“Foi sem querer querendo”, "não contavam com a minha astúcia", “Cale-se, cale-se, você está me deixando louco”, foram frases que marcaram a geração das crianças do final do século XX. Todas cunhadas por Roberto Gómez Bolaños, o criador dos seriados "Chaves" e "Chapolin".
Bolaños era o protagonista dos episódios das duas séries: em uma (Chaves) era o garoto Chaves, que morava dentro de um baú barril; na outra (Chapolin) era uma espécie de super-herói, o Chapolin Colorado, sem maiores superpoderes, mas que sempre encontrava meios para resolver os desafios postos.
Quando eu fui informado, essa tarde (28), da morte de Roberto Gómez Bolaños, aos 85 anos, na cidade de Cancún, no México, imediatamente me veio a lembrança das minhas três meninas sentadas no sofá da sala, em frente à TV, divertindo-se com o humor despretensioso da turma do Chaves. Aquele era um programa diário e imperdível para elas.
"O México perdeu um ícone, cujo trabalho transcendeu gerações e fronteiras", declarou o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.
É fato que com os seus personagens, Bolaños fez “El chavo del ocho”, o nome original do seriado, ser o programa mais visto da televisão mexicana em todo o mundo: segundo a Televisa, que detém os direitos de veiculação, os episódios foram dublados em 50 idiomas e transmitidos em 98 países.
Embora ainda com recursividade, Chaves foi perdendo torque à medida que a criançada do século passado virava adulto nas alvoradas do século XXI.
Chaves tornou-se sujeito passivo de uma das frases daquele bolero escrito pelo Lulu Santos e Nelson Motta, Como uma onda: “Tudo passa, tudo sempre passará”.
A criançada de hoje até que senta, por muito tempo até, na frente de um televisor, mas nas mãos está um console de videogame e os olhos vidrados na tela anseiam por sangue, muito sangue. A violência, quem diria, acabou virando cult.
Eu imploro as minhas filhas, que no dia em que elas me derem a honra de ter netos (essa moçada de hoje em dia adia, sine die, o “crescei e multiplicai”) que não os deixem virar zumbis de videogame, ou eu ameaço sequestrá-los para um rancho na beira do Rio Tocantins, onde eles poderão ver onde plantei meus amigos, meus discos, meus livros, e os episódios de “Chaves”.
Que a terra lhe seja leve.
Nenhum neto Parsifal? Acho que as meninas e os meninos estão pisando na bola.
ResponderExcluirIdem.
Excluirnao contava com sua astuscia
ResponderExcluirBela homenagem... agradecemos pelas crianças que habitam dentro de nós!
ResponderExcluirSó uma correção deputado, ele morava num barril.
ResponderExcluirVerdade. Já corrigi. Obrigado.
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