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De Donald Trump para Kim Jong-un

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No rescaldo do final da Segunda Grande Guerra a Coreia se dividiu em duas, partindo ao meio a Península da Coreia.

A fronteira entre os dois países que se formaram – Coreia do Norte e Coreia do Sul - é uma das mais militarizadas do mundo e o regime totalitário de Pyongyang é uma constante fonte de instabilidade na região.

Na quarta-feira passada (05), Pyongyang testou o sexto míssil balístico de médio alcance em dois anos, que depois de percorrer 60 km caiu no Mar do Japão, em franca violação às resoluções da ONU.

Abespinhados, EUA e Coreia do Sul afirmam que a Coreia do Norte “pode desenvolver em menos de dois anos uma ogiva nuclear, que teria condições de atingir o território americano”, mais precisamente o Havaí, ameaçando a frota do Pacífico Norte da Marinha estadunidense.

A suposta ameaça faz os EUA olharem pelo retrovisor até 1941, quando a Marinha Imperial Japonesa bombardeou Pearl Harbour, também no Havaí, evento que marcou a efetiva entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial.

Como Donald Trump já soltou os cães em Shayrat, na Síria, na semana passada, um movimento no rumo de Pyongyang nada mais seria que um troco nos bilhões de dólares que é o orçamento militar dos EUA.

A manobra de Trump rumo à Coreia do Norte foi ousada: determinou que um comando naval completo, saído da Frota do Pacífico, que fazia manobras de rotina no Mar das Filipinas, singrasse para a Península da Coreia.

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O comando é capital: a nave mãe é o Carl Vinson, um super porta-aviões da classe Nimitz, movido a energia nuclear, com 98 aeronaves de combate no convés. Como toda belonave dessa categoria, o Carl Vinson se desloca com uma frota de, pelo menos, quatro destroieres e dois batedores, todos com poder de fogo de precisão e de longo alcance. Foi com algo do tipo que, a partir do Golfo Pérsico, os EUA castigaram Bagdá, em 2003, depondo Saddam Hussein e preparando o terreno para a infantaria da coalizão arrematar o serviço.

Os experts especulam que o Carl Vinson e seus destroieres têm ordens para estacionar no seio interior Oeste da Península da Coreia.

A meu ver, embora o ponto de fundeio do comando esteja em mar territorial sul-coreano, a posição é muito próxima de Pequim e a China não vai aceitar, por muito tempo, uma frota dessa envergadura parada no seu quarteirão.

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O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, tem desafiado as potências ocidentais com o seu sonho nuclear porque sabe que a China não concordaria com ameaças frontais tão perto do seu território. O Pentágono sempre respeitou a delicadeza da região e jamais estacionou frotas nucleares na Península da Coreia.

Creio que a manobra de Trump é meramente dissuasiva, como um aviso a Pyongyang de que os EUA não consideram o Mar da Península um tabu. A subida do Carl Vinson pode ter sido, inclusive, combinada com o presidente chinês, Xi Jinping, na recente visita deste aos EUA, na quinta-feira passada (06).

Mas como Kim Jong-un é doido e Donald Trump é doido e meio, a escaramuça é uma temeridade. Espero que ambos não rasguem dinheiro.

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