A Lei de Murphy

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Embora, nas circunstâncias em que ocorreu o acidente de Vila do Conde, esse trabalho não seja encargo da CDP, a empresa vem labutando desde o dia do acidente (05.10) para responder às emergências advindas do sinistro que afetou o porto de Vila do Conde e adjacências.

A CDP já custeou, desde 06.10.15 até agora, a retirada de aproximadamente 150 toneladas de feno, cerca de 120 toneladas de óleo e de aproximadamente 300 carcaças de bois, além de limpezas das praias que são, de forma recorrente, atingidas por dejetos.

As empresas que operam em Vila do Conde, os órgãos da União, principalmente a Marinha Brasileira, a Capitania dos Portos o governo do Estado, através de suas mais diversas autoridades, e o município de Barcarena, foram, e estão sendo, de imprescindível apoio nas operações.

Os desentendimentos entre os órgãos se deram, e se darão, não por desavenças políticas ou pessoais, mas por visões técnicas diversas e, principalmente, por conta da exagerada camada de competências do sistema federativo.

A impressão daqueles que debitam demora nas ações devem ser ouvidas, mas não embarcam conhecimento da dificuldade da causa. Os relatórios apontam resultado positivo para o gerenciamento das atividades, mas que não se fazem repercutir porque o impacto negativo foi de proporções gigantescas.

A área social que o sinistro atinge torna a volta à normalidade em um denso caldo de inconformidades. Não é possível dar ordem unida às milhares de pessoas atingidas, para que se façam estátuas enquanto se executam planos operacionais. Os justos movimentos desses milhares influenciam decisivamente na condução das operações, na maioria das vezes na paralização delas.

O dia de ontem (13), em Vila do Conde, embora ainda tenso, foi menos agressivo: a comunidade e as autoridades ainda não conseguiram uma linha de concordância, mas já elegeram uma corrente de entendimento.

Isso não significa a bonança depois da tempestade, pois ainda há rajadas de vento, o que torna casos do tipo pasto fértil para a epigrama do engenheiro aeroespacial norte-americano Edward Murphy, conhecido como a Lei de Murphy: "Qualquer coisa que possa correr mal, ocorrerá mal, no pior momento possível".

Para evitar, ou minimizar o império da Lei de Murphy é que surgiu o gerenciamento de crise. No caso da Tragédia do Haidar, depois de seis dias, embora a cada hora a referida lei mostre a face, ela fez um striptease em alto estilo no dia 11.10, quando as barreiras de contenção do óleo foram rompidas e cerca de 200 carcaças foram postadas pela maré na praia de Vila do Conde.

O evento foi o estopim da bomba social que estourou e passou a ser o mais significativo componente da crise.

E como Oscar Wilde disse que “a experiência é o nome que damos aos nossos erros”, a experiência determina que todo aquele que vigia barreiras de contenção deve pedir para ser rendido antes de piscar, ou a Lei de Murphy opera.

Comentários

  1. agenor garcia14/10/2015, 09:02

    Caro Parsifal,
    Gosto muito pela maneira como tu vens gerenciando a crise do Haidar em Vila do Conde. Serena, correta, competente e sem ranços políticos. Dos anos de 1970 a 1990 acompanhei as mudanças no velho casarão da CDP na qualidade de repórter de O Liberal. Ví como se torna difícil para um repórter recém chegado a Belém, conhecer e entender o cipoal de paixões que impera naquele histórico prédio. Fiz as seguintes coberturas de naufrágios: barco Correio do Arari, da prefeitura de Cachoeira, do Sobral Santos em Óbidos e o mais trágico de todos, o naufrágio na boca do Jari do barco Novo Amapá, que vitimou centenas de pessoas. Em todos os casos, somente a Marinha Brasileira passava a informação correta. E assim mesmo a conta gotas e censurada. Estive no Arari; em Óbidos (depois da reportagem de Luiz Paulo Freitas) e no Jari e depois no porto de Santana. Me lembro do bom texto produzido por Gérson Nogueira. Tudo isso aconteceu e me parece que, para evitarmos novos acidentes pouca coisa tem sido feita até agora. É a Lei de Murphy revigorada e imperial que sempre volta à tona nestas horas.
    Abraços
    Agenor Garcia
    jornalista

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    1. Olá Agenor. O casarão faz viagens. Prédios antigos são temperamentais e testam, de vez em quando, quem os ocupam.

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  2. Alô... alô... alô...

    'Este telefone não atende'... 'É da transportadora, é do posto, é da estância, é do'... mas... na internet estes telefones constam como se fossem da prefeitura de Ananindeua...

    Pof! (no ouvido de quem insiste).

    Gostaria de saber quantos telefones estão realmente funcionando nos órgãos públicos do município vizinho. O Pioneiro poderia dar uma trégua na borrifação de asfalto ralo em véspera de eleição e cobrar do cara que faz o site da prefeitura para apagar todos os números e inserir uma observação: o município está sem telefones. Seria mais honesto.

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  3. "Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante. Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."
    "Tu eras também uma pequena folha que tremia no meu peito. O vento da vida pôs-te ali. A princípio não te vi: não soube que ias comigo, até que as tuas raízes atravessaram o meu peito, se uniram aos fios do meu sangue, falaram pela minha boca, floresceram comigo."
    Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
    Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
    As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes, que correm pelo mar rumo a onde não chegam.
    "Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito; repetindo todos os dias os mesmos trajetos."
    "No caminho, um táxi passou a toda velocidade, determinado, numa poça d’água e encharcou seu terno. Nem se abalou. Continuou andando no mesmo ritmo, olhos voltados para a calçada como que procurando uma solução. Sem dinheiro para se manter, teria que voltar em muito breve para o Brasil..."
    "A verdade é que não há verdade."
    "Se cada dia cai, dentro de cada noite, há um poço onde a claridade está presa."
    Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
    que solidão errante até tua companhia!
    Mas se amo os teus pés
    É só porque andaram
    Sobre a terra e sobre
    O vento e sobre a água,
    Até me encontrarem.
    "Pablo_Neruda"

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  4. Francisco Marcio14/10/2015, 12:55

    Por óbvio, que todos os envolvidos tinham conhecimento que a contenção era destinada ao óleo, e que contenção não suportaria as reses soltas. Por que deixaram, ainda assim, isto ocorrer?

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  5. Francisco Marcio14/10/2015, 12:58

    Por óbvio, que todos os envolvidos tinham conhecimento que a contenção era destinada ao óleo, e que contenção não suportaria as reses soltas. Por que deixaram, ainda assim, isto ocorrer?

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    1. O motivo está no título da postagem e no final dela. A Lei de Murphy funcionou porque a pessoa que vigiava a barreira, achando que estava tudo calmo, piscou, foi tomar um café sem deixar outro na guarda.
      É comum esse abandono momentâneo de posto, para ir ao banheiro, por exemplo.
      Alguns que adoram teorias da conspiração sugerem que foi sabotagem. Eu não creio.

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  6. Então o caro Parsifal, doutor em direito, mecanica, filosofia, engenharia, etc, que tem explicacao e solucao para tudo, nao soube resolver com a urgencia que o caso requer, o dano ambiental que decorreu da Tragedia do Haidar. Como diz o ditado, uma coisa é a teoria, outra, totalmente diferente, é a prática. O acidente da ponte de Moju é café pequeno perto desse acidente.

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    1. Doutores em “direito, mecânica, filosofia, engenharia, etc.” não são profissionais indicados para o teatro dessas operações e sim os engenheiros da holandesa Mammoet Salvage, a qual, em você consultando o portfólio, é o que há de melhor no mundo e está contratada para trabalhar.
      O “caso” está sendo resolvido com a urgência requerida e 95% da tragédia ambiental já foi evitada. O que você enxerga é apenas 5% do tamanho que poderia ocorrer, caso não houvesse a urgente interferência imediata dos técnicos da área.
      Mas eu fiquei orgulhoso mesmo não foi pelos títulos outorgados, mas pela sua última “afirmação”, de que o “acidente da ponte de Moju é café pequeno perto desse acidente”.
      Ora se o acidente do Moju é cafezinho e o governo do Estado está passando 1 ano e 8 meses para resolver, a tragédia do Haidar, que é uma garrafa cheia, deveria levar uns 10 anos pela mesma régua. Se nós, inclusive com técnicos do governo do Estado, conseguimos conter 95% dela em 5 dias, é sinal que nos quatro meses assinados pela empresa de salvatagem, estaremos descansando.
      De repente, a operação de salvatagem do Haidar, mesmo sendo café grande, até termina antes da inauguração da ponte. Mas não aposto nisso. Isso é por sua conta.

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    2. Quando foi derrubada uma parte desta ponte o pessoal pegando corda de politicos fez passeata e etc. agora com este desastre que para reparar os danos ambientais e os prejuizos dos pescadores que não estão podendo trabalhar não vejo isto. A CDP deveria estar preparada para qualquer tipo de acidente, mas como exigir se por questões politicas o Chefe mor da CDP em Vila do Conde tinha somente 3 (tres) dias no cargo e ele só sabe da existencia de navio porque passou um dia no Ver-o-Peso.

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    3. Você não vê porque não está em Barcarena. Todos os dias há manifestações e já fechara, por duas vezes, a entrada do Porto de Vila do Conde.
      O Plano deveria ser parte do licenciamento do Porto para trabalhar com carga viva. Experimente perguntar à Semas por que ela licenciou, há mais de dois anos, o porto, sem o plano.

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  7. Tinha certeza que voces iriam dizer que o culpado de tudo é o Governador Jatene.

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  8. Voce como um administrador eficiente vendo que foi licenciado o porto sem Plano seria o primeiro a tomar providencias inclusive não deixando que houvesse tal embarque e isto mostra que o faturamento da Empresa esta acima de tudo.

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    1. Eu, e nem um administrador do mundo, jamais desconfiaria que um porto da grandeza de Vila do Conde, pudesse receber uma licença de operação sem o respectivo plano, pois isso é imprescindível para o licenciamento. Sem o plano não há licenciamento, pois essa é a primeira coisa que o órgão ambiental pede nessas ocasiões.
      A Semas que apure os responsáveis pela negligência. De minha parte já contratei a empresa para fazer e um plano desses leva, no mínimo 3 meses para concluir. Mas abrirei o porto novamente, com o necessário plano, mesmo em o licenciamento da Semas, sem ele, esteja em vigor.

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  9. Mais adequada no Gerenciamento de Risco que tem o caráter preventivo

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