A República que bate-boca

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A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, não precisa mostrar à nação a sua competência como juíza, não obstante, perdeu uma oportunidade de mostrar à nação que está preparada para ser a presidente do STF ao resolver bater boca com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB), igualando-se a ele no despreparo para lidar com momentos de crise institucional.

O “onde um juiz for destratado, eu também sou”, repto de Cármen Lúcia à Renan por este ter chamado o juiz que determinou a prisão de policiais do Senado de “juizeco”, não passou de um chiste colegial dispensável. A reação correta seria, se assim a Corte resolvesse, uma nota impessoal do Supremo Tribunal Federal, em apoio ao juiz.

Quando Renan Calheiros viu a bobagem que fez e tentou reparar o erro pedindo uma reunião entre o presidente do Congresso Nacional (ele), o presidente da República e a Presidente do STF, para aparar as arestas, Cármen Lúcia deu uma de menino birrento: disse que não vai e pronto. Ela aproveita o momento, em que tanto o Congresso quanto o Poder Executivo estão fragilizados frente ao Poder Judiciário, para fazer pose.

Isso não é bom, pois o desequilíbrio entre os poderes distorce a tez da República e fragiliza a democracia.

O mais apropriado seria a ministra não ceder ao seu humor e prestar continência à harmonia dos poderes e ao bem-estar da República. Além disso, ela teria a oportunidade de, com a autoridade que tem, passar, de corpo presente, uma reprimenda em Renan Calheiros tendo o presidente da República como testemunha.

São pessoas deste jaez que estão no comando da República. Gente que confunde seus caprichos pessoais com a potestade do cargo que eventualmente ocupa. Isso não é de todo irregular, mas em momentos de crise é preciso saber separar a vaca do brejo.

Comentários

  1. Parsifal;

    Se tem alguém muito errado nesta república é o Renan Calheiros.A ministra agiu dentro dos limites em defesa de um juiz que só está fazendo o que é certo: correr atrás dos corruptos. Ficou provado semana passada que ela não age por corporativismo, pois se assim fosse não teria punido aquela juíza que deixou a menor com 30 homens dentro de uma cela, e que há 9 anos se beneficia com impunidade... essa mesma que o Renan percebe estar se desfazendo debaixo dos sapatos.

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    1. [Em primeiro lugar: não gosto do Renan Calheiros (antipatia pessoal mesmo) e sou um admirador da ministra Cármem Lúcia.]
      Não se trata de quem está certo ou está errado, antes porque os julgamentos de mérito cada um tem o seu.
      Refiro-me à pertinência da reação, que não deve ser tomada de forma pessoal pelo presidente da Corte Suprema do Brasil. Quando ela discute publicamente com Calheiros amesquinha o cargo da mesma forma que ele amesquinhou o dele ao usar termos chulos para manifestar a sua crítica.
      Assim como o presidente do Congresso precisaria entender que o cargo que ele ocupa é muito maior que ele, a presidente do STF deveria intuir que o cargo que ocupa é maior que ela e que a pequenez de Calheiros.
      Corporativismo não está em discussão e nem eu acusei a presidente do STF disso.
      Quando os VIPs da República tiverem esse espírito público, você e eu não teremos que nos preocupar com quem destilou mais desaforo, e escolher entre os desaforos.
      O Brasil precisa disso apenas: espírito público.

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  2. Pra entrar na conversa... É preciso que alguém tenha coragem para enfrentar o destempero da sua Excelência, Renan Calheiros, o "canalha" (palavras dos próprios "senadorecos", durante o impeachment). Pilantra que responde a muitos processos, já réu em alguns, vale-se, como tantos outros "canalhas", do tal "foro privilegiado" para proteger-se do xilindró.
    Afinal, que poder é esse que não resiste a uma "varredura" da PF? Será que a tal polícia do Congresso é para proteger bandidos?

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    1. Você pode falar o que pensa da forma que quiser, pois o seu palavreado, embora indelicado, da mesma forma que as minhas postagens, não têm repercussão nenhuma além dos poucos que nos leem, não causam crise institucional alguma e o único problema que pode causar, para mim e não para você, é o senador Calheiros resolver me processar por injúria, calúnia e difamação, e ele tem o direito de fazer isso, pois, legalmente, quando eu publico um comentário anônimo, eu estou assumindo a responsabilidade por ele, já que a Constituição assegura a liberdade de expressão, mas veda o anonimato.
      O que eu quis sugerir na postagem, é que diferente de eu ou de você, tudo o que o presidente de um poder da República fala tem que ser cuidadosamente medido, pois a fala, dependendo de quem a diz, pode causar uma crise institucional, pode deflagrar uma guerra (muitas guerras foram deflagradas por palavras mal colocadas por um rei), pode fazer o preço do dólar subir ou cair, pode precipitar, ou postergar as pautas do Congresso Nacional, ou dos próprios tribunais (aliás, a fala de Calheiros fez a ministra Lúcia marcar um julgamento, para o dia 03.11, que vai decidir se Calheiros pode ou não constar da linha sucessória da presidência da República. Este julgamento dormia desde o ano passado no STF).
      Portanto, a fala de quem tem poder deve ser usada em favor da República, para apaziguar, para esclarecer, para contemporizar, para conciliar, pois tudo isso é bom para a nação, e não para deflagrar crises ou conflagrar as que já existem.
      É disto que trata a postagem. Sugerir que os que detém poder na República, não estão sabendo usá-lo com espírito público, para o bem de todos e felicidade geral na nação.

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    2. Amigo Parsifal, vc está equivocado. O Renan não podia falar o que falou. A ministra, presidente do STF não tem que se encontrar com bandido. Não vou enumerar os crimes desse ser mas vc já deve saber de alguns. Todos sabem. Ele precisa ser preso para não continuar fazendo mal aos brasileiros. A Cármen fez bem em não aceitar falar com ele. Nós, o povo, gostamos dessa atitude dele.

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    3. Segundo você eu não estou equivocado, pois eu também acho que o Renan não devia falar o que falou e isto está escrito com todas as letras na postagem.
      Enquanto o Renan não for cassado, preso ou o que o valha, ele é o presidente do Congresso Nacional e a Carta Magna determina que os poderes devem manter harmonia.
      A
      Pelo sua opinião, a ministra já começou a fazer mal, pois vai reunir com o Renan e Temer amanhã.
      As autoridades constituídas não tem que fazer o que o povo gosta e sim o que manda a lei e tanto o povo, quanto a República, precisa obedecer à lei. Alguns estão sendo presos, inclusive, porque não respeitaram as leis.

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  3. De uns tempos para cá, as autoridades resolveram ser estrelas, pousam para a mídia. Como a nossa querida ministra Carmem Lúcia, aquela que parece com o Vampiro Brasileiro do Chico Anísio poderia passar uma repreenda em Calheiros reservadamente, isso não satisfaz o ego e a vontade de ser estrela.

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