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Jogo de cena

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Abertas as prestações de contas dos dois principais candidatos à presidência da República em 2014, revela-se uma realidade cuja tecla já desafinou de tanto ser batida: as principais empreiteiras do Brasil são as óbvias sócias da nossa democracia.

E em se cotejando as maiores doações individuais, desvela-se que quando o PSDB quer colocar tisna no PT não passa do encardido enxovalhando o desquarado: puro jogo de cena para o gargarejo.

> Parte e reparte

As empreiteiras investigadas na operação Juízo Final doaram R$ 64,6 milhões a Dilma Rousseff e R$ 34,2 milhões para Aécio Neves. Como a Dilma é a presidente, claro que para ela coube mais, ora pois.

A Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, cujo presidente seria o capo do clube e declarou à PF ser visitado tanto pelo arrecadador do PT quanto do PSDB, foram as que mais compareceram.

É claro que as empreiteiras doaram mais do que aparece na prestação de contas, mas tanto por dentro como por fora o intuito não é colaborar com a democracia, mas agiotar a República.

E como essa turma não mete prego sem estopa e não coça o próprio bolso, é de se supor que os reais saíram da viúva, pelos oblíquos dutos que a nação quer fechar.

Os valores ao norte referidos foram doados diretamente aos candidatos, mas as empreiteiras também doaram ao PT (R$ 56 milhões), ao PSDB (R$ 52 milhões), ao PMDB (R$ 41 milhões) e ao PSB (R$ 13 milhões), só para ficar nos principais protagonistas.

O FHC e o Aécio, para não se envergonharem, bem que poderiam devolver o que coube ao PSDB desse latifúndio.

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Comentários

  1. Parsifal, mas como voce vislumbra que o financiamento publico de campanha poderia solucionar esse problema? vc nao acha que só iria oficializar? pois acredito que o caixa 2 continuaria e esses mesmos protagonistas continuariam a financiar as campanhas... abraços

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    Respostas
    1. O financiamento público não teria o dom de transformar o imoral em moral e nem o malandro em honesto, pois leis não mudam o caráter de ninguém. Mas seria uma forma de tornar o acesso mais democrático e menos desigual, pois facilitaria a fiscalização.
      Se o MPF, a PF e demais órgãos referentes sabem que um candidato ou partido só tem R$ 10 mil para a campanha e não pode se haver de outra fonte senão o financiamento público, e começa a dar sinais de que a sua campanha está a custar mais que isso, é claro que ele está se valendo de caixa 2 e deverá ser alijado do processo por tanto.
      E como todos, em tese, estariam na corrida com as mesmas posses, a probabilidade de reciclar o sistema seria maior.
      O financiamento público não iria, em um passe de mágica, resolver o problema, mas a oficialização dele (de fato o financiamento já é público) daria a oportunidade para mais pessoas de bem fazerem as suas campanhas, com chances de eleição, sem ter que se submeter a nenhum esquema.
      O financiamento público, porém, não pode vir sozinho: ele precisa estar no bojo de uma reforma política que mude radicalmente o processo eleitoral.

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