No depoimento de ontem (10) do empresário Marcelo Odebrecht ao juiz Sérgio Moro, praticamente vazado à imprensa ao mesmo tempo em que era concedido, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Antonio Palocci foram “redelatados”, pois que o conteúdo da delação premiada de Odebrecht, nas mãos do ministro do STF, Edson Fachin, faz as mesmas afirmações.
No depoimento, em outro processo que responde na constelação da Lava Jato, Marcelo afirma sem titubear que o "Amigo" das planilhas de propina da Odebrecht era o ex-presidente Lula, o “Italiano” era Antonio Palocci e Guido Mantega era o "Pós-italiano".
Na referida planilha, ao “Italiano” foi entregue R$ 128 milhões. Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, esse valor teria sido destinado ao PT, através de Palocci. O “Pós italiano” está referido na planilha com um valor de R$ 50 milhões.
Ao ex-presidente Lula, especificamente, Marcelo Odebrecht afirma ter repassado um total de R$ 16,4 milhões, quantia que teria sido usada para a compra do prédio do Instituto Lula (R$12,4 milhões) e para despesas da instituição (R$ 4 milhões).
Os depoimentos de Marcelo Odebrecht, por força do seu acordo de delação premiada, estão carimbados com sigilo judicial, mas à medida que o depoimento era prestado, o site “O Antagonista”, mantido pelo ex-redator-chefe da Veja Mario Sabino e o ex-colunista da Veja Diogo Mainardi, ia publicando os principais pontos do conteúdo.
Avisado dos vazamentos, o advogado de Palocci, José Roberto Batocchio, comunicou a ocorrência a Sergio Moro, que no início da audiência havia determinado aos serventuários que deixassem os celulares do lado de fora.
Moro suspendeu a audiência e pediu para verificar os celulares dos serventuários e nenhum portava aparelhos. Os advogados presentes, inclusive o próprio Batocchio, entregaram os celulares a Moro, mostrando que estavam desligados.
Há aplicativos que simulam um aparelho de celular absolutamente desligado, mas que, na verdade, está ligado, com o microfone aberto, e transmitindo som ambiente. O correto seria Moro, em sabendo disso, se é que sabe, apreender imediatamente todos os aparelhos, pois não deve ser provável que a sala de audiência de um juiz federal, que conduz um caso de tamanha envergadura, esteja com uma escuta física plantada nela.
O vazamento sim de depoimentos gravados sob sigilo judicial pode ensejar a anulação do mesmo.
Logo após a divulgação do depoimento de Marcelo, o Instituto Lula publicou a nota abaixo:
"O Instituto Lula funciona em uma casa adquirida em 1991 pelo antigo IPET, que depois seria Instituto Cidadania e depois Instituto Lula. O Instituto jamais teve outra sede ou terreno.
O ex-presidente Lula teve seus sigilos fiscais e telefônicos quebrados, sua residência e de seus familiares sofreram busca e apreensão há mais de um ano, mais de 100 testemunhas foram ouvidas em processos e não foi encontrado nenhum recurso indevido para o ex-presidente. Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para qualquer fim e isso será provado na Justiça. Lula não tem nenhuma relação com qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como 'amigo', que nem essa planilha nem esse apelido são de sua autoria ou do seu conhecimento, por isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de justiça vazado seletivamente e de forma ilegal.
Todas as doações para o Instituto Lula, incluindo as da Odebrecht estão devidamente registradas, com os nomes das empresas doadoras e com notas fiscais emitidas, foram entregues para a Receita Federal em dezembro de 2015 e hoje são de conhecimento público."
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