Depois de escapar fedendo – o que é melhor do que morrer cheiroso – no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ao cabo lhe manteve o mandato por um apertado placar de 4x3, o presidente Michel Temer continua a estratégia de se tornar o que já se alcunha em Brasília em uma espécie de Sarney 2.0: um presidente que completa o contrato de aluguel do Palácio do Planalto, mas sem perspectiva de poder suficiente para tocar o trote regular, o que se chama no linguajar político estadunidense de um “pato manco”.
Mas poder à cabidela também é poder, portanto, Temer já enjambra um plano para arredar do seu pé aquele que, segundo a corte, tomou a tarefa de apear o presidente como algo pessoal: o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
O mandato de Janot vence em setembro e é tradição que a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) faça uma eleição direta e secreta para escolher os três nomes – os três mais votados - que serão encaminhados ao Presidente da República, que idem, por tradição, escolhe o mais votado para assumir o cargo de Procurador-Geral da República.
As inscrições para a eleição já foram abertas e já há oito nomes na lista de candidatos. Mas a eleição poderá vir a ser debalde, pois os feiticeiros de Temer, animados com a poção funcional que cozinharam no TSE, já correm por fora para encontrar um Procurador da República para nomear e chamar de seu: Temer romperia com a tradição – não há lei que o obrigue a ouvir a lista tríplice que lhe envia a PGR – e nomearia uma espécie de Aristides Junqueira da era FHC, alcunhado então de engavetador-geral da República. Se o feitiço deu certo com os tucanos, por que não com Temer?
E quem deu com a língua nos dentes foi o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que no afã de prestar serviço e se empoderar na Esplanada, acabou soltando que o presidente poderá receber, além da lista tríplice da ANPR, outra do Ministério Público da União (MPU).
Vazado o plano, Janot começou uma corrida contra o tempo e finca a espora na conclusão do inquérito investido contra Temer, aberto com base na delação premiada dos irmãos Batista, para oferecer a denúncia ao STF antes de deixar o cargo, restando, se assim ocorrer, ao presidente, contar com a boa vontade do novo procurador para diminuir a marcha do processo até o final de 2018, pois tornou-se prioridade zero para Temer não deixar pela metade o mandato que recebeu pela metade.
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