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Você é doida demais…

Na década de 70 não era possível ir a um baile no interior, ou na periferia das capitais, sem dançar os bregas, boleros e sambas-canções de Lindomar Castilho.

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Em Goiânia, Lindomar cantava na casa do compositor Bariani Ortêncio quando Diogo Mulero, diretor musical de uma das maiores gravadoras do Brasil, a Copacabana, convidou-o para gravar um disco.

Em 1962 gravou o seu primeiro LP. Oito anos depois era um dos maiores vendedores de discos do Brasil e um dos mais lucrativos da Copacabana: seus LPs eram lançados em toda a América Latina e EUA.

Em 1978, no auge da carreira, casou-se com a cantora Eliana de Gramont. Lindomar era exageradamente ciumento: sepultou a carreira da esposa pelo tempo em que viveram juntos.

Em 1980 Eliana, não mais suportando as crises de ciúme, (Lindomar cismou que a esposa mantinha um relacionamento extraconjugal com o violonista Carlos Randal, primo dele) separou-se de Lindomar, que não aceitou a opção e passou a persegui-la publicamente.

Em 1981, Eliana de Gramont anunciou uma temporada no famoso canto boêmio da baixa Paulista, o “Belle Époque”, na Alameda Santos, em São Paulo. As apresentações eram com Carlos Randal.

Cego pelo doentio ciúme, Lindomar agasalhou um revolver calibre 38 à cintura e rumou ao Belle Époque. Quando Eliane e Randal se apresentavam, levantou-se da mesa onde estava, aproximou-se a cerca de dois metros do palco e disparou cinco tiros.

Eliane foi atingida no peito e faleceu. Randal, que no terceiro tiro conseguiu saltar contra Lindomar, atingindo-o com o violão, foi atingido na barriga, mas sobreviveu.

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Em 1984, no julgamento, multidões se aglomeravam. Milhares de mulheres gritavam um bordão que ficou famoso no Brasil: "Bolero de machão só se canta na prisão".

Lindomar Castilho foi condenado a 12 anos e dois meses de prisão. Após cumprir 7 anos saiu da prisão em liberdade condicional.

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A Justiça o condenou à prisão e o público o condenou ao ostracismo. Seus bregas, boleros e sambas-canções sumiram das mídias para sempre. O público, talvez, sentir-se-ia cúmplice se lhe ouvisse as canções.

Foi surpresa para mim, depois de quase 30 anos, ligar o rádio do carro e, não mais que de repente, ouvir Lindomar Castilho cantando o que talvez seja a sua mais conhecida canção (embora não a melhor) porque se tornou tema da série global “Os Normais”: “Você é doida demais”.

Lindomar Castilho, 73 anos, vive hoje, sozinho e recluso, em sua residência em Goiânia. A sua pena com a Justiça está cumprida; para com a sociedade e a sua própria consciência, ainda não.

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