Muito trem e pouca bala

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A Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS declararam ao governo que não vão participar da licitação do trem-bala, marcada para a próxima segunda-feira, 11.

A presidente está uma fera com as empreiteiras: a obra foi promessa de campanha dela.

Como nenhuma das construtoras dará o tiro, o consórcio coreano que se havia constituído para disputar se desfez: o BNDES garantira a eles que uma das empresas nacionais se juntaria a eles. Se nada mudar até segunda, a licitação será deserta.

As construtoras alegam que o valor apresentado pelo governo, R$ 34 bilhões, está muito abaixo do real custo da obra, que, segundo os cálculos dos seus técnicos, chega a R$ 64 bilhões.

Conversei com um cardeal de uma das construtoras. Ponderei que o governo chinês inaugurou, há três dias, a linha de 1.318 km, Pequim-Xangai, do trem-bala, a custo de US$ 20 bilhões, o equivalente a R$ 34 bilhões, exatamente o preço do governo do trecho brasileiro, cuja extensão é de 518 km.

Ele me respondeu que o custo chinês produz celulares de última geração a 20 dólares, e que se as construtoras nacionais contratassem os trabalhadores nas mesmas condições que os chineses e comprassem insumos ao mesmo preço, o valor do governo ainda não seria exequível.

Ponderei que, destarte a veracidade dos argumentos, mais que o dobro do custo pela metade do comprimento era esticar demais o lucro e que, saindo da China, o trecho do trem-bala Paris-Londres, de pouco mais de 400 km, com um trecho sob o Canal da Mancha (o maior túnel submarino do mundo), de 50 km, custou R$ 43 bilhões.

A resposta veio rápida: o trecho Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro terá quase 30% do seu trajeto em viadutos. Para atravessar as serras o projeto prevê mais 33% do trecho em túneis, havendo passagens, na Serra das Araras, que são rocha pura.

Argumentou ainda que o custo Brasil é altíssimo e que os governos brasileiros se acostumaram a pagar pouco, contentando-se com estradas, por exemplo, que vão esburacar em um ano.

Carros, prosseguiu ele, diminuem a velocidade e desviam da buraqueira, o trem-bala, todavia, não pode correr sobre trilhos mal assentados: ou a obra é feita em estado de arte ou não é feita.

É, Dona Dilma, para que Vossa Excelência pague a promessa, serão necessárias mais estearinas.

Comentários

  1. Sempre é difícil explicar qto custa algo, e sempre depende de que lado vc está, do lado quer acreditar ou do lado que quer desconfiar. Mas algo me chama atenção, tbem não sei em que acredito, se estes senhores que já sairam de Belo Monte agora saem do trem Bala, saem por causa do valor que lhes será pago,se saem por que não existe o dinheiro para financiá-los ou ainda querem impor preços que não são compatíveis para alguem como a Presidente que pela própria vida profissional tem como analizá-los?

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  2. Ora, se sai mais barato contruir sob o oceano, por que naõ fazer uma ligação até Santos e daí seguir pelo fundo do mar até o Rio de Janeiro?? Perguntar não ofende.

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  3. Enquanto se discute o custo do trem-bala, eu gostaria de saber quanto o Governo do Para gasta com a locação de veículos da Locavel para levar os filhos de coronéis da PM para colégios, academias, cinemas, etc???? E se disserem que é mentira eu mando uma foto bem interessante.

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  4. É mentira! Alias uma deslavada m e n t i r a! Manda a foto mano!

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  5. Permita-me, por favor, recomendar-lhe não se permitir a comentário com teor tão simplório e chulo.
    Por minha vez, reservo-me o direito de não lhe permitir faze-lo, a meu respeito. Divirja, critique, fundamente: não simplesmente agrida.
    Se você faz questão de fotos. Compareça à recepção dos envelopes da licitação, editada para o dia 11.07, segunda-feira, constate que ela será deserta, e bata a foto.
    Aliás, logo mais, às 07:30, estará postada mais informação sobre o assunto: eu afirmo que a licitação será adiada. Você também poderá bater a foto do adiamento.

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  6. Olá Virgilio,

    Este mesmo processo, de fato, ocorreu com Belo Monte e eu postei aqui, várias vezes, com base na mesma fonte, que o preço seria alterado para mais, pois estava subfaturado.
    Talvez o Planalto já tenha "pegado a manha" dos empreiteiros e sempre vem com um preço aquém, para depois negociar margens.
    Neste sentido, talvez, a presidente tenha razão quando defende ocultar os preços auferidos pelo governo, nas licitações da Copa.

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