Tempus regit actum
Após o recesso parlamentar, apuraram-se as articulações no Senado para antecipar a votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, sob o argumento de que a indefinição da situação política do país lhe prejudica o macro gerenciamento.
A priori, a data do julgamento estaria agendada para setembro, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), gemeu ao torniquete alavancado pelo governo interino de Michel Temer e ontem (2) bateu o martelo para que a data seja antecipada para o final desse agosto, o que abreviaria a agonia de Dilma, e de Temer, em cerca de 30 dias.
A comunicação do presidente do Senado, da abreviação do prazo, irou o PT e seus aliados, que prometeram levar às últimas consequências a esgrima pela manutenção do prazo previamente acordado.
Nos bastidores, sussurra-se em alta voz que a decisão do Planalto em labutar pela abreviatura do prazo se acelerou após a certeza do governo de que já tem votos suficientes para cassar o mandato da presidente e o núcleo político de Temer não quer deixar que a brasa arrefeça com eventuais mudanças no formato das nuvens.
Particularmente, não creio que a votação do impeachment possa ser feita até o final de agosto sem atropelamento de prazos o que seria temerário, pois isso remeteria a uma provável reviravolta jurídica no STF.
Dispensar interstícios, embora regimental, é uma remota hipótese, já que isso só pode ser conseguido com acordo de lideranças e os líderes alinhados à presidente afastada jamais concordariam.
O movimento, portanto, não deve passar de uma bravata consequente para esporar a Comissão, fazendo com que os trabalhos não percam nem um segundo de tempo na corrida, mas sem invenções atabalhoadas, que possam vir a prejudicar o soneto com emendas ansiosamente adolescentes.
Mas como a política é a arte do possível, a exceção indica que nela, também, se fazem coisas impossíveis.
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