Governadores, deputados federais e senadores da oposição têm recebido, ao longo da semana, uma peculiar ligação: ao dizerem “alô”, do outro lado da linha está o presidente executivo da Vale, Roger Agnelli, que, devidamente autorizado pela parcela do conselho que não deseja interferências do governo na empresa, maneja seus tentáculos para lá permanecer.
É um movimento de risco, mas, como dizia meu pai, quem tem medo nasce morto.
Com a munição entregue pelo capo da Vale, a oposição soltou a artilharia, acusando o governo de querer "aparelhar" a Vale.
Discordo da oposição: a União é uma das maiores acionistas da Vale e dona do produto que ela explora, constituindo-se aspiração legal e legítima o desejo de substituição do presidente da empresa. O mesmo pensamento, exercido a contrário senso, resultaria na afirmação de que a Vale estaria aparelhada pela iniciativa privada.
A União, percebendo a Linha Maginot pretendida pelos amotinados, começou a fazer as contas e traçar estratégias: fez parte desta estratégia a conversa do ministro Mantega com o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, um dos que pode garantir a vitória da chapa branca.
A contagem é a seguinte: a União, com o BNDESPar e os bilionários fundos de pensões da estatais, controla 61,51% da controladora da Vale, o que, na prática, lhe dá o controle absoluto da empresa, certo? Errado.
O Estatuto da Vale determina que para destituir o presidente necessários são 75% dos votos, por isto o governo foi atrás do banqueiro Brandão, que detém, sozinho, 21,21% do controle, comprados, aliás, à época de FHC, a preço de banana nanica em fim de feira.
As apostas estão abertas.
Caro Parsifal,
ResponderExcluirHá mais um ingrediente nessa trama que , penso eu , deve ser considerado - Roger Agneli é casado com uma filha de .....Lázaro Brandão, "capo" do Bradesco , sabias ???
E agora ?
Prezado Parsifal:
ResponderExcluirConcordo com você.
Penso que a Vale e a Petrobrás atuam em setores estratégicos e economicamente vitais para o Brasil, por isso precisam ser controladas pelo governo federal, auxiliado pelos estados e municípios onde se desenvolvem os trabalhos das empresas.
O governo deve participar, inclusive, no planejamento das ações, decisões de investimentos, etc.
Podem ser gerenciadas por empresas privadas, mas não devem ter decisões autocráticas.
Um abraço
Marcos Klautau