Aécio e Campos fazem os mesmos discursos e repetem os mesmos sofismas

Embora o neossocialista Eduardo Campos (PSB) se tente desvincular da corrida presidencial como um apêndice energético a soldo do tucano Aécio Neves, o discurso daquele continua indo atrás até dos sofismas deste.

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Tenho sido um contumaz crítico da política macroeconômica do governo, mas Aécio e Campos atacam tal fragilidade com falácias, o que revela despreparo de ambos para debater o assunto, ou lhes escancara o charlatanismo conceitual ao apostarem que a audiência é néscia.

> Falsa desindustrialização

O estribilho da dupla tem sido, nas últimas semanas, que o Brasil sofre um processo de desindustrialização. Estribam-se na estatística: o peso da indústria no PIB fechou, em 2013, em patamar similar ao salto auferido na segunda metade dos anos 50.

O Brasil vive um processo grave de desindustrialização. Voltamos a ser aquilo que éramos na década de 1950”, bradou Aécio à Federação das Indústrias do Rio de Janeiro; “A indústria brasileira de transformação chegou em 2013 ao mesmo patamar que ela tinha no PIB antes do governo JK, em 1955”, repetiu Campos em palestra a uma universidade do Rio de Janeiro.

As asserções estão certas, mas as razões estão erradas e nesses erros consiste a resolução do sofisma mal enjambrado.

> Mudança do perfil econômico

A menor participação da indústria no PIB não significa desindustrialização e não tem causa na política macroeconômica do governo: é um efeito da mudança de perfil da economia em todo o mundo, cuja maior octanagem migrou para os setores secundários e terciários, devido ao aumento da capacidade de consumo da população e da movimentação que esse consumo embarca.

O carregamento de valor nos serviços, por exemplo, turbinou a participação do setor no PIB, fazendo a indústria perder participação relativa, mas não absoluta.

A grita dos industriais e a repercussão do berro pelos candidatos é capciosa: a desindustrialização absoluta, onde ocorre, é em função da competitividade como efeito do enfraquecimento das reservas de mercado, que passou a ser um imperativo da globalização e, concordemos ou não com ela, a globalização econômica há muito deixou de ser uma opção ideológica e passou a ser um fato econômico indestrutível em economias minimamente aberta.

> O parque industrial nacional não diminuiu

No caso do Brasil, não é correto se falar em desindustrialização, pois desde o nacional desenvolvimentismo de Getúlio Vargas até a alavancagem do setor por JK, o parque industrial nacional jamais diminuiu de tamanho, e só fez crescer.

No nosso caso, ocorre a forte mudança de perfil do processo econômico e produtivo. Por outros setores terem crescido mais que a indústria de base, passaram a ter peso específico maior na composição do PIB.

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