Pular para o conteúdo principal

Da imprestabilidade das CPIs

Screen

Eu sempre digo que Comissões Parlamentares de Inquérito, embora formalmente sejam ferramentas de investigação política, na prática, não passam de instrumentos para a oposição pressionar o governo e, no limite, uma escusa forma de chantagem. Acresça-se a isso mero meio de promoção publicitária dos membros da comissão.

A corrupção na Petrobras é um exemplo de como as CPIs funcionam, ou melhor, não funcionam.

Desde 1998, a Petrobras foi alvo de três CPIs. A quarta é a que agora ocorre na Câmara, que não tem a menor necessidade de ocorrer, pois tudo está sendo devidamente apurado na esteira da operação Lava Jato.

As três CPIs anteriores foram instaladas exatamente para apurar “suspeitas de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima e de pagamento de propinas a funcionários da petroleira”, mas absolutamente nada foi constatado pelos parlamentares dessas comissões.

Em todas as CPIs anteriores, foram apresentados requerimentos para ouvir os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque, dois dos principais envolvidos na Lava Jato e delatores premiados de primeira hora, mas os requerimentos para ouvi-los foram indeferidos.

Na CPI mista, anterior à atual, os dois referidos ex-diretores foram novamente poupados e junto com o indeferimento da oitiva deles também foi indeferida a oitiva de Fernando Baiano e do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ambos presos na operação Lava Jato.

Aliás, foi uma dessas CPIs que o falecido senador Sérgio Guerra, então presidente do PSDB, segundo afirmou na sua delação o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, recebeu R$ 10 milhões para encerrar, em 2009.

O retorno dos trabalhos do Congresso Nacional inaugura duas CPIs. Uma para investigar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outra para apurar supostas irregularidades nos fundos de pensão das estatais.

Ambas não passam de retaliação do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo suposto rompimento com o Planalto. Vamos ver se as duas não seguem os mesmo enredo padrão.

Comentários

  1. É por esse motivo(sem porquê de existir) que os convidados não abrem a boca, preferindo a manifestação em juízo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.