Indústria de armas leves do Brasil é uma das quatro maiores exportadoras do mundo

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A desvalorização do real frente ao dólar e a queda do preço das commodities minerais fez com que o perfil de exportação do Brasil flertasse com os bens industrializados, o que seria o melhor dos mundos não fosse o efeito negativo de um dólar apreciado, na economia doméstica.

Uma das pautas que contribuiu para o saldo positivo da balança foram armas e munições. O setor, já voltado para exportações desde a restrição de vendas internas, viu os embarques crescerem 45,8% (janeiro a novembro de 2015) em relação ao mesmo período de 2014.

Isso representou um volume de R$ 543 milhões nos valores declarados e é provável que cerca de outro tanto tenha sido exportado com cláusula de sigilo, quando apenas a Receita Federal sabe o valor e está proibida por lei de revelar, devido a acordos bilaterais.

O valor e o destino revelado de mais de 50% desse quase meio bilhão também causou certa surpresa: os EUA. A indústria de armamentos do Brasil está nas prateleiras dos EUA com, principalmente armas leves (pistolas e revólveres). Parte disso é comprado pelo governo dos EUA para uso militar doméstico.

A reação da indústria de armas nacional é um exemplo de como as empresas podem se reinventar frente a crises, para continuar no mercado, pois muitos decretaram a falência do parque quando, em 2003, o comércio e uso de armas no Brasil foi severamente restringido.

A Taurus, por exemplo, que à época era a maior empresa brasileira de armas leves (e continua sendo) e tinha 80% das vendas no mercado interno, voltou-se para as exportações e hoje vende praticamente esse percentual para os EUA e contribuiu com R$ 356,5 milhões na balança, em 2015.

Para os que defendem uma severa restrição pessoal do uso de armas, com eu, o Brasil ter-se tornado um dos quatro maiores exportadores de armas leves do mundo não deveria ser objeto de menção ufana e não é. Apenas usei os dados para ilustrar que é possível ao parque industrial nacional, redirecionar suas inversões em crises, pois não é um clichê, e sim fato, que elas geram oportunidades.

Ainda, a economia interna não deveria tornar o controle da balança tão dependente das commodities e começar a procurar um equilibrio entre o extrativismo de exportação e a verticalização, que agrega valor.

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