Bolívia apela à Haia para tentar reaver a saída ao Pacífico, usurpada pelo Chile em 1879

Em 1879, a Bolívia e o Peru se bateram em uma guerra com o Chile (Guerra do Pacífico), que teve como objeto a província mineral do Atacama, que o Chile explorava com mineradoras britânicas.

A Bolívia e o Peru perderam a guerra e o Chile anexou territórios de ambos. A mais prejudicada foi a Bolívia, que perdeu 400 quilômetros na costa do Pacífico e ficou sem saída para o mar.

Em 1904 o Chile assinou um acordo (eu não sei onde a Bolívia estava com a cabeça quando aceitou os termos) no qual se comprometia a construir uma ferrovia ligando La Paz ao porto de Arica, estabelecendo, à Bolívia, um corredor até o Pacífico.

A Bolívia cometeu o erro de concordar em por fim à reinvindicação de devolução de 400 km de costa e 120 mil km² de território cravejado de cobre e nitratos por meros 440 km de ferrovia e um porto que não lhe pertencem e que tem que pagar, caro, para usar.

No sábado (23) o presidente Evo Morales decidiu, debalde todas as tentativas de negociação com o Chile, apresentar à Corte de Haia um processo tentando reaver, pelo menos, a saída soberana ao mar.

Evo Morales está coberto de razão na querela e é sensata a procura do tribunal internacional.

"Ao ignorar a reivindicação do povo boliviano, o Chile lhe nega a paz, a solidariedade e a irmandade e nega a integração latino-americana e destrói o sonho dos povos de viver em paz e harmonia, compartilhando benefícios mútuos", declarou Morales.

O Chile não deverá atender uma improvável sentença desfavorável em Haia, mas historicamente, diferente da querela Argentina com a Inglaterra no caso Falklands, o Chile usurpou os direitos territoriais bolivianos na Guerra do Pacífico e lesou a nação ao lhe privar do Mar.

A democracia chilena daria um enorme exemplo de maturidade se vestisse a boa vontade de encontrar uma forma de devolver aos bolivianos uma janela através da qual pudessem reaver a janela para o Pacífico.