Somos uns boçais

escher Tenho ótimas recordações de Marabá. Elas não são recentes e estão vinculadas a uma Marabá que não mais existe, cujo centro gentílico era a Praça Duque de Caxias.

 

Sempre que vou à cidade vou lá, mas, como outra praça da minha infância, em Tucuruí, a Duque de Caxias que eu conheci arrebatou-se na convulsão do tempo.

 

Ontem perambulei por Marabá antes de seguir meu rumo à Belém. Ao fim da tarde a cidade se mostrou algo agoniada: parece que não respira.

 

Suja e mal cuidada, espremida entre a pujança de um porvir que já chegou e um caos urbano que se instalou ao preço do seu futuro, Marabá é a mais perfeita tradução da falta de capacidade da nossa geração de políticos, eu incluso, de concatenar riqueza financeira com desenvolvimento social.

 

A impressão é que as pessoas estão muito ocupadas em ganhar dinheiro e deixam a tarefa de fazer da cidade um lar para outro tempo.

 

É angustiante reparar o contraste das construções (algumas de duvidoso gosto) que se erguem em Marabá, revelando a ebulição da sua contemporaneidade, e o completo descompasso disto com a falta de cuidado com o espaço urbano.

 

Enquanto nós não encontramos uma maneira de dar proporcionalidade a este sistema, vamos ter cidades caóticas em meio a uma bem coordenada exploração de riquezas que, para acontecerem, espalham tufões onde se instalam.

 

Ainda vale para nós aquela nervosa modinha do Caetano:

 

Enquanto os homens exercem

Seus podres poderes

Motos e fuscas avançam

Os sinais vermelhos

E perdem os verdes

Somos uns boçais...

Comentários

  1. marabá está mesmo um caos urbano.

    Lessa

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  2. Parsifal, em poucas palavras você conseguiu dizer o que sinto quando ando por Marabá, onde moro, e nunca consegui traduzir.

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  3. Serviço público aqui? Tá brincando.

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  4. Aqui em Marabá não se sabe o que e nem quem é prefeito.

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