O ano de 2011 estabelece um marco na história politica dos EUA: será a primeira vez, desde 1947 - quando John F. Kennedy foi eleito ao Congresso por Massachusetts – que não haverá um Kennedy no Congresso norte-americano.
O último dos moicanos, o deputado Patrick Kennedy, cujo mandato termina neste final de ano, declarou, desde a morte do seu pai, o senador Edward Kennedy, que abandonaria a politica, o que efetivamente o faz agora.
Os Kennedy sempre representaram a fina flor do liberalismo politico e econômico dos EUA, e o sobrenome, muito mais que um adjetivo gentílico do clã, acabou virando uma espécie de grife politica.
Carrega certa melancolia o vácuo deste sobrenome no cenário politico estadunidense.
Os norte-americanos, democratas e republicanos, enxergam ainda os Kennedys com uma aura algo mitológica: dos assassinatos de John e Robert Kennedy, passando pelo acidente de carro de Edward em 1969, que matou Mary Jo, até o acidente aéreo em 1999 que matou John F. Kennedy Jr., guardado pelos democratas como o sucessor do pai, a família reveza sucesso politico com tragédias substantivas.
Ross Baker, professor de ciência política da Universidade Rutgers, entrevistado pelo "Washington Post” sobre o eventual final da era Kennedy, declarou: “Não é que a presença de um Kennedy em Washington seja um ingrediente indispensável para a sobrevivência da república, mas, para as pessoas cujas lembranças remontam aos primeiros Kennedys, especialmente à medida que a política americana se torna mais ingovernável e contenciosa, havia algo tranquilizador no elemento de continuidade.”.
Para os democratas a conta sai mais cara: as cadeiras de Edward Kennedy no Senado, e de Patrick Kennedy na Câmara, foram respectivamente preenchidas por dois republicanos.
Apesar de na próxima legislatura estarem ausentes os Kennedys, acho pouco provável que isto perdure: Victoria Kennedy, a viúva de Edward Kennedy, é vista como possível candidata democrata ao Senado por Massachusetts, e Joseph P. Kennedy 3º, 30 anos, neto de Robert F. Kennedy, considera concorrer a uma cadeira na Câmara.
Nasci em 1962, ou seja, um ano antes da morte do presidente John Kennedy, mas minhas infância foi marcada pela presença contínua - seja em revistas, jornais, etc. - do jovem e talentoso presidente assassinado em Dallas, Texas, no dia 22.11.1963.
ResponderExcluirA Praça Kennedy, hoje Praça Waldemar Henrique, exibia um busto do presidente norte-americano ao final de uma rampa que subia correndo e diante do qual parava para mirá-lo atentamente.
Kennedy foi, sem dúvida, um grande presidente - enfrentou a crise dos mísseis com coragem, fazendo os soviéticos e cubanos recuarem da intenção de instalarem mísseis nucleares em Cuba, assim como foi um ardoroso defensor dos direitos civis, especialmente do tratamento igualitário entre negros e brancos. Falhou quando apoiou a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, mas jamais negou sua responsabilidade naquele evento.
O brilho de sua imagem e a força simbólica do clã Kennedy foram, no entanto, marcados por uma espécie de saga maldita, como foi bem narrado no post. (Vale lembrar, inclusive, que o filho de John, John Jr., morreu, ainda jovem, num acidente aéreo).
A saga da família guarda assim ares de uma tragédia grega - é como se os deuses dissessem: "Não lhes faltarão poder, beleza e glória, mas não esperem gozar da felicidade mundana dos mortais!!!"
Lembro-me ainda que era muito comum, nos anos 1960, comparar as lideranças de Kennedy com a de Fidel Castro - e havia até quem dissesse que Fidel era o alter ego de Kennedy. Contudo, o curso das décadas evidenciou quem serviu melhor ao seu próprio povo e aos valores da democracia no Ocidente.