Pular para o conteúdo principal

Sem propina, sem obra

Shot 004

O Dr. Oliveira Filho rasga o véu de uma hipocrisia que outros antes dele já puíram.

PC Farias, o fatídico tesoureiro de Collor, disse isso na CPI que investigava as traquinagens do então presidente – a Petrobras, aliás, estava nessa festa, através da BR Distribuidora, em um nebuloso empréstimo de R$ 40 milhões para a VASP.

Apenas no segundo governo de FHC – que hora diz ter vergonha do que ocorre na Petrobras – 19 CPIs foram abertas para investigar corrupção e outras 12 foram abortadas. No total, as 31 foram frustradas. Isso para não se falar no escândalo, também sufocado, da compra de votos, patrocinada pelo tucanato, para aprovar a emenda da reeleição.

No primeiro mandato de Lula, 10 CPIs para investigar corrupção foram abertas. A tática do lulo-petismo se fez diversa da dos tucanos: FHC não deixava que CPIs se instalassem; Lula permitia-lhes a instalação, mas as controlava para que não saíssem do eixo preestabelecido.

É fato que a corrupção e o patrimonialismo chegaram ao Brasil com Pedro Álvares Cabral, e os remendos cozidos para que a esquadra largasse do Tejo e singrasse o Atlântico até a costa brasileira foram o embrião do jeitinho brasileiro, que quando lubrifica as engrenagens do erário faz a tragédia ficar mais grega, pois a tunga é de alcance generalizado.

Mas quero discordar do parágrafo final da fala do Dr. Oliveira Filho, que tenta render, pelos maus costumes, o empresariado flagrado com a boca na botija: eles não são vítimas da maldição e sim cúmplices e culpados dela.

Justificar, o pecador, o pecado, porque ele mora ao lado, serve para os amigos e vizinhos. A República não pode remir o indivíduo pelos maus costumes, pois eles estão tipificados como crimes no regramento legal que a sustenta, e quem infringe esse regramento, pondo a rodilha na cabeça, é porque avaliou que podia suportar o pote que, in casu, transforma-se em uma pesada cruz.

Comentários

  1. Arrasou deputado. Parabéns pelo texto objetivo. Ganhar llicitação nesse país tem cheiro de jeitinho.

    ResponderExcluir
  2. o crime quando praticado quando se quer praticá-lo é crime...mas a estória não é bem assim..as empreiteiras fazem os projetos...que são entregues ao governo que por sua vez os transformam em obras a serem licitadas e que são ganhas pelas empreitaras que as projetaram...enrodilhou?

    ResponderExcluir
  3. Grande Virgílio. Nunca me deparei com definição tão brilhante para definir quando o crime é crime! Cheguei a querer comparar com outra definição, que por coincidência também é da lavra de um outro filosofo lusitano, de que a roda só é redonda por que ela é redonda. Parabéns. Um abraço do seu admirador do além, Stanislaw Ponte Preta.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Anônimo que bom que voce entendeu...

      Excluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.