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O Haidar está totalmente drenado, encerrando a primeira etapa da salvatagem

carimbo-esgotado

A Mammoet Salvage, empresa contratada pelo P&I (clube de seguradoras) para retirar o óleo dos tanques do Haidar, naufragado em Vila do Conde desde 06.10.15, oficializou ontem (30.11) à CDP, que a drenagem está concluída.

O esgotamento já havia ocorrido desde a quarta-feira (25), todavia, encerrada a drenagem, a empresa obriga-se a revisar os tanques para se certificar de que não há resíduos, para só então emitir o laudo da drenagem.

A Mammoet Salvage, em 33 dias (a efetiva drenagem iniciou em 22.10), drenou 536 toneladas de óleo, que estão armazenados em uma balsa tanque à disposição do P&I, que, após o desembaraço legal, dará destinação ao estoque.

Durante a operação ocorreu uma única inconformidade que merece ser anotada: o navio movimentou-se de encontro ao píer onde está naufragado, avariando 9 pilares do berço, que terão de ser reconstruídos.

Com a finalização da drenagem afasta-se totalmente a probabilidade de danos ambientais que poderiam surgir caso houvesse ocorrido alguma grave inconformidade na operação.

A derradeira etapa da salvatagem, a remoção da carga e do navio do leito, que também está a cargo do P&I, deverá iniciar nos próximos dias e deverá durar cerca de três meses, o que não foge ao prazo inicial de quatro meses calculados pela Maommet Salvage para completar toda a operação.

Embora se noticie o contrário, a CDP protocolou na Semas, nos prazos assinados, toda a documentação exigida para a desinterdição do embarque de carga viva por Vila de Conde.

A prova inequívoca disso está no ofício da Semas, datado de 19.10.15, no qual acusa o recebimento da documentação da CPD e opina que “o documento não apresenta as informações necessárias para atendimento do solicitado”, assinando prazo de 60 dias para a retificação conforme um Termo de Referência no qual se deve basear a CDP.

Há, portanto, um fluxo burocraticamente necessário entre a CDP e a Semas, que faz às vezes de um novo licenciamento do porto de Vila do Conde para movimentar carga viva, mas a política se encarrega de dar as bipolares versões a esse fluxo.

Do ponto de vista técnico não há o que discutir com a Semas e sim fazer o que ela demanda, pois nessa relação aluno/professor, ela é quem tem a palmatória. E como a Semas demora de dois a três anos para licenciar a escavação de um poço, a eventual expediência exigida torna tensa a correção da prova.

Não há crítica de mérito na sala de aula, pois os órgãos ambientais necessitam ser absolutamente severos ou o poder econômico sequestra o nitrogênio da atmosfera e a CDP, in casu, desejaria fazer a movimentação sem as salvaguardas agora exigidas, para ontem, depois que o navio afundou.

Do ponto de vista político, e não há significado partidário no termo, a Semas se equivoca ao represar uma atividade consolidada no Estado. O embarque de gado em Vila do Conde poderia ser retomado na semana subsequente ao naufrágio, sem prejudicar a salvatagem e as demais ações que estão sendo demandadas pelos órgãos competentes.

A continuidade da interdição de carga viva afasta qualquer raciocínio lógico, pois, a seguir a motivação do evento, a queda de um avião interditaria, sine die, um aeroporto, e um acidente de carro fecharia, idem, a circulação para os demais. O silogismo levaria ao absurdo de fechar as fábricas de aviões e de automóveis, pois o que se está fazendo é extinguir a atividade no Pará.

Se é esse o intuito, devemos discuti-lo pela lógica da conveniência da atividade em si mesma e não aproveitar um caso fortuito para destitui-la da cadeia econômica na qual se insere.

Comentários

  1. Noto que a CDP está empurrando com a barriga este desastre ecologico, mas tudo acontece no Brasil sem que os responsaveis estejam na cadeia, veja o caso de Mariana! Uma vergonha.

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    1. Não houve "desastre ecológico" como muitos desejavam. Quem atesta isso é o próprio Laboratório Central do Estado, Labocen. Todo o óleo que vazou no naufrágio foi recolhido pela CDP e o óleo dos tanques está retirado. A carga é orgânica, portanto biodegradável, não causou dano algum ao meio ambiente e será retirada juntamente com o navio.
      Se você tiver uma maneira de retirar a carga e o navio que dure menos de 4 meses, por favor entre em contato comigo, pois as maiores empresas de salvatagem do mundo avaliam que é esse o prazo.

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    2. quando os novos guardas portuarios irão entram os 27

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    3. a respeito de retirar a carga em menos de 4 meses, tenho duas sugestões:
      a) passar o serviço para o f. beira mar. ou alguem do mesmo ramo
      b) passar o serviço para o cunha, neste caso, a carga seria transferida com rapidez para a suiça.

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    4. Os novos guardas deverão entrar, após todas etapas cumpridas e cronograma expedido pela propria CDP, final de abril inicio de maio.

      ATT

      Cileno Borges

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  2. Francisco Márcio01/12/2015, 09:52

    "Não há crítica de mérito na sala de aula, pois os órgãos ambientais necessitam ser absolutamente severos ou o poder econômico sequestra o nitrogênio da atmosfera e a CDP, in casu, desejaria fazer a movimentação sem as salvaguardas agora exigidas, para ontem, depois que o navio afundou."

    "A continuidade da interdição de carga viva afasta qualquer raciocínio lógico, pois, a seguir a motivação do evento, a queda de um avião interditaria, sine die, um aeroporto, e um acidente de carro fecharia, idem, a circulação para os demais. O silogismo levaria ao absurdo de fechar as fábricas de aviões e de automóveis, pois o que se está fazendo é extinguir a atividade no Pará."

    Quando houver crítica me avise!

    Mas não é só:

    "Do ponto de vista político, e não há significado partidário no termo..."

    Como alguém que está presidente por indicação política, um dos cardeais do PMDB-Pa ( também, não chega à tanto... ), fiel escudeiro do chefe mor, envolvido até o último fio de cabeça com campanhas majoritárias no estado, pode emitir - numa situação dessa - juízo sem questões partidárias? Existe mais de um Parsifal?


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    1. Como eu avisei no início do segmento, não há "crítica de mérito". Claro que o parágrafo é uma crítica adjetiva.
      Não, que eu saiba só há um Parsifal (mas, de repente, sou bipolar e não sei) e eu sei dividir o discurso partidário do valorativo. Quando eu quiser subir no palanque e esculhambar os termos serão outros e assino embaixo da mesma forma. Não é o caso até agora, mesmo porque acho que a Semas está certa, tecnicamente, ao agir como age, ou a casa de mãe Joana fica até sem a Joana.

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  3. Mas que coisa... É para ficar de queixo caído ao ler esses comentários, que mais parece de bate-boca de lavadeiras à beira do rio, cumprindo seu ofício. Quem mantém um Blog e retruca comentários de seus leitores, usando uma certa pitada de irritação, deveria deixar de fazê-lo. Especialmente quando os comentários levam o vivente a lustrar o próprio ego. No caso do naufrágio do Aidar, é fato que o governo do Estado foi inábil, preguiçoso como sempre, mirou no PMDB e acertou na economia. Governo vesgo é assim mesmo. Dia desses procedeu-se um embarque em porto maranhense, de bois saídos no Pará. Não há lógica que explique uma sandice assim. A alma que imaginou essa aleivosia, se da parte do governo, é incompetente. Se da parte dos exportadores, idem. Enquanto a águas vão e vem, o distinto público fica sem entender tanta idiotice junta.

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    1. Blogs são assim mesmo: trocas de impressões pessoais. Não sou jornalista. O blog é pessoal, aliás, personalíssimo. Por isso, posso me irritar, rir, chorar e tudo o mais que uma pessoa pode sentir.
      Esse sou eu: tudo o que é escrito é por mim e tudo o que é respondido nos comentários sou eu quem respondo. E eu sou uma pessoa.
      No resto, concordo plenamente.

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  4. Francisco Márcio03/12/2015, 09:45

    Um aviso: por mim, pode continuar a dar os seus "pit`s" a vontade. Até porque, a resposta, quando julgo necessário, é na mesma medida...

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    1. Esse blog é uma ótima coisa que inventei. No mínimo uma terapia de auto conhecimento. Aqui eu já descobri que sou bipolar e que "dou piti". Seria necessário uns dois anos pagando psicólogo e psiquiatra para concluir isso. Economizei.

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  5. Francisco Márcio03/12/2015, 16:55

    Concordo. Esse blog é uma ótima coisa mesmo. Onde eu poderia dialogar com um político profissional e, ainda ter as respostas, com pessoalidade ( eu acredito )? Por isso, pode dá chilique, piti, espirro... Fique a vontade, afinal, a casa é sua.

    Só mais um detalhe: o melhor mesmo é que é de graça. Já faço um esforço descomunal para pagar mensalmente R$29,90 da FOLHA DE SP. V.Exa não sabe o quanto é oneroso isso para um plebeu...

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  6. Parabenizo o Sr. Parsifal...seus comentários são elegantes...julgo ser de uma pessoa letrada, leitor assíduo de bons livros e com esmerado domínio do vernáculo...está bem perto de fazer juz a um título de especial distinção...talvez Dom ???...assim, seria chamado: Dom Parsi...ou Mecier Parsifeau...aquele menino das margens do Tocantins ainda vai muito mais longe do que se imagina...

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