Pular para o conteúdo principal

Paulo Coelho, bilionário brasileiro e um dos 300 mais ricos da suíça, é um Fausto da literatura

Johannes Georg Faust, que viveu na Alemanha na Baixa Idade Média, foi o homem por trás da popular lenda alemã de Fausto, que fez pacto com o diabo (Mefistófeles), entregando-lhe a alma por fama e sucesso, daí “fausto” se ter tornado significado de pujança e riqueza.

A lenda saiu das fronteiras alemãs depois que Goethe romantizou-a com o romance, Fausto.

Shot 008

O dramaturgo inglês Christopher Marlowe, na puberdade da Idade Moderna, transformou o livro de Goethe em peça teatral, mostrando um Fausto dividido entre as restrições da religiosidade medieval e o viés humanista do renascimento.

Shot 010

Até hoje dezenas de autores fazem as suas releituras de Fausto. Até eu, um reles apátrida que não é escriba, saduceu, nem fariseu, ousei ensaiar um Fausto para um concurso de contos, ao qual dei o título de “O Suave Sorriso do Demônio”.

Pinço uma das centenas de variações do mito faustiano para sustentar a maledicência que cometerei, a posteriori, com o escritor que intitula essa postagem.

> O Julgamento do Diabo

Trata-se do conto, escrito por Stephen Benét, “The Devil and Daniel Webster (O Diabo e Daniel Webster), que serviu de base para o filme dirigido por William Dieterle (1941), no Brasil veiculado como “O Homem que Vendeu a Alma”, recentemente revisitado (2007) por Alan Smithee como “O Julgamento do Diabo”.

Shot 011

Em “O julgamento do Diabo”, Jabez Stone (Alec Baldwin) é um escritor medíocre que, na miséria, faz um acordo com o diabo e entrega a sua alma em troca de fama e sucesso.

O diabo, que no filme é uma bela mulher (Jennifer Love Hewitt) entrega a mercadoria a Stone, mas ele continua sendo um escritor medíocre, cuja fama e sucesso não passam de marketing: foi a primeira vez que eu vi a crítica da banalidade esmagadora do marketing sendo abordada pelo viés faustiano.

> Paulo Coelho

Para mim, Paulo Coelho não passa de um Fausto: fez pacto com o diabo para alcançar fama e sucesso como escritor, mas, desculpem-me os aficionados, não consigo enxergar nada além de mediocridade nas suas lavras.

A minha opinião, todavia, não interessa aos seus 175 milhões de leitores mundo afora, que já lhe renderam fortuna suficiente para entrar, em 2014, na lista dos 300 mais ricos da Suíça e na lista dos bilionários brasileiros.

Shot 015

É o que diz a revista “Bilan”, em edição especial sobre os mais ricos da Suíça, calculando a fortuna do autointitulado mago em 500 milhões de francos suíços, o que equivale a R$ 1,3 bilhão.

Com essa fortuna auferida escrevendo mesmices, Paulo Coelho emigrou do Rio de Janeiro para Genebra, onde, além de não pagar os pesados impostos nacionais sobre a renda, o que é cool, ainda pode andar nas ruas sem medo de assaltos, o que é chic.

Comentários

  1. Concordo com você. Os livros do Paulo Coelho são lixo. Já tinha lido o seu conto. Gostei.Faça um pacto com o diabo e vai vender.

    ResponderExcluir
  2. Pensava que só eu não gostava das medíocres obras de Paulo Coelho.

    ResponderExcluir
  3. Parsifal

    Nunca antes ou no futuro meu nível de concordância com suas palavras chegara ao patamar do que concordo agora, parabéns por sendo adulto ter tido a coragem de gritar " O REI ESTA NU"!

    ((((MCB))))

    ResponderExcluir
  4. independente de gostar ou nao, é mto bacana ver o sucesso de um outro brasileiro! trabalho honesto e que de alguma forma nos da destaque pelo mundo

    ResponderExcluir
  5. Paulo Coelho ficou bilionário escrevendo portanto não pode ser ruim assim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu não disse que ele é ruim, apenas que é medíocre. A mediocridade vende e muito. Lady Gaga que o diga.

      Excluir
    2. O Paulo Coelho é como a McDonald´s, todo mundo pode fazer hambúrguer, até melhor, mas ninguém no ramo vende como ela.

      Excluir
  6. Parsifal...não faça isso com a Lady Gaga.

    ResponderExcluir
  7. E eu que me considerava "medíocre" justamente por não conseguir enxergar a grandeza da "magia" que vende milhões de livros....

    ResponderExcluir
  8. Ismael Moraes01/12/2014, 16:48

    Parabéns pelo artigo, como sempre criativo e culto - às vezes, não concordo com a tua idéia, mas comumente cultivas um alto debate.
    Neste caso, sempre achei que a expressão "tem a profundidade intelectual de um livro de auto-ajuda" dirigida aos textos rasos e de filosofia barata fosse a tradução mais completa do que é "a obra" do Paulo Coelho.

    ResponderExcluir
  9. Li o seu conto e o considerei mediocre também. E lembra muito uma outra obra. Seria um plágio?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Quanto à mediocridade do conto nada a reparar, afinal, a mediocridade só me faz parecer o Paulo Coelho sem o R$ 1,3 bilhão, o que a torna uma disparidade acachapante, para mim, é claro.
      Quanto à insinuação de plágio, toda obra faustiana é um plágio, pois o objeto do enredo é um só desde a Baixa Idade Média: em Fausto ninguém é original.
      Mas se você quer insinuar que é uma cópia (o conto foi registrado em 2001), sem apontar a origem e mostrar o carbono, a canhestrice do ato o faz, além de medíocre, desataviado.

      Excluir
  10. É verdade, Parsifal! Sou obrigado a concordar com você, eu que sempre entrei no seu blog para criticá-lo sobre sua posição política. Não consigo passar da primeira página dos livros do "mago".

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.