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Temer, Loures, Serraglio, Daniel Filho e Torquato Jardim

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O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi para o Ministério da Justiça porque o presidente Temer labutou por um deputado eleito pelo Paraná para preencher a vaga. Assim colocaria na Câmara Federal o primeiro suplente Rodrigo Loures.

Quase sempre essas conveniências é que determinam os nomes que irão povoar a Esplanada dos Ministérios.

As trovoadas que tonitruam sobre o Palácio do Planalto, todavia, fizeram com que o presidente da República tivesse que sacudir o tabuleiro pata tentar se manter no cargo.

O modo de batalha erige-se pela frente jurídica e, não menos importante, talvez, mais, a parte política. E quase sempre, nestas horas sísmicas, não é a boa política que dita os rumos da República.

Dentre os ingredientes manipulados pelos feiticeiros do Planalto urdiu-se a substituição de Serraglio por alguém com maior envergadura para enfrentar o cerco judiciário, carenado pela sacralidade da Lava Jato, e que, ao mesmo tempo, portasse fibra para tourear o terno justicialista calçado pela Polícia Federal, que, para mostrar serviço à plateia, logo após a abertura do inquérito para investigar Temer, correu aos arcos do Palácio Presidencial para ouvir seu excelentíssimo inquilino.

O nome indicado a Temer para cumprir esse papel no Ministério da Justiça foi aquele que, desde que se nomeou Serraglio para lá, deveria ter tido o nome na portaria referente: o jurista e ex-ministro do TSE Torquato Jardim, que estava meio de bubuia no Ministério da Transparência, igualzinho como de bubuia estava Osmar Serraglio no Ministério da Justiça.

Temer então resolveu trocar as pastas de mãos, pois Serraglio, para manter o foro privilegiado para Rodrigo Loures, não poderia voltar à Câmara Federal.

Mas Serraglio resistia a esse jogo de caxangá e opinava por permanecer na pasta da Justiça ou voltar ao Plenário, pois sabia que essa condição levaria ao que Temer não desejava, que era entregar o pescoço de Rodrigo Loures a Moro.

Eis que, no entanto, o fado favoreceu Temer no final de semana: o líder do esquema “do bando criminoso" (palavras do juiz federal Marcos da Silva) apanhado pela operação Carne Fraca, Daniel Gonçalves Filho, está concluindo a sua delação premiada junto ao Ministério Público Federal e nela, segundo o pessoal que ouve as paredes, está o nome de Osmar Serraglio, que nas gravações apanhadas, o chama de “grande chefe”.

Foi o xeque-mate sobre Serraglio, que não pode estar no Ministério da Justiça quando o seu nome pintar nas manchetes como suposto beneficiário da Carne Fraca, antes porque, delação premiada no Brasil, e para a Justiça, virou lei e pura verdade.

Torquato Jardim, doravante, passa a ter no Ministério da Justiça a mesma missão que Eduardo Cardozo teve na pasta na via-sacra de Dilma Rousseff: tentar fazer com ela não chegasse ao Gólgota.

Quem sabe ele logra o êxito que Cardozo não teve.

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