O sopro da corneta

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A Semas não conseguiu ver meios legais que a assegurassem a autorizar a CDP a retirar, transportar e destinar os 4,9 mil bois naufragados em Vila do Conde.

As opções oferecidas pela CDP foram descartadas pelo órgão, que tem sido, todavia, de um expediente admirável para lavrar multas e interdições. Correto: a lei a ampara nisso, mas não a ampara para sair do ponto preestabelecido na curva, quando a curva sai do ponto.

O Ibama, que em princípio teceu pertinentes críticas às primeiras horas do gerenciamento do desastre, abriu os olhos para o estado de emergência estabelecido e para a calamidade iminente e, encontrando a inteligência de constatar que o pior cenário seria deixar as águas correrem podres, determinou ontem (09) que a CDP retire os bois mortos, abra valas em área a segura distância de concentrações urbanas, ali despeje os dejetos e os incinere.

Tão logo a Semas soube da determinação do Ibama, correu para informar que a autoridade competente é ela e, novamente, multou a CDP porque a empresa ainda não fizera o que nunca foi autorizado a fazer.

A retirada do problema passou a ser um conflito de competências e uma pilha de multas.

A CDP vai cumprir a determinação do Ibama por entender que ela embute uma autorização no que lavra, e como já estava mobilizada para isso, a operação começou.

Destarte se tenham passado três dias para que isso ocorresse, quem desejar pesquisar a literatura referente para constatar, verá que estamos dentro da média do início efetivo das reações a sinistros.

Apesar de todos os pesares apontados, a CDP conseguiu reagir primeiro do que uma das maiores empresas de salvatagem do mundo, a holandesa Mammoet Salvage, contratada pelo clube de seguradoras, que há dois dias elabora o seu plano de ação nas dependências cedidas pela CPD, no porto de Vila do Conde. 

Isso não quer dizer que terminou. Apenas começou, e como nunca foi feito, não imagino quando posso dizer que acabou. 

Obrigado ao Ibama, que tocou a corneta. Obrigado à Semas, que tentou ajudar, mas a CDP não teve expediente suficiente para confeccionar os papéis que ela demandava. Entendo agora o porquê de 101 em cada 100 empreendedores reclamam-lhe da burocracia, mas eles não têm razão.

Comentários

  1. Só agora o Sr. descobre porque é tão difícil empreender no Brasil. Desculpe-me, isso é ridículo. O Sr. foi deputado estadual, federal, recebeu inúmeros documentos explicitando e mostrando todos esses problemas. Mas, o que fazia o SR. em Brasília? Pode explicar para nós? Enquanto, isso aprovava CPMF e outros impostos, aprovava tudo o que era de conta de presidente, governador etc, e quem sabe entre um e outro imposto criado, fazia umas inúmeras indicações para umas e outras boquinhas que o peito da vaca oferece. Agora vem dizer que está surpreso com a burocracia. Deixa eu lhe dar uma sugestão para quando for o caso. Experimente colocar seus filhos, netos na escola pública para saber o que é escola pública. Isto vai evitar do Sr. declarar surpreso com as qualidades da escola pública no BR!!!

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    1. Agora eu fiquei mais surpreso ainda: você não percebeu que eu estou criticando a burocracia da Semas e usando uma mera figura de linguagem para isso, ao usar o "agora eu sei"?
      Você tem certeza que está no blog certo e falando com a pessoa certa? Eu nunca estive em Brasília, nunca aprovei a CPMF e outros impostos, nunca aprovei o que era de conta da presidente, do governador e etc e nunca fiz indicações para nenhuma teta.
      Não aceito a sua sugestão: eu sei o que é uma escola pública e não preciso colocar ninguém para estudar nela para saber.
      A escola pública paraense é a pior do Brasil e a do Brasil é uma das piores do mundo, e pela forma como você interpreta textos, deve ter estudado nelas. Aliás, eu estudei em escolas públicas, mas devo ter sido aluno mais aplicado que você.

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    2. Muito bem, Deputado. Esse energúmeno que fez o comentário com certeza, não lhe conhece. Mas o desconhecimento de sua pessoa não desclassifica sua qualificação de energúmeno, de mal educado, de tolo.
      Deve ser dos que aprenderam com o noticiário atual da grande imprensa e se inspira no Aécio Neves.

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    3. Esse anônimo faz parte destes atuais desinformados políticos que vivem a vociferar ignorância, com ares de conhecedores profundos do que falam. Este foi humilhantemente desmoralizado.

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    4. o anonimo diz que o nobre politico Pardifal foi deputado federal, O Sr. Parsifal respondeu que nunca esteve em Brasilia.
      Para quem não conhece a historia politica do nobre deputado, fica aberta a possibilidade de o nobre politico ter sido deputado federal mas sem nunca ter ido a Brasilia. Com é, Parsifal, o senhor nunca foi deputado federal?

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    5. A sua trena está muito miúda para medir o que insinua. Se você acha que eu mandaria em um mandato que não é meu, não me conhece e conhece muito menos o quão capaz, ativa, preparada e independente é a dona do mandato.
      Não, eu nunca fui deputado federal.

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  2. Pasifal, quando vão expulsar o Eduardo Cunha do PMDB? Ele está sujando o nome do nosso partido. Até quando vamos ter que aguentar isso?

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    1. O PMDB tem essa característica: deixa entrar todo mundo e não expulsa ninguém. Isso tem as suas vantagens, mas também os seus malefícios.

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  3. Por esta e outras que o povo já está percebendo quem pratica "quanto pior, melhor". Em outros casos mais corriqueiros funciona: criar dificuldades para aparecer as facilidades.

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  4. Parsifal como esta a estado das aguas do río nos arredores do Porto de Barcelona ? Será nescessario remanejá moradores ? Essa poluição orgánica corre o risco de afetar áreas densamente povoadas como Belém? Parabéns pela forma como vêm conduzindo essa crise crise inedita. Abraços e boa sorte ?

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    1. Olá Lucibaldo, por enquanto não há contaminação das águas. Belém não será afetada caso haja contaminação e a própria contaminação, se houver, é temporária, mas por tempo suficiente para causar um enorme transtorno social.

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  5. Parabéns ao Ibama...Parabéns parsifal pela iniciativa.

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  6. Por tudo que tem sido feito após a tragédia e o por tudo que não tem podido ser feito ( e ninguém queria que isso tivesse acontecido);
    Por tudo que se tem lido aqui, e ter interesse em escrever sobre o que acontece, a forma como se escreve, o por que se escreve (mesmo quando, talvez, o cansaço já não se queira mais permitir), o debate que se promove democraticamente, mesmo com anônimos ( mesmo sendo vedado o anonimato pela CF);
    Mesmo reconhecendo a impotência de muitos frente ao sinistro de tão grande proporção; ONDE O MAIOR DANO, SEM DÚVIDA, ESTÁ SENDO COM AS CONSEQUÊNCIAS DISSO TUDO, PARA A POPULAÇÃO, ATIVIDADE ECONÔMICA, CIDADE, FAUNA, FLORA, ETC;
    Acredito que esteja sendo feito o que é possível e permitido e, quando não se pode ir mais além, muito se lamenta porque não dá, porem se acatando os impeditivos legais, mesmo que pareçam injustos;
    TODOS LAMENTAM O QUE ACONTECEU;
    OUTROS ARGUMENTAM QUE ISSO PODERIA TER SIDO EVITADO;
    MAS, nessas horas, só poucos podem tentar, efetivamente, fazer alguma coisa e, com certeza, estão com esse compromisso em melhor fazer.
    Às vezes, perguntamos: por que tanta burocracia, como vem sendo dito aqui, mesmo se sabendo quanto mais demora, mais toda sorte de prejuízos virão, o pior deles, à vida, saúde e sustento humano?
    Sem quaisquer tipos de ingerências, passar por cima de competências legais, autoritarismo, etc, não seria o caso de o CONGRESSO E SENADO FEDERAIS, A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA INTERCEDER JUNTO A SEMAS, SE FOR O CASO, para agilizar tudo isso?
    Desculpem-me se eu estiver errado, pois, percebe-se, que culpas e responsabilidades correm paralelo e proporcionais aos que tentar encontrar meios mais rápidos, práticos e legais para gerenciar a crise, porém, desproporcionais os esforços e empenhos dos que cobram e dos que estão envolvidos e comprometidos com tal gerenciamento, cujo intuito seja também evitar novos eventos dessa magnitude.

    Cileno Borges

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  7. Parsifal, caso o |IBAMA não tocasse a corneta, tu certamente a tocaria.

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    1. Sim, eu estava decidido a começar mesmo sem autorização de Ibama ou Semas.

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  8. Sou funcionário da CPD há 12 anos. Confesso que fiquei meio chateado com a sua posse achando que a plítica ia de novo tomar conta do casarão. Mas a sua condução em Vila do Conde provou o seu compromisso com a CDP. Não sei se algum outro presidente que já andou aqui teria as atitudes que o senhor teve. Parabéns.

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    1. Funcionário da CPD. Já fui funcionário do Parsifal em outras empreitadas, esse é o padrão dele. Tens o Presidente mais comprometido e objetivo que podias ter. Porem não brinque com ele que da mesma maneira que é dedicado, é enérgico na cobrança. Como ele mesmo diz, não sabe tomas ações cirúrgicas, corta logo a facão.

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    2. Mas quando o trabalho tem que ser com bisturi, eu chamo um cirurgião.

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    3. https://www.portosenavios.com.br/noticias/portos-e-logistica/31847-barreiras-a-saida-norte Custos logísticos dificultam exportação de grãos. Insegurança jurídica também atrapalha investimentos >> A consolidação da região Norte como rota de escoamento de grãos para exportação ainda deve levar mais alguns anos para acontecer. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que, mesmo se o Brasil ampliasse sua infraestrutura de exportação em cinco milhões de toneladas por ano, seriam necessários de 18 a 20 anos para equilibrar a demanda com a oferta de terminais portuários. De acordo com a CNA, o ano de 2014 registrou excedente de 64,8 milhões de toneladas de soja e milho que precisaram ser exportadas por portos do Sul e Sudeste devido à falta de infraestrutura no Norte. PARSI ESTÁ NOTICIA PROCEDE?

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    4. Sim, procede. Se os portos do Pará dobrassem em capacidade de carga ainda assim ainda faltaria porto, pois o arco norte se tornou um dos maiores corredores de carga do Brasil, principalmente o granel.
      Por isso mesmo o governo, na primeira leva de licitações para concessões de portos no Brasil, está colocando o Pará e Santos. No Pará serão licitados portos em Belém, Outeiro, Vila do Conce e Santarém, mas até esses portos ficarem prontos, o excedente ainda terá que descer par ao Sul e ser exportado por lá, que também está estrangulado, ou seja, o Brasil, de fato, ainda levará uns 20 anos para ter capacidade de carga proporcional a sua produção a ponto de ter produtividade logística que baixasse custos.

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  9. se vc é contra as burocracias, espero que no seu mandato saia nomeação dos concursados que estão quase 2 anos e meio esperando que esse sonho vire realidade, principalmente conferentes ,ja que não chamaram ninguém e assistente adm foram nomeados quase 40! burocracia existe, vc sabe , basta olhar pra instituição. boa sorte sr. parsifal espero que vc mude na cdp pra poder falar do ibama...

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    1. Onde está escrito que eu afirmo ser contra burocracia? A burocracia são as normas que regulam a administração e é um princípio imprescindível a ela. A burocracia só é prejudicial quando as normas são tão prolixas que ao invés de dar produtividade à administração, atrapalha-a.
      O gestor, também, precisa observar que quando a situação é emergencial e, para prevenir que a emergência se torne uma calamidade, ele precisa passar por cima de certos procedimentos burocráticos para alcançar a finalidade de forma mais célere. Passado esse momento a burocracia tem que ser observada.
      O Ibama foi quem resolveu o nosso problema.

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  10. Pelo menos uma tomada de preços a CDP esta fazendo para não beneficiar somente algumas pessoas ou firmas? Vi um sindicalista ligado aos portos dar uma entrevista dizendo que a amarração do navio não estava correta e que o mesmo estava jogando muito motivo por não se estar fazendo um balanceamento correto no navio. Porque ninguem da CDP não observou isto?

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    1. O prazo legal para tomada de preços é de um mínimo de 15 e um máximo de 30 dias. A contratação, no caso, se faz em caráter emergencial. Os preços são os já praticados, conforme atas registradas em órgãos públicos federais. As empresas são as já cadastradas na Semas para esse tipo de atividade.
      A CDP não opera navios, não atraca e nem desatraca navios e não maneja carga, nem dentro e nem fora do navio. Pessoas da estiva, que é quem legalmente carrega o navio, e não é ligada à CDP e sim uma entidade portuária autônoma, contam que viram o navio balançado de forma irregular e avisaram o comandante, que é quem tem autoridade sobre o navio, e ele continuou a proceder o manejo até o final do carregamento, com o mesmo mapa de balanceamento iniciado. Nem a estiva e nem a autoridade portuária têm poderes para mudar o mapa de balanceamento de carga do navio: apenas o comandante que é a única autoridade com juridisção dentro do navio.

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  11. Este acidente vai marcar a administração do PMDB na CDP?

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    1. O acidente, independentemente de quem esteja na CPD, marca a história da empresa, do Pará e o do Brasil, e passará, após a salvatagem , a marcar a história dos resgates marítimos mundiais, pois é método a ser usado, com certeza, será agregado à literatura sobre o assunto.
      Mas se você quer reduzir isso à política partidária, você acha que alguém lembra, ou assim taxou, que o massacre de Eldorado de Carajás marcou a administração do PSDB no Pará? Eu acho que não e olhe que o falecido governador Almir Gabriel deu ordem para desobstruir a estrada e nem eu e nem o PMDB demos ordem para o navio afundar.

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  12. Senhores,

    Há escassez de mão de obra efetiva na área portuária operacional.
    Dos 18 conferentes de capatazia ingressos do ultimo concurso, há apenas 09 na Cia, sendo apenas 05 na área operacional.
    Não há fiéis de armazém nos terminais de miramar e outeiro, e há apenas dois no PVC, sendo que sairam cerca de quatro fieis e outros não foram nomeados.
    O PES não corrigiu isso e nem vai fazer, pois, mudança de nomenclatura funcional não enseja mudança de contrato, ainda que esteja se tentando agregar forçosamente, mas sem amparo legal, novas atribuições a essas novas nomenclaturas.
    A cia fez um estudo objetivo, formal e institucional para saber a demanda de empregados para essa area operacional, salvo engano em 2013.
    Se esse estudo chegar nas mãos do presidente da CDP, com certeza. a situação dos que aguardam nomeações será olhada com outros olhos, mesmo porque as empresas estatais e de economia mista não estão enquadradas na determinação de restrição a novos concursos ( e que aqui não é o caso), e nem o impeditivo do DEST pode aqui se aplicar, já que trata-se de estado de necessidade novas nomeações, além do direito a vaga desse concursados já está assegurado, bastando apenas a diretoria resgatar o estudo a que me referi.

    Cileno Borges

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  13. Anônimo11 de outubro de 2015 16:51
    (...) Vi um sindicalista ligado aos portos dar uma entrevista dizendo que a amarração do navio não estava correta (...)

    Senhores,

    Volto a dizer: há escassez de mão de obra da CDP na área operacional.
    Ou por outra: essa mão de obra com vasto conhecimento de porto está sendo subutilizada ou largada a própria sorte.
    A CDP não atraca e desatraca navios por um grande equivoco de gestão, pois a atividade, responsabilidade, tarefa, serviço é da autoridade portuária, por ser atividade fim.
    As marés sobem e descem. e com elas os navios atracados. Com isso os cabos esticam ou afrouxam, conforme a situação.
    As cias de docas, acredito, ainda tem o papel de gerir, autorizar, fiscalizar, fazer a segurança porto patrimonial e prevenir.
    A cada nova lei de modernização dos portos, novas desobrigações às autoridades portuárias.
    Mas, o que lhes é de suas competências fazer, por que esperar a justiça mandar fazer para assumir esse papel.
    Atracação e desatracação é atividade fim, assim como foi reconhecido a segurança portuária como de competência exclusiva da Guarda Portuária.

    Cileno Borges

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  14. Parsival, você sabe o nome desse clube de seguradoras?

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    1. O clube de seguradoras não tem um nome. São várias seguradoras juntas, cada uma responsável por uma apólice que cobre uma parte do seguro total.

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