Pular para o conteúdo principal

Maconha: descriminalização renderia US$ 35 bilhões em impostos por ano nos EUA

Shot011

O jornalista Doug Fine, que tem uma coluna no Washington Post, lançou nos EUA, na semana passada, um livro que tem tudo para dar nos nervos dos republicanos: “Too High to Fail – Cannabis and the New Green Economic Revolution” ("Chapado Demais para Fracassar - Maconha e a Nova Revolução Econômica Verde", em tradução livre).

A discussão sobre a descriminalização federal do uso da maconha nos EUA (alguns estados já descriminalizaram o uso em seus territórios) é uma antiga contenda entre democratas (favoráveis) e republicanos (radicalmente desfavoráveis).

> Fatores econômicos

O tom da discussão tem sido dado por argumentos de saúde pública e morais, mas, em função da crise que assola a economia dos EUA, Doug resolveu tratar o tema sob a égide econômica, ao afirmar que “em dez anos, a maconha pode gerar US$ 1 trilhão para os EUA".

Os números apontados por Doug (US$ 35 bilhões por ano em impostos) foram colhidos em um ano de pesquisa de campo no condado de Mendocino, na Califórnia, onde o plantio para fins medicinais era permitido, até o início de 2012, mediante pagamento de taxa.

Do ponto de vista econômico a permissão foi um sucesso a ponto de, ao final de um ano de liberação, a atividade já era responsável por 80% da economia local: US$ 8 bilhões de entrada. Todavia, alegando que a comercialização medicinal estava sendo desvirtuada para o consumo usual, uma corte federal interrompeu a permissão local.

> Estados versus Federação

Atualmente 17 estados norte-americanos autorizam o uso medicinal da maconha e travam batalhas judiciais com a Federação para manter a legislação local.

> Hipocrisia sistemática

Eu continuo na opinião de que o uso da maconha, e seja lá de que droga for, deva ser descriminalizado, mesmo por que mais não seja, quem quiser consumir comprará em qualquer esquina o produto das mãos do crime organizado, alimentando, dessa forma, a prática criminosa mais lucrativa do planeta: o tráfico de drogas.

É ainda uma hipocrisia sistemática criminalizar algumas drogas quando outras, como cigarro e bebidas, que causam males similares, podem ser compradas em qualquer supermercado.

Comentários

  1. E os lares destruídos pela droga, e as mortes causadas pelo vício, quanto custaria?
    E quando este viciado migrar para cocaína e depois para a heroína. Vão liberar também estas drogas?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Márcio,
      O problema não é o uso da maconha, da cocaína ou de qualquer outra droga e sim o abuso delas.
      A proibição é uma quimera, pois o fato de ser proibido, como eu escrevo na postagem, não impende ninguém de consumir. Quem quiser comprar cocaína o fará com a mesma facilidade que compra cigarro no supermercado.
      A sua premissa é equivocada: por ela deveríamos proibir a bebida pois o abuso do álcool destrói mais lares e vidas que qualquer outra droga ilícita. Dever-se-ia proibir também o fumo, pois as mortes causadas pelo cigarro são mais numerosas que as causadas pelo álcool. Também se deveria proibir os veículos, pois a maioria dos motoristas são assassinos potenciais quando estão ao volante: acidente de carro, muitos causados pelo álcool, têm destruído famílias e causam um prejuízo anual (apenas ao Brasil) de mais de R$ 10 bilhões ao sistema de saúde pública.
      Se formos começar a comparar, o abuso da maconha e da cocaína vão estar muito abaixo na escala de prejuízos do que o abuso da drogas lícitas.
      O grande prejuízo mesmo que as drogas ilícitas causam é alimentarem o crime organizado, que também destroe lares.

      Excluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.

Campanha para nomeação de Defensores Públicos aprovados em concurso

Os aprovados no concurso da Defensoria Pública do Pará, em 2009, labutam pela nomeação e, às vésperas da expiração do prazo do concurso, 23.07.2011, iniciam uma campanha para não terem as suas expectativas frustradas. No concurso de 2009 foram aprovados 148 candidatos, dos quais 56 foram nomeados e 92 aguardam nomeação. Por emenda da deputada Simone Morgado, o Orçamento do Estado, para 2011, prevê dotação para a contratação de 45 Defensores Públicos. A Defensoria Pública do Pará está recebendo, desde janeiro deste ano, os repasses financeiros já acrescido o valor da emenda citada, mas, até o momento não notificou os aprovados para nomeação, assim como não dá explicação alguma da não providência. Dos 144 municípios do Pará, 83 não possuem Defensores Públicos. Das 117 comarcas instaladas no Pará, em apenas 65 há Defensores Públicos lotados. O Grupo de Concursados requer a nomeação dos 45 Defensores Públicos para os quais o órgão possui dotação orçamentária e recursos financeiros para c...