Saúde pública: prevenir para remediar menos

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Na postagem “De Fernanda Melo para Dilma Rousseff” um comentário anônimo mereceu vir ao Frontpage.

Alguns nexos de causas e efeitos propostos podem merecer críticas, mas a parte propositiva elenca ações preventivas que a Saúde Pública tem negligenciado por estar muito focada na sua face curativa, deixando em segundo plano a máxima de que prevenir é melhor, e mais barato, que remediar.

Abaixo o comentário:

“1. Uma parte desta superlotação hospitalar, já muito conhecida, é oriunda de imprudências humanas - sejam individuais ou coletivas. Ninguém aguenta o plantão de final de semana, depois que a turma vai para as festas e balneários, enche a lata e começa a dirigir irresponsavelmente, ou a brigar de pau, faca, gargalos de garrafas, quando não de arma de fogo. Os imprudentes ocupam em certa fase da vida os prontos-socorros e unidades de trauma (o HME que vive lotado de motociclistas quebrados); depois dão trabalho nos centros de reabilitação motora, e no final da vida nas internações de doenças crônicas degenerativas. Menos medicina seria necessária se a polícia fizesse o trabalho dela e as leis de trânsito fossem severas.

2. Outra grande parte dos usuários do sistema de saúde é composta por mulheres sem nenhuma condição de amparar a prole, sem preparo para tomar iniciativas em relação à defesa e à saúde destes. Menos medicina seria requerida se existisse um planejamento familiar rigoroso, com oferta de creches onde as crianças se tornassem menos vulneráveis a tantos problemas. A agressão física e sexual também deveria ser rigorosamente punida, evitando, em parte, a proliferação de jovens problemáticos para o resto da vida.

3. Existe uma quase completa ausência de políticas públicas voltadas para higiene pessoal e nutrição; que respondem por outra grande demanda. Por que não se criam unidades específicas para tratar de higiene e nutrição, que facilitassem uma transformação cultural com oficinas de aprendizado que contassem com o apoio do governo, através de incentivos fiscais, para o comércio de uma cesta básica alternativa de higiene e nutrição - aí incluídas as demandas de hipertensos e diabéticos.

4. Muita gente ocupa postos de saúde e até hospitais por achar que estar doente é uma opção de vida. Pessoas não querem ficar curadas de doenças porque assim perderiam algum benefício; outras provocam doenças; outras interpretam como doença o que é uma característica da idade; falta informação, faltam estímulos a tantos pusilânimes, faltam garantias de direitos. Neste grupo podemos incluir os que precisam provar que são doentes, mesmo que não estejam, ou não precisem mais disso. Com uma administração pública mais eficiente e menos desburocratizada, muitos desses problemas seriam resolvidos.

5. Um contingente de pacientes que percorre a verticalização do sistema, não precisaria ocupar tantas vagas se esses agravos fossem mais ou menos tratados na atenção básica. Ainda que este grupo demande de serviços médicos, trata-los com eficiência é uma racionalização do uso dos serviços especializados e sofisticados.

6. Um importantíssimo fator a ser considerado neste grupo é a capacitação de diagnósticos precoces ainda na rede básica, e o apoio suficiente para evitar a progressão das doenças. O médico da rede básica não pode continuar sendo aquele "biqueiro" que falta muito, e quando vai passa meia hora de cabeça baixa atendendo pacientes sem nenhum cuidado especial.

7. Aguardo os médicos cubanos e acredito que possam ajudar muito, principalmente após um período de adaptação e experiência epidemiológica; mas não me iludo, pois acredito que a maior parte da solução dos problemas da saúde pública não passa pela medicina.”.

Comentários

  1. O pior é que muitos gestores sabem disso e não vão fundo na questão. Eles sabem que a medicina curativa é a que dá votos. Existem vereadores médicos que se elegem graças a essa medicina de clínica curativa.

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    Respostas
    1. Não seria "cínica curativa"?

      João Prado

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  2. Belo repique de postagem.
    Tenho a convicção real que o consumidor tanto da cidade como da zona rural trocou a sua bicicleta e o seu cavalo por uma motocicleta. Investiu 5 mil reais na compra da sua moto e o Estado (poder público) precisa gastar uma Ferrari para manter vivo este cidadão. Pelo País afora várias Ferraris são consumidas pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente os acidentados. E nós é que temos que pagar por isso. É a lei do capitalismo selvagem: Compre! Compre! Compre!

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