Não mais podendo esticar os mais do mesmo da Lava Jato, Sérgio Moro recebeu ontem (28) as denúncias contra Marcelo Odebrecht e mais doze pessoas do mesmo cesto. Pronto: todo mundo agora é réu e o processo efetivamente começa a seguir seu rumo, o que já deveria ter sido feito há mais de metro.
E ontem mesmo, Sérgio Moro estreou a Operação Radioatividade, no prelo desde abril, quando o vice-almirante Othon Luiz, ressabiado pela delação premiada do presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, que lhe adernou o navio, licenciou-se da presidência da Eletronuclear, cuja principal obra é o complexo nuclear de Angra 3.
A Operação Radioatividade, que prendeu ontem o vice-almirante Othon Luiz, até então um respeitado militar da reserva da Marinha brasileira, e do executivo Flávio Barra, da Andrade Gutierrez, embora com estribos colhidos nas delações da Lava Jato, pode ser considerada uma mudança de domicílio da PF para o setor de energia elétrica, cuja lógica é a mesma da Petrobras.
Mas o Iter criminis da Radioatividade é peculiar no que tange ao vice-almirante Othon Luiz: ele agia com uma temeridade acaciana.
Othon tinha uma empresa, a Aratec Engenharia, que em 2007 e 2008 declarou à Receita Federal faturamentos de R$ 140 mil e R$ 155 mil, respectivamente. Em 2009, o vice-almirante Othon assinou um aditamento, para a Andrade Gutierrez, no contrato de Angra 3. A partir daí a receita da Aratec cresceu, em 2009, para R$ R$ 396 mil, em 2010 para R$ 1,51 milhão e em 2011 para R$ 3,7 milhões.
A procuradoria da República fundamentou o indiciamento do vice-almirante Othon Luiz em três pontos principais:
1. Embora a Aratec “tenha amealhado R$ 6,1 milhões, registrou apenas um funcionário, entre 2013 e 2014”.
2. O vice-almirante Othon Luiz detinha 99% da participação societária da Aratec, afastando-se da empresa apenas em fevereiro de 2015, pouco antes de se ter licenciado da presidência da Eletronuclear, por conta das delações de Dalton Avancini.
3. Os pagamentos recebidos pela Aratec vieram de empreiteiras e subempreiteiras diretamente ligadas à execução de Angra 3, cujas obras eram de direta responsabilidade da Eletronuclear, por ele presidida.
Tenho um amigo que diz que a diferença entre o civil corrupto e o militar corrupto é que esse confere a propina. Se as acusações contra o vice-almirante Othon Luiz se mostrarem verdadeiras, poderá ser acrescido à diferença que, além de conferir a propina, o militar corrupto passa recibo.
Vá fundo, Doutor Sérgio. Siga o dinheiro.
ResponderExcluiro MP diz que Othon teria recebido R$ 4,5 milhões como vantagens por um contrato aditivo de R$ 1,24 bilhões para a construção de Angra 3. Ou 0,36% do valor.
ResponderExcluirA Folha publica que sua empresa de consultoria teria recebido, em sete anos, R$ 6,1 milhões.
Isso dá R$ 870 mil por ano.
De faturamento bruto, é menos do que está sendo proposto para a fixação de limite para a classificação como microempresa, segundo o Sebrae.
Muito menos do que alguém com a sua história profissional poderia ganhar com consultoria empresarial no mercado.
Bem menos do que muitos oficiais militares e policiais, depois de aposentados, obtém com empresas de segurança privada.
Ninguém, militar ou civil, está imune a deslizes e se os praticaram devem ser punidos. Como todos devem ter a presunção de que são inocentes e o Almirante Othon sequer foi chamado a explicar os valores faturados por sua empresa de consultoria.
Esta história, construída a partir de um delator de fundilhos sujos que quer livrar sua pele dizendo o que lhe for mandado dizer não pode ser suficiente para enjaular um homem, muito menos um que tem uma extensa folha de serviços ao país.
As coisas na Operação Lava jato são assim, obscuras e unilaterais, com um juiz mandando prender como alguns militares mandavam prender na ditadura.
A questão foi a mudança no padrão da Receita. Os valores aumentaram muito depois da assinatura de um certo termo aditivo e, mais, mesmo que não houvesse irregularidade é, no mínimo, imoral receber por consultorias de empresas que trabalham diretamente para a entidade da qual o detido é dirigente. Essa estória do direito de que todos são inocentes até que se prove o contrário não deveria valer para políticos.
ExcluirNo dia em que olharem a Eletronorte, que tem a diretoria apadrinhada pelo Jader, será que ele vai gostar?
ResponderExcluir