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Sem propina, sem obra

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O Dr. Oliveira Filho rasga o véu de uma hipocrisia que outros antes dele já puíram.

PC Farias, o fatídico tesoureiro de Collor, disse isso na CPI que investigava as traquinagens do então presidente – a Petrobras, aliás, estava nessa festa, através da BR Distribuidora, em um nebuloso empréstimo de R$ 40 milhões para a VASP.

Apenas no segundo governo de FHC – que hora diz ter vergonha do que ocorre na Petrobras – 19 CPIs foram abertas para investigar corrupção e outras 12 foram abortadas. No total, as 31 foram frustradas. Isso para não se falar no escândalo, também sufocado, da compra de votos, patrocinada pelo tucanato, para aprovar a emenda da reeleição.

No primeiro mandato de Lula, 10 CPIs para investigar corrupção foram abertas. A tática do lulo-petismo se fez diversa da dos tucanos: FHC não deixava que CPIs se instalassem; Lula permitia-lhes a instalação, mas as controlava para que não saíssem do eixo preestabelecido.

É fato que a corrupção e o patrimonialismo chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral, e os remendos cozidos para que a esquadra largasse do Tejo e singrasse o Atlântico até a costa brasileira foram o embrião do jeitinho brasileiro, que quando lubrifica as engrenagens do erário faz a tragédia ficar mais grega, pois a tunga é de alcance generalizado.

Mas quero discordar do parágrafo final da fala do Dr. Oliveira Filho, que tenta render, pelos maus costumes, o empresariado flagrado com a boca na botija: eles não são vítimas da maldição e sim cúmplices e culpados dela.

Justificar, o pecador, o pecado, porque ele mora ao lado, serve para os amigos e vizinhos. A República não pode remir o indivíduo pelos maus costumes, pois eles estão tipificados como crimes no regramento legal que a sustenta, e quem infringe esse regramento, pondo a rodilha na cabeça, é porque avaliou que podia suportar o pote que, in casu, transforma-se em uma pesada cruz.

Comentários

  1. Arrasou deputado. Parabéns pelo texto objetivo. Ganhar llicitação nesse país tem cheiro de jeitinho.

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  2. o crime quando praticado quando se quer praticá-lo é crime...mas a estória não é bem assim..as empreiteiras fazem os projetos...que são entregues ao governo que por sua vez os transformam em obras a serem licitadas e que são ganhas pelas empreitaras que as projetaram...enrodilhou?

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  3. Grande Virgílio. Nunca me deparei com definição tão brilhante para definir quando o crime é crime! Cheguei a querer comparar com outra definição, que por coincidência também é da lavra de um outro filosofo lusitano, de que a roda só é redonda por que ela é redonda. Parabéns. Um abraço do seu admirador do além, Stanislaw Ponte Preta.

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    1. Obrigado Anônimo que bom que voce entendeu...

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