É raro ouvir música boa nas emissoras de rádio hoje em dia. Se bem que esse negócio de “música boa” pode soar pernóstico eventualmente, pois o conceito mais reducionista de “música boa” é talvez aquele que mais bem lhe cai: “música boa” é aquela que você gosta.
Por isso corrijo: é raro eu ouvir música que eu goste hoje em dia nas emissoras de rádio.
Indo pra casa, fui surpreendido, hoje. O rádio me ofereceu Tim Maia, um dos menestréis errantes que fazem parte da trilha sonora da minha vida.
Tim Maia foi um dos maiores expoentes da MPB. Um cantautor completo, pois além de compor e defender suas canções com um timbre de variação peculiar, cuidava pessoalmente dos arranjos que realçavam as suas melodias.
A canção pura é uma pintura e o arranjo é a moldura do quadro, que lhe dá o devido valor se trabalhado com primor, sem exageros que possam abaçanar a composição.
Tim fazia isso: não jogava notas fora. Mesmo usando os metais, o que é um perigo para quem não tem senso de limite, ele jamais deixava o som derramar, dando a medida certa ao conjunto.
Em 1971, no auge do sucesso, Tim lançou o álbum “Tim Maia”, cuja faixa “Você” é um exemplo perfeito do que está dito acima: letra e canção casadas de papel passado, sem uma atravessar a outra em nenhum momento da partitura e o arranjo emoldurando o casal.
Tim começa “Você” embaixo, preparando uma apoteose que começa a partir do 0.49s, quando os metais acompanham a voz poderosa do cantor que vai às alturas e mergulha em sustenidos aqui e acolá, no decorrer ou nas finalizações das frases.
Esse era (é) Tim Maia. Quem tem ouvidos, ouça!
Le Roi Est Mort, Vive Le Roi! Parabéns essa é uma Relíquia .
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