAR COM A SAÚDE PÚBLICA.
ResponderExcluirOlá Tony,
ResponderExcluirObrigado. Como sempre, os seus comentários enriquecem este espaço.
Abraços.