São dois pra lá, dois pra cá…

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Deu o que (mal) falar a missiva enviada pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff, declarando que ele tem "ciência da absoluta desconfiança” dela e do “seu entorno” a respeito dele e do PMDB. Temer opina que não passa de um "vice decorativo".

A carta não revela novidades na relação do titular do cargo com o vice, apenas desvelando que o caso segue a regra: aquele sempre se sentirá ameaçado por este. Não há muito tempo, herdeiros assassinavam reis para tomar o trono.

Temer escolheu forma e momento errados para demonstrar amuo e não deveria usar como núcleo a alegação de falta de confiança da presidente nele e no PMDB, pois Dilma não confia em ninguém e detesta se relacionar com o próprio espelho.

O vice-presidente deveria observar, ainda, que se ele for ficar magoado com quem não confia no PMDB, o seu pote de mágoas transborda, pois, devido ao seu tamanho e em como as forças se distribuem nos seus escaninhos, sem comando centralizado, não há na política nacional quem confie no PMDB.

O PMDB é vítima do seu tamanho, da sua força, da sua capilaridade, da sua falta de comando e do seu temperamental comportamento parlamentar, não sendo possível a nenhuma outra agremiação ou escala de poder, relacionar-se com o partido sem a salvaguarda da desconfiança. Esse é o porquê de todos optarem por servir-se dele pelas beiradas: a sopa é muito quente para afogar a colher no meio.

A lavra de Temer isolou-o: cada um dos 27 peemedebês – há um em cada estado e outro no DF - a interpretará a sua própria conveniência, pois o partido é uma enorme confederação de líderes fornidos em tempos nos quais era preciso dividir para sobreviver e Temer está longe de ser aquele que, embora pregue, promova a união nacional.

Ele seria mais grave e menos lúdico se declarasse, sem divã, o rompimento com o governo, conclamasse o partido a segui-lo, e aguardasse no Jaburu algum renegado que o ouvisse.

Em não sendo isso, seria melhor Temer ter optado pelas palavras que voam, pois os escritos que se mantêm podem, in casu, ser o constrangimento de quem assinou.

Para ler a carta clique aqui.

Comentários

  1. enquanto os dirigentes estão no dois pra lá, dois pra cá, os leilões portuarios fracassam.
    os responsveis fizeram mal seu trabalho. É gritante a falta de acordos de proteção de invetimentos com paises de primeiro mundo. Se falham em algo tão visivel, devem falhar em muita coisa que a gente não enxerga de fora.

    Depois querem aumentar o dolar, os juros e os impostos para compensar os efeitos de sua incompetencia.
    noticia do site globo:

    http://oglobo.globo.com/economia/leilao-de-areas-de-portos-encolhe-por-falta-de-interessados-18243569

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    1. Apenas a área de Vila do Conde foi retirada. Os lotes de Santos foram mantidos. Dependendo do que você entende por "países de primeiro mundo", o Brasil tem acordo de PI com todas as 10 primeiras economias do mundo e não foi falta desse acordo que o lote de Vila do Conde foi retirado do primeiro leilão e sim porque os interessados requisitaram mudança no modelo dos lotes do Pará.

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    2. sem desprezar seu conhecimento a respeito dos leilões, continuo com o palpite de que ha furos na area de tratados bilaterais de investimento.

      fiz uma breve pesquisa. Então li que na decada de 1990 o brasil assinou 14 TBIs, mas não ratificou NENHUM. Depois disso não assinou mais nenhum, até asssinar os recentes com angola e moçambique.

      Há mais tempo li que um diplomata alemão se queixava de que o Brasil não mostrava nenhum interesse em assinar ou ratificar um tratado desses.

      eu falei em paises do primeiro mundo, mas o que importa mesmo é paises onde há investidores e empresas com disposição para investir e experiencia no ramo. O primeiro pais a ser lembrado é a Holanda.

      É mais facil aumentar impostos, juros, dar o sinal para os especuladores puxarem a cotação do dolar do que fazer um trabalho minucioso em prol dos interesses do pais.

      Será que os assinados com as 10 maiores economias do mundo foram ratificados?
      Em 1990, a china não estava entre as maiores economiasdo mundo.

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    3. Saia do século 20 e venha para o 21. O Brasil tem acordos comerciais que incluem cláusula de PI com todas as 10 maiores economias do mundo e com todos os países cujas empresas investem aqui. O que alguns críticos alegam é que o tratado que generalizou a PI, que foi a Convenção de Washington, não foi assinada pelo Brasil até hoje.
      Ocorre que os investidores hoje em dia não dão a mínima para se o país onde eles vão por dinheiro tem ou não PI, mas se vão ganhar dinheiro lá, e se vão, protegem-se com cláusulas de arbitragem.
      O Brasil sempre atraiu investimentos porque jamais expropriou capital estrangeiro.
      Por isso todas as multinacionais, estão aqui, de fábrica de calcinhas, passando por montadoras de carros, varejistas, farmacêuticos, agronegocios, portos, tecnologia, aviação, etc. Com PI ou não, os players estão comprando por aqui até circo pegando fogo. As duas maiores redes de varejo do Brasil já são do capital estrangeiro.
      A Bunge investiu 1 bilhão, ano passado, em um porto ao lado de Vila do Conde, e ainda chamou a presidente para inaugurar. Em Itaituba, 3 multinacionais investem neste momento 2 bilhões em portos e a Cargill está dobrando o seu terminal de Santarém.
      PI no século 21 é mercado produtor e movimentação de commodity e isso o Brasil tem para quem quiser.
      O nosso problema está na economia doméstica e na política interna que não acertou a mão até hoje e o país é tão seguro para o capital internacional, que mesmo com a
      bagunça interna ele continua vindo.
      Sobre a China, ela é um dos nossos maiores investidores e eles não assinam PI, pois na hora que quiserem colocam pra correr quem está lá e saem de onde estão.

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    4. o fato de o nobre politico escrever que o brasil nunca expropiou capital me faz acreditar que também há inexatidão em outras de suas afirmações.

      quanto a haver fortes problemas internos, eu concordo.

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    5. Mantenho o que afirmei: o Brasil jamais expropriou bem estrangeiro. Você entendeu totalmente errado o caso do Lloyd, que colou abaixo. Ali não houve expropriação e sim execução de cláusula contratual.

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  2. Brasil já expropiou propriedades de estrangeiros

    http://www.navioseportos.com.br/cms/index.php?option=com_content&view=article&id=146:o-estado-controla-a-navegacao-e-expropria-navios-alemaes&catid=54:costeira&Itemid=81

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    1. Negativo. O Brasil jamais expropriou bem estrangeiro. Não confunda execução de cláusula contratual (bilateral) com expropriação (unilateral).
      Estude a história do que você colou e verá que tudo o que governo brasileiro fez foi com base estabelecida no contrato e o Lloyd indenizou os arrestos aos alemães, tendo inclusive, depois, devolvido os navios adjudicados contratualmente à frota.

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  3. está sendo mais dificil do que o esperado mostrar ao nobre politico alguns fatos da historia. Pelo que li, foi mão na massa, ou melhor, nos navios. Tem uma historia longa mas entendi que o governo avançou sobre patrimonio alheio.

    Mas vamos então para um texto mais curto: "embora o governo não tenha confiscado propriedade alemã em larga escala, ele havia anulado as concessoes da estrada de ferro de Santa Catarina e da Companhia Telegrafica Alemão Sulamericana."

    Houve outras "artes" do governo emrazão da guerra.

    Não compartilho da ufanismo do nobre politico a respeito do investimento estrangeiro no Brasil. Se a Bunge tem grandes predios, grandes equipamentos não quer dizer que fez grandes investimentos, pode ter muito mais dinheiro do bndes e do BB na parada do que dinheiro estrangeiro.

    Com dólar acima de 3 reais, esse ufanismo não é cabivel.

    Creio que nenhum de nós pode dizer isso nunca ocorreu, porque nenhum de nós é onipresente.

    Não sei detalhes sobre os leilões, mas acredito que foi um fracasso, conforme diz O Globo, o silencio a respeito dos ganhadores em Santos tb não é bom sinal.


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    1. Por favor, estamos tratando de expropriações e não de ações de guerra. Na guerra tudo é possível e elas são exceções e não regras. Se o Brasil, ou qualquer país, se mete em uma guerra todas as garantias comerciais estarão sob tutela e risco do estado de exceção e ninguém estará seguro.
      Concessões não são atos unilaterais e sim bilaterais, onde há um contrato assinado entre o poder concedente e o concessionário e em todos os contratos de concessão há cláusulas de distrato antecipado. E mesmo em guerra, todas as resoluções brasileiras foram financeiramente compensadas. O Brasil tem muitíssimos defeitos, mas somos tidos por todos como ótimos parceiros comerciais.
      Não se trata de ufanismo e sim de fato. O BNDES, quando financia, o faz até 40% do investimento e é um financiamento e não uma doação, com garantias reais. Empresas como a Bunge, Cargill, GM, Ford, Casino, Carrefour, Maersk, Chevrolet, MDM, e todas as tops internacionais não estão entre aquelas nacionais com quem o BNDES é bonzinho e todas investem no Brasil porque temos um mercado de 200 milhões de consumidores e somos uma das 10 maiores economias do mundo.
      Fracasso nos leilões? Ou o Globo lhe informou errado ou você entendeu errado. Todos os lotes oferecidos hoje pela manhã na bolsa de valores foram vendidos. O lance mínimo pelos lotes era de R$ 1 bilhão e os lotes foram arrematados por R$ 1,457 bilhão. Um sucesso total.
      Como silêncio? Você acaba de me dizer que leu na grande imprensa.

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  4. Caro Parsifal, agora vi que o senhor leu apenas o inicio. A LLoyds foi e não é empresa alemã, é inglesa. Mais adiante, o senhor poderá ler:

    "Em decorrência, no dia 3 de dezembro de 1917, Wenceslau Bráz autoriza, através do decreto nº 12.733, o ministro da Fazenda Antonio Carlos de Andrada a assinar o chamado convênio Brasil-França, onde o governo brasileiro cede ao país europeu, nas condições em que se encontram, 30 dos 45 navios alemães apreendidos, no mês de junho, em Portos brasileiros, sob a condição da França de recuperá-los e devolvê-los em condições ao fim do prazo estipulado e, no caso de perda durante o conflito, promover a indenização pecuniária respectiva. Em troca dos navios, os franceses se comprometem a comprar dois milhões de sacas de café, além de outras mercadorias brasileiras."

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    1. Eu nem cheguei a ler o primeiro parágrafo, porque eu conheço a história da Lloyd e das duas grandes guerras.
      E onde está escrito que a Lloyd era uma empresa alemã? E onde você leu que a Lloyd era uma empresa inglesa (?!). A Lloyd era uma empresa brasileira: a "Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro", fundada em 1894 por Deodoro da Fonseca. É dela que estamos falando e foi a ela que foi dada a guarda das naus arrestadas aos alemães, pois ela tinha o monopólio de toda a navegação costeira do Brasil.
      As naus arrestadas à Alemanha o foram por resolução contratual em desforço de guerra e isso jamais pode ser confundido com expropriação em condições normais de tempos de paz. Como eu já escrevi acima, guerra é guerra e nela funciona aquela filosofia seca do Tim Maia: "Tudo é tudo e nada é nada".

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  5. há silencio a respeito dos ganhadores, eu não sei quem são os ganhadores. Quando houve leilões de aeroportos, logo fiquei sabendo quem eram os ganhadores.

    houve apropriação de patrimonio alheio, a guerra pode ser boa desculpa para o nobre deputado, mas um investidor não desculpa isso, por isso creio serem importantes os tbis, tratados bilaterais de investimnto.

    a genti ké um pais desenti, a genti non ce convenci kom konverça. A genti si indigna kom a diferanssa pra pior entri nóis e istados unidos i európia.

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    1. Se a imprensa não lhe informou os vencedores – e ela estava toda lá – o silêncio é por conta deles. Mas toda a imprensa especializada, a Bovespa e os portais oficiais informam: os vencedores dos três lotes foram a Fibria, uma multinacional brasileira, líder mundial em celulose, a Marimex, empresa brasileira de transporte de cargas e a terceira e última área foi arrematada pelo consórcio LDC Brasil BSL, formado pelas multinacionais Louis Dreyfus Commodities e Cargill.
      Agora você usou o termo correto houve “apropriação” o que juridicamente é diferente de expropriação. A apropriação é contratual e onerosa e a expropriação é unilateral e indenizatória, ou comercial e não indenizatória em caso de exceção. E, mesmo na guerra, os arrestos executados pelo Brasil foram onerosos.
      Guerra não é desculpa e sim fato e exceção e quem raciocina ou argumenta fora de fatos e com base em exceções tem grandes probabilidades de erro, pois a lógica é construída sobre fatos e regras.
      Como eu já lhe disse, os tratados existem, mas isso é coisa do século passado e o capital internacional não condiciona a sua existência para investir. A Convenção de Washington já se perdeu em mais de 2,5 mil tipos de contratos, que têm hoje na arbitragem a sua cláusula áurea. E o Brasil é tão prestigiado nesse campo que o presidente da Organização Mundial do Comércio é o brasileiro Roberto Azevedo.
      O Brasil é decente e não é de conversa, ou não entrariam aqui, em dinheiro, fora financiamentos, US$ 63 bilhões em 2014, e chegando a US$ 65 bilhões em 2015, em aquisições estrangeiras e repasses de matrizes multinacionais as suas filiais brasileiras.
      Não confunda o Brasil com os políticos brasileiros: são eles (nós) que não prestam e estão 200 anos atrás de um Brasil que já passou deles há muito tempo. Mesmo com essa avacalhação que é a política nacional, repito, somos uma das 10 maiores economias do mundo e campo fértil para investimentos internacionais. Há um Brasil além dos (mal) políticos e da (mau) política.
      E mude esse seu dialeto de caboclo do interior. Eu nasci e me criei no interior e nunca falei, e nem ninguém de lá, falou assim.
      Hoje em dia, meu caro, o caboclo da Vila Cupuaçu, no interior de Cametá, tem página no Facebook e conta no Twitter e se você for se comunicar assim com eles vão fazer piada de você.

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  6. pelas suas informações, eu classifico os vencedores como de segunda e terceira classe.
    Para ser um vencedor de primeira classe é primeira condição que a atividade principal do grupo seja operação de portos e que não haja interesses conflitantes.
    Explico com um caso veridico: houve por algum tempo um processo milionario ou quiçá bilionario de uma empresa contra a Vale porque a Vale não aceitava transportar minerio de ferro de uma outra empresa, a Vale era operadora de via ferrea.
    Todos os vencedores do leilão são usuarios de portos, portanto candidatos a causar complicações, a se considerar donos do porto quando são concessionarios. A Fibria vai aceitar cargas de outras empresas de papel e celulose sem truques para recusar?
    Vejo diversas coisas ruins nesse resultado.
    O senhor ainda não entendeu porque escrevo algumas frases com grafia diferente. Não é intenção que sempre combine com o que falam pessoas incultas. Quando é parecido, considero um enfeite. O senhor parece estar longe de entender as motivações.

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    1. Se você acha que players multinacionais são de segunda e terceira linha porque não operam portos, permita-me esclarecer: só quem opera portos no Brasil são as autoridades portuárias. O leilão não foi para concessão de autoridade portuária. Seria isso se o Governo Federal estivesse licitando a concessão das Companhias de Docas, o que eu acho que deveria ser feito.
      Mas o que o governo federal licitou foram Terminais de Uso Privado (TUP), ou seja, as empresas vencedoras vão poder construir, dentro das poligonais dos portos públicos, terminais para operar as suas respectivas cargas e não cargas de terceiros. Para que elas possam operar com terceiros teriam que ser alfandegadas como Porto Público, se submeterem às tarifas públicas e a todo o marco regulatório legal das autoridades portuárias e como isso é uma arcaica teia generalizada de encarecimento do frete, não tem empresa no mundo que queira e, ao contrário do que você pensa, os TUP não são uma complicação e sim uma solução, pois temos poligonais suficientes para cada empresa que quiser fazer um TUP, eles pagam a outorga para o governo federal e ainda pagam um aluguel mensal pelos anos de concessão da área, geram emprego e renda e fazem, pelo metade do preço, o trabalho que o governo teria que fazer nos portos públicos.
      Eu não entendo muitas motivações. E algumas vezes, quando as entendo, acabo não concordando com elas. Mas se concordarmos com tudo o mundo perde a graça.

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  7. então esses tups são um quebra galho que não é mujito bom.
    não sei se em Rotterdam e outros portos exemplares tem disso, mas não parece ser coisa boa.

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    1. Os TUP são ótimos. Não é invenção brasileira. O Brasil copiou dos EUA, que copiou da Alemanha, que copiou da Holanda que copiou de Bizâncio, que copiou de Adão que tinha um TUP no paraíso. A origem eram os TUP, que pagavam outorga aos reis para operar. Depois os reis acharam que ganhariam mais se eles mesmos operassem e aí tudo ficou mais caro, pois os brinquedos dos reis são muito caros. Rotterdam é uma autoridade portuária holandesa que tem na sua poligonal mais de 100 TUPs.

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