Após o final do primeiro turno das eleições de 2006, recebi uma ligação de Jader Barbalho pedindo que eu e Ann nos dirigíssemos ao Diário do Pará.
Ao chegarmos, lá estavam a deputada Elcione, Bel Mesquita, recém-eleita, Antônio José, Fernando Ribeiro e Helder Barbalho.
Logo chegaram Ana Júlia, Paulo Rocha e Zé Geraldo. Ao começar a reunião, Ana Júlia apontou para uma pessoa sentada em uma cadeira encostada à parede:
- Aos que não conhecem este é Charles Alcântara, de minha inteira confiança, e coordenador da nossa campanha.
Os olhares se voltaram a Charles Alcântara, que cumprimentou a todos com um simpático sorriso.
Deus, como regra, não deu aos homens a capacidade de enxergar o porvir. Se assim fizesse, jamais alguém entregaria a alma se previsse a perfídia: o dono daquele sorriso veio a ser, mais tarde, sumariamente devorado pela matilha que fez pasto nas alcovas do Palácio dos Despachos.
Uma das características da corte ali instalada, corroborada pela própria dona do trono, é a imensa facilidade que tem de se desfazer daqueles a quem deveria depositar eterna gratidão. Mas isto é outra história.
Jader Barbalho tomou a palavra e professou à Ana Júlia o suor do PMDB na campanha de segundo turno que se iniciava.
Ana Júlia agradeceu a importância da articulação feita, que culminara com a sua chegada ali, e empenhou confiança na vitória.
Sublinhou que fizera questão de levar consigo os dirigentes partidários e deputados federais Paulo Rocha e Zé Geraldo, para que testemunhassem o compromisso de que o PMDB, que estava sendo importante na campanha, teria papel substancial no governo.
Ao fim sacramentou que o PMDB teria integralmente aquilo que houvera sido demandado.
O acordo era que o PMDB participaria do governo com o que equivalesse a um terço da administração. O governo, ainda, daria sustentação ao partido para a eleição da presidência da Assembléia Legislativa.
Paulo Rocha e Zé Geraldo ratificaram o compromisso em nome do PT. Ao cabo da reunião, todos achavam que viveriam felizes para sempre.
Na sua sala do segundo andar do Diário do Pará, o deputado Jader Barbalho tomou-me o braço e soou o ataque:
- Não vamos descansar até a vitória. Vamos vencer a eleição. Não esperemos estrutura alguma do PT. Vamos lançar mão do que tivermos e sair imediatamente pelo Pará. Eu não tenho dúvidas de que venceremos!
No outro dia eu e Ann nos fizemos ao largo: na travessia do Rio Guamá, rumo ao porto de Arapari, de onde pegaríamos a estrada, eu disparava determinações à tropa pelo celular: todos recebiam os comandos com entusiasmo.
Uma rasteira brisa enrugava as águas do rio. O atrito com a balsa fazia o borrifo cuspir esguichos no convés: eu apreciava o perfil de Belém, que minguava no horizonte, com a determinação ávida de lutar, tangida pela enorme probabilidade de vencer.
Continua na segunda-feira
Deputado
ResponderExcluirPara melhor esclarecer os fatos, entendo que a história deveria começar pelo 1º turno, pelo papel que teve Priante na desconstrução de Almir Gabriel, nos debates.
Se não fosse a atuação de Priante nos debates, não haveria 2º turno, a despeito da luta de todo o PMDB.
Outrossim, não obstante a não reeleição de Ann Pontes e a sua não eleição, vcs ainda demonstraram força para continuar na campanha, o que só ressalta a lealdade de vcs a Jáder Barbalho. Parabéns
Olá Alessandro,
ResponderExcluirVocê tem razão: o papel do Priante foi fundamental desde o primeiro turno.
De fato, eu e Ann nao logramos êxito, ficando ambos na primeira suplência, mas isto não foi motivo para cruzarmos os braços: trabalhamos até mais que no primeiro turno, pois o tempo era menor.
Parsifal, o blog está muito bom. Sugiro, com todo respeito, largar esse "houvera", quase uma marca registrada do teu texto. Da outra construção á frase, troca o tempo, enfim.. eu não o guento mais. Claro que não vou deixar de ler o blog por isso. (não publica, é uma obervação pessoal)
ResponderExcluirAo anônimo das 23:24:00,
ResponderExcluirDesculpe-me não lhe atender e publicar: acho que é um comentário pertinente e pode encorajar outros a comentar-me o estilo.
Você "encrenca" especificamente com o "houvera" ou não lhe soa bem o pretérito mais que perfeito simples em geral?
É possível trocar pelo pretérito mais que perfeito composto "havia sido", que tem o mesmo sentido.
Fiquei curioso? Por que não o houvera?
O melhor do teu texto foi o último parágrafo.
ResponderExcluirEssa novena tá ótima! (ahaahahahahahah)
ResponderExcluirVocê poderia deixar a política e ser escritor. Acho que seus leitores ganhariam mais pois você teria mais tempo para escrever.
ResponderExcluirParsifal eu participei eu acho da primeira reunião tua do segundo turno. Tu disseste que era a tua primeira parada para vitória. Foi aqui em Tailândia. Eu era do PDT e me entusiasmei com a certeza que tu passavas.
ResponderExcluirEu tambmém me decpecionei depois nao somente com a Ana Júlia, mas com a politica inteira. Sai do partido e não quero mais saber disto. Mas vou votar em ti.
Parsifal,
ResponderExcluirPensei em deixar para a segunda feira a pergunta que não quer calar,porém não resisti...o quadro político que foi se configurando no decorrer do mandato deste governo de Ana Júlia,ficou claro a falta de compromisso com os aliados ,em especial o PNDB.Será que o PMDB ainda caminhará com ANA e seus desmandos e quereres....
É romantismo, diante da nossa cultura hegemonista, personalista, não republicana, acreditarmos em manutenção de coalização pós campanha.
ResponderExcluirMas, na esquerda e derivados(PSDB e parte do PMDB), esse negócio é muito mais grave, porque se acredita numa "causa" maior.
Esse grupo acredita que só ele pode resolver os problemas do Brasil.
O Chico Buarque, numa oportunidade, concluiu essa questão mais ou menos assim: “somos muitos parecidos(PT e PSDB), ninguém é mais arrogante que a gente! Nós - do PT - achávamos que só nos erámos probos, e eles – PSDB - que eram os únicos capazes tecnicamente de resolver os problemas brasileiros!”
Eu não tenho dúvida que mensalão(pagamento de dívidas de campanha com direito público) é comum a todos os partidos.
Mas na cabeça do José Dirceu isso se justificava:a "elite" não patrocinaria mudanças "contra" ela, se seus representantes, "corrúptos" na cabeça de Dirceu, não fossem aquinhoados.
Ou seja: tudo pela causa!
O inteligentíssimo dono desse blog, que eu sou fã, padece do defeito de se achar o mais republicano de todos.
Olá Reginaldo,
ResponderExcluirNão tenho reparos ao seu comentário a não ser ao último parágrafo, na parte que você acha que eu padeço do defeito de me achar o mais republicano de todos.
Acredite: eu não sou e nem me acho.
Eu vivo e convivo as, e com as mazelas da nossa democracia incipiente, mas, acredito piamente que estamos progredindo rumo ao amadurecimento.
Tenho consciência disto e, até mesmo por oportunidade, e sabendo que se eu mesmo não mudar não terei lugar nesta democracia madura, procuro mitigar os pecados que tenho cometido durante a minha trajetória política, que, embora não tenham sido tão graves quanto aqueles que você descreve, pecados foram.
Portanto, o estado de arte da República não me cabe e eu não o mereço.
Obrigado. Os seus comentários sempre são proveitosos.
Ao anônimo das 16:44:00,
ResponderExcluirEu não quero acreditar que, em função de tudo o que ocorreu, que se resume exatamente naquilo que você coloca, "falta de compromisso com aliados", o PMDB ainda possa acompanhar o PT na eleição que se aproxima.
Tenho deixado claro a minha luta contra isto até o máximo limite do que eu puder fazer para obstruir tal cenário.
Mas, sou apenas uma voz. Só espero poder gritar muito para que a voz seja considerada.
Ao anônimo das 13:59:00,
ResponderExcluirDesculpe-me eu não lembrar exatamente de você. A primeira reunião do segundo turno foi, de fato, em Tailândia, e lembro que estavam filiados do PMDB, PT, PDT além de outros.
Quero lhe dizer que a minha certeza era sincera: eu acreditei que "iamos mudar tudo isto que está aí".
Bem feito para mim: imagine, depois de velho estar me entregando a meras ilusões...
Mas, se desiluda com os políticos e não com a política: esta é o que nos faz progredir, quando feita por bons políticos.
Obrigado pelo voto.
Ao anônimo das 13:34:00,
ResponderExcluirAcho que todo dia tenho vontade de deixar a política. Não que eu queira ser escritor, mas porque as vezes bate um certo desânimo para a atividade.
Ao anônimo das 12:55:00,
ResponderExcluirÉ que você deve ter veia poética maior que a veia política.
Oi Ana Célia,
ResponderExcluirO problema desta novena é que eu não posso "rezar" nem um terço...
Olá, boa noite, bem como vc mesmo sabe sempre tive uma posição contrária tanto ao PMDB e Pt, desde criança rsrsrs. Mas como a vida da voltas acabamos do mesmo lado, não é mesmo. Mas o meu lamento maior é ver um governo que sempre primou, pelo povo e para o povo e esta ai sem dizer a que veio... Ou melhor sabemos... Realmmente o que vejo são propagandas mostranto: cheques, estradas, pro isso, pro aquilo. Mas como sempre me pergunto, por que somente agora tudo isso vem a tona... Para não sair da rotina das campanhas né... Nossa memória (eleitores), não é tão curta, nossa govenadora... que tanto decepciona... Na campanha em Tucuruí para prefeito, ela ajudou muito ao falar: "...as torneiras estarão fechadas para Tucuruí, se o Joilson o 13, não for eleito... Alí tive a certeza da nossa derrota. Será que isso é o governo popular...
ResponderExcluirBoa noite
abraços.
Olá Vivian,
ResponderExcluirBem antes deste ano de campanha, logo depois do processo de eleições municipais, eu rompi com o governo. Muito pelo tratamento desleal que foi dado ao PMDB na eleições municipais: ali eu constatei que o PT não consegue ver os aliados com respeito.
Voces acham que naquela altura do campeonato, depois de 12 anos fora do Poder, os "militantes" do PMBD, iriam votar no Almir Gabriel-PSDB?
ResponderExcluirParem, vocês (caciques) do PMDB, de dizem que a despreparada da Ana Júlia só venceu, graças aos seus esforços! Se voces não movessem uma palha, ela venceria da mesma forma, porque ninguém aguentava mais a mentira da propaganda oficial.
Na eleiçao que se passou voces não foram, em hipotese nenhuma, "os pais da criança". Vão enganar em outra freguesia. Fui eleitor do Priante e ninguém veio aqui me dizer em quem eu tinha que votar no 2º turno! Moro no interior do Estado.
Olá Ricardo,
ResponderExcluirJamais os "vocês caciques" do PMDB desejam se arvoraram em proprietários dos votos do cidadão paraense: o voto de cabresto é uma denifição finada.
O ponto do debate é a articulação feita por Jader Barbalho para que Priante fosse candidato em primeiro turno para tirar a polarização PTxPSDB, que acabaria levando à vitória do segundo.
Você só votou no Priante porque ele foi candidato. Se o PMDB não o tivesse lançado, os milhares de eleitores que queriam uma opção não a teriam.
Este foi o mérito do PMDB na eleição e o PT nos deve isto.
Se não tivessemos agido assim, não tenho dúvidas de que Almir Gabriel era hoje o governador do Pará.
Você só aumenta a certeza da correção da nossa tese: todos os que votaram em Priante no primeiro turno, acompanharam Ana Júlia no segundo.
O fato ainda, de o PMDB não ter chegado até você para pedir o voto para Ana Júlia, não quer dizer que os peemedebistas não sairam pelo Pará, fazendo campanha.
VOCÊ NÃO TEM OPINIÃO .ÉS CAPACHO DO JADER !
ResponderExcluirAo anônimo das 12:36:00,
ResponderExcluirPor favor, mantenha o estilo. Já que você consegue escrever, tenho certeza que pode lavrar isto que quer dizer em palavras menos chulas.
Afastado o defeito de linguagem, está aí, publicada a sua opinião de que eu não tenho opinião, mas, permita-me ter a opinião de que eu tenho opinião.
Aliás, no texto postado, não há opiniões: há fatos.
Obrigado e volte sempre: mas, com estilo por favor.
Deputado parabéns pelo blog
ResponderExcluirOlá epragana,
ResponderExcluirObrigado e venha sempre.