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Produtividade do trabalhador brasileiro despenca aos níveis da década de 50

Matéria dominical da “Folha de S. Paulo”, assinada por Claudia Rolli e Paulo Álvaro, reporta a produtividade dos trabalhadores brasileiros comparada a de outros países. 

Relatando os dados do Conference Board, que reúne cerca de 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países e pesquisadores, a reportagem atira no estômago do sistema de formação nacional: são necessários, por exemplo, 4 trabalhadores brasileiros, para produzir o que apenas 1 trabalhador norte-americano produz.

O pior: a produtividade do trabalhador brasileiro, comparada com a do norte-americano, caiu aos níveis do que era em 1950, depois de uma sensível melhora da década de 80.

O cálculo do Conference Board é latu sensu e não especifica a categoria da mão de obra. Toma o PIB de um país, divide-o pelo número de trabalhadores ativos na economia e chega ao índice da força de trabalho, o que lhe infere a produtividade per capita.

Abaixo, uma tabela, recortada da reportagem, com um quadro comparativo da produtividade do brasileiro em 2015, com base no PIB de 2014. Um trabalhador brasileiro produz apenas 24% do que um americano e apenas 40% do que um sul-coreano:


Se serve de consolo, somos mais produtivos que os indianos e, pasmem, a produtividade do trabalhador brasileiro é maior do que a do chinês. 

O baixo nível educacional no Brasil, a falta de qualificação da mão de obra, os gargalos na infraestrutura e os poucos investimentos em inovação e tecnologia, são as causas apontadas na reportagem, depois de ouvir especialistas no assunto, pelo parco desempenho do país.

"O brasileiro estuda em média sete anos, nem completa o ensino fundamental. Nos EUA, são de 12 a 13 anos, o que inclui uma etapa do ensino superior, sem mencionar a qualidade do ensino", declara o pesquisador Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Outro problema, apontado pelo professor de economia da Fundação Cabral, Hugo Tadeu. É que a “média de treinamento (qualificação) que um americano recebe varia de 120 a 140 horas ao ano. No Brasil, são 30 horas por ano”.

O que causa espécie na constatação do relatório emitido pela Conference Board, que eu estou lendo e que você pode baixar aqui (em PDF e inglês), é o retrocesso injustificável da nossa produtividade laboral, pois nesses 64 anos, embora não de ponta, inovações tecnológicas e infraestrutura foram embarcadas no Brasil.

Abaixo um gráfico mostrando a produtividade do trabalhador brasileiro, comparada a de um norte-americano, nos anos 50, quando começou a crescer, nos anos 80 quando atingiu o pico e começou a cair e hoje:


Significa então, que o nosso sistema educacional não avançou na mesma proporção e não conseguiu formar mão de obra qualificada e eficaz para manejar as novas tecnologias.

Constata-se isso, no fraquíssimo desempenho dos nossos alunos em todos os rankings internacionais de educação.

Não estamos conseguindo ensinar jovens a aprender.

Comentários

  1. Matéria interessante

    http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/pelo-5-ano-brasil-e-ultimo-em-ranking-sobre-retorno-dos-impostos.html

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  2. Ministério Público do Estado deveria fazer como dizia o Pedro Bial, no Big Brother dar uma espiadinha nos "aprovados" no "concurso""público" do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas dos Municípios.Está muito parecido como fazer sexo debaixo dos lençóis. Principalmente saber que chefiou todo o "certame".Um verdadeiro aquário onde os peixinhos se deram bem.Seria bom o blog investigasse a pouca vergonha.

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  3. o cambio distorce um ouco os numeros, embora eu concorde que a produtividade do trabalhador brasileiro não é boa.
    quanto ao cambio: um trabalhador estadunidense sere um cafezinho, produz digamos 3 dolares; um garçon brasileiro serve o mesmo cafezinho, produz 1 dolar.

    outros fatores: relutancia do brasileiro em cumprir ordens, falsidade ao cumprir ordens, falta de zelo em fazer o serviço bem feito ( eu já trabalhei em petroquimica, quase sempre a lubrificação era malfeita, era um serviço que era dificil de conferir, depois as maquinas paravam e via-se que foi por deficiencia na lubrificação.

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