Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.
Na verdade, a área da segurança pública, está entregue a amadores.
ResponderExcluirOntem postei comentário sobre a morte do adolescente no EUA e falei justamente da privatização da segurança pública. Vou além, como todo serviço privado, só tem direito quem pode pagar. Por isso nos bairros periféricos é só peia. Nos bairros "nobres" o policiamento privado corre solto, geralmente gerenciados por ex-policias ou até mesmo de policias na ativa. Essa é nossa realidade, com pontuais exceções. O que foi declarado reflete a total falta de consciência da função policial num Estado Democrático de Direito. Não podemos esquecer da cultura social que aceita o abuso, a extorsão e é parceira na corrupção, que naturalmente tem dois lados: o policial-bandido corrupto; o cidadão-bandido corruptor. A crise é do sistema, não é pontual. A corrupção policial é a mais rídicula delas, a ponta do iceberg todos sabemos.
ResponderExcluirO fim da picada nessa área é quando um comandante desses vai às telas para "orientar" o cidadão a NÃO usar jóias, esconder o celular, deixar de andar nas ruas em determinada hora, etc... Parece que a culpa é da vítima. Quando na verdade tanto os cidadãos são vítimas da violência, por conta dessa inépcia do governo, como os próprios policiais, civis e militares, que administram a miséria que as Instituições passam.
ResponderExcluirA culpa é do bandido, mas não custa se precaver e tentar evitar passar por isso.
Excluirme passa o telefone pra fazer a solicitação da pm?? :P abraços
ResponderExcluirSeguindo uma lógica básica, podemos concluir que as instituições de segurança pública apenas funcionam como depósito de servidores, mas sempre se apresentam aos cidadãos como organizações racionais planejadas de maneira eficiente para atingir objetivos pré-determinados. Nesse ambiente não podemos esquecer dos seus diretores/dirigentes/comandantes que perdem boa parte do seu tempo justificando diariamente a contradição entre o que a instituição realmente faz e aquilo que oficialmente deveria fazer. Que maravilha, nada de novo debaixo do céu. Erving Goffman, pesquisador norte americano, permaneceu dentro de um hospício para desenvolver essa tese que se aplica como uma luva para as instituições públicas brasileiras, especialmente para a briosa Polícia.
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