No divã, sem psicanalista

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Como do afogado o chapéu é lucro, às voltas com o seu nome envolvido nas investigações da Lava Jato – ele ainda culpa o Planalto por isso – e perdendo o protagonismo do Congresso para o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que lhe tomou o Ministério do Turismo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), resolveu, também, chutar a canela da presidente da República que, nesse momento, virou marisco entre o mar e o rochedo dessa espécie de neue parlamentarismus tupiniquim.

Não citando diretamente a presidente, Calheiros, que nunca foi homem de bater de frente com ninguém, acusou hoje (30) o PT de “aparelhar o Estado” e não deixou de virar a alça de mira ao próprio PMDB, disparando rumo ao vice-presidente Michel Temer, que ao assumir a coordenação política do governo, teve como um dos primeiros atos reforçar a posição de Cunha, em detrimento de Calheiros.

Ao resolver tirar o Ministério do Turismo de Renan e dá-lo a Cunha, Michel achava que acalmaria esse, mas o que fez foi zangar aquele e agora ganhou três problemas: fazer Cunha entender que está atendido, fazer Renan entender que será atendido em outra esfera e fazer a presidente da República entender que o a coordenação não faz água.

Mas Renan quer arrancar os calafetos:

"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH, para distribuir cargos e boquinhas", admoestou a nova versão de Renan Calheiros, o modelo 2015.

É o PMDB no divã, verbalizando o seu Id. O problema é que não tem psicanalista no consultório, para apaziguar-lhe o Ego.

Comentários

  1. Análise inteligente, perspicaz e oportuna.

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  2. Francisco Màrcio30/04/2015, 22:29

    O seu amigo, Senador Renan, está treinanando para palhaço ou para deboche ou os dois. Que moral tem o senador Renan para apontar o erro ou desvios de alguém da república? Como a batata dele tá assando no STF, o que ele quer é diversionismo. Morrer abraçado com mais alguém.
    Ainda bem, que o Michel Temer tem compostura.

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  3. Parsifal;

    Proponho a releitura do texto com a seguinte errata: onde se lê "...que o PMDB pode fazer..."; leia-se "...que o PMDB faz...".

    A disputa por cargos públicos é na sua essência o meio de vida dos políticos; é a maneira de privilegiar e enriquecer um grupo de pessoas. O empresário contrata gerentes para oprimir e dominar sobre o proletariado; enquanto que os cargos políticos são a contrapartida para arranjos do poder que objetivam o 'afunilamento' da distribuição de renda e das oportunidades.

    Com exceção do Barata, ninguém criticou a farra de super-salários e super-vantagens distribuídas no PCCR da ALEPA para os 'amuletados' na política, chegando-se ao cúmulo de pagar salário de nível superior para quem não possui o devido diploma.

    Enquanto isso os professores são tratados na porrada e alvo de mentiras oficiais pagas a peso de ouro no horário nobre da TV.

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  4. Logo, logo, o Jader vai se render ao Eduardo Cunha.

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  5. Eu adoro o cinismo do Renan Calheiros.

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