Pular para o conteúdo principal

A democracia e o Tiririca

Shot002

O juiz eleitoral Aloísio Silveira rejeitou hoje a denúncia do Ministério Público Eleitoral contra o candidato Tiririca, que era apontado pela procuradoria como analfabeto.

Na verdade, a promotoria, na falta do que melhor fazer, resolveu atazanar a vida do cidadão Tiririca, por achar que o mesmo fere a moral da República ao fazer campanha com palhaçadas.

Está se tornando de perigoso viés autoritário a onda de moralismo puritano que invade a mente de uma parcela daqueles que entendem deter a mentalidade da nação.

É imperioso que se de ao eleitor, soberano no processo de sufragar o seu preferido, a autoridade para exercer tal direito da forma mais irrestrita possível, pois esta é a própria essência da democracia.

As restrições eleitorais, sejam de que ordens forem, não podem ser balizadas nos excessos do direito positivo e sim no juízo do cidadão que detém o direito de votar.

Não bastasse as aberrações jurídicas que os sequestradores da ética publica avocam para cobrar resgate da moralidade pagã lavrada na aplicação da “Lei da Ficha Limpa”, sem a devida vacância da anualidade e a garantia da irretroatividade, os caçadores de bruxas resolveram colocar na fogueira o palhaço Tiririca, que ousou pleitear uma vaga na Câmara Federal, usando como principal mote as suas próprias palhaçadas.

Que recuo democrático pode haver se mais de um milhão de pessoas ajuízam que devem sentar o Tiririca em uma cadeira do Parlamento?

Com que direito se deve tentar impedir eleitores de exercerem a soberania eleitoral porque alguém acha que aquele que faz campanha com palhaçadas, não deve ser votado?

Se um palhaço deve, ou não, ser deputado federal, cabe ao povo decidir e não ao Estado.

Se a democracia brasileira enveredar por este temerário caminho das restrições eleitorais, poderemos chegar a um tempo em que retornará o voto censitário: não cabe ao estado, e nem a ninguém, ser o mentor moral da nação.

É preciso que se garanta à nação a essencial liberdade democrática para votar em quem quiser.

Eu jamais votaria no Tiririca, mas, sou absolutamente contrario a qualquer tentativa de lhe impedir a candidatura.

Não há democracia relativa: ou ela é ampla, geral e irrestrita, ou se torna um simples processo de votação.

Comentários

  1. Análise coerente, caro.
    Obrigado pela visão democrática.

    ResponderExcluir
  2. muito bem fundamentado seu entendimento deputado. Prova que vc tratou o assunto com respaudo é que tá acontecendo no Pará com a candidata que ainda ocupa o relevante e maior cargo publico do estado,ela foi a um programa eleitoral e mentiu publicamente e logo em seguida foi pega na mentira e mesmo assim ainda permanece candidata,depois de ferir totalmente a ética,a justiça nem ligou.Se uns podem mentir livremente pq outros não podem fazer palhaçadas com sua própria eleição livremente?

    ResponderExcluir
  3. Sou absolutamente contra a falta de respeito com um assunto da mais alta responsabilidade do cidadão. Eleição é coisa séria e jamais deveriam ser admitidos candidatos que fizessem apologia da falta de respeito com o processo eleitoral. Estes palhaços gostam de se aproveitar da ignorância alheia - principalmente entre os jovens e os mais oprimidos, sugerindo uma espécie de protesto que não existe. É um puro cambalacho eleitoral.

    Mas ainda que aos palhaços fosse censurado o ar de deboche, não havendo nada de sujo no passado deles, claro que não deveriam ser barrados do pleito. Quem deve ser barrado são só os corruptos ficha-suja, os endinheirados que matam e abusam de menores e não cumprem pena, etc.

    ResponderExcluir
  4. Tiririca não conhece o Pará. Se soubesse que os paraenses estão decidindo ente Jatene e Ana Júlia, ele certamente não diria: "pior não fica..."

    ResponderExcluir
  5. Já tá na hora do povo colocar um legítimo representante, já que a maioria dos políticos enxegam o povo como PALHAÇOS.
    Esse é o troco bem dado a estes políticos.
    Aqui no Pará deveria aparecer algum palhaço para nos representar porque ja estamos cansados de ficar do lada de cá, queremos estar lá na ASSEMBLÉIA também.

    ResponderExcluir
  6. Depois de ler a Declaração de bens da ANA JÚLIA, fiquei com dó, tadinha, tá quase passando fome. Me pergunto. O que é a candidatura do Tiririca perto dessa PALHAÇADA?

    ResponderExcluir
  7. Ora se temos um presidente que se gaba ter estudado até a 4ª série primária e um ministro do STF, apenas bacharel, sem especialização, mestrado ou doutorado, por que então não termos um deputado federal analfabeto?

    É a casa do Povo, e o povo brasileiro tem mais de 16 milhões de analfabetos, por que não ter um representanto à imagem e representação?

    Deixa o Tiririca ir em frente.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.