Imediatamente após Fidel Castro, que nunca se declarou um marxista antes da Revolução – o ideólogo do movimento era Che Guevara – marchar sobre Havana os EUA iniciaram uma ferrenha cruzada contra o fidelismo.
A então União das Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS), que já dava certa carenagem aos acampamentos de Sierra Maestra, aproveitou a equivocada hostilidade estadunidense e escancarou os braços, e cofres, ao regime, cobrando a guinada de Fidel ao lema “socialismo ou morte”, que, na verdade, ao contrário do que muitos pregam, não foi uma opção doutrinária de Fidel, mas uma imposição econômica para ilha, já que o capitalismo, a 90 milhas de Havana, queria, mesmo, tirá-lo do ramo.
Com Barak Obama, a política externa norte-americana em relação à Cuba sofreu um processo de distensão. Foi uma opção acertada, pois a ilha, na contingência de ter perdido os vasos comunicantes com a Rússia e a falência da Venezuela, que cobria as entregas de petróleo e gás necessários para manter a ilha flutuando, não se negaria a fazer concessões aos EUA.
Quando Putin enxergou os movimentos de Obama tratou de acenar com o perdão da dívida cubana de R$ 32 bilhões em valores históricos, 90% deles contraídos no período soviético, o que, atualizados, aproximar-se-iam dos US$ 200 bilhões, o que viria a ser quase duas vezes o PIB cubano. Claro que tal gesto fez com que Raúl Castro permanecesse mirando Washington, mas “parpadeando” Moscou.
Na semana que passou Trump cumpriu a promessa de campanha que fez aos exilados cubanos nos EUA, de jogar no triturador de papéis parte dos acordos EUA-Cuba assinados por Obama, devolvendo a relação entre os dois países a quase um quê de Guerra Fria.
O movimento de Putin não poderia ser outro: o Kremlin lamentou publicamente as ações anunciadas por Washington, solidarizando-se com Havana. Na mesma pisada, Putin, aproveitando-se de um acordo fechado em março deste ano com Havana, encheu de óleo um dos maiores petroleiros russos e despachou-o com um cartão de visitas para Cuba, lembrando a Raúl Castro que o desejo da Rússia de montar uma base militar na ilha continua de pé.
O ato de Trump, para atender a parcela cubana do seu eleitorado, que sempre foi contra qualquer colher de chá ao castrismo, vai ao encontro da sua promessa, mas de encontro aos interesses dos EUA, enviesando, mais uma vez, a geografia, ao tornar a ponte área entre La Havana e Washington muitas léguas mais distante do que entre a mesma origem e Moscou.
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