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A corrida do pré-sal

Charge de Latuff

O governo flerta com os empresários nacionais ao exigir que os insumos industriais para a exploração do pré-sal sejam fabricados pela indústria brasileira.

 

Isto é tapar o sol com peneira, arriscando queimar o andamento da exploração, prejudicando a própria Petrobras, que já revelou que 75% dos fornecedores nacionais não estão capacitados para atender as exigências da exploração.

 

Mas o empresariado do setor já tem a solução: incentivos à capacitação, através de fomento, pela Petrobras, no valor de US$ 400 bilhões.

 

Eu já vi filmes deste naipe e nenhum deles teve final feliz: a reserva de mercado usada, nos anos 80, para a informática, atrasou o desenvolvimento do setor em 30 anos.

 

Se o governo não retirar o pré-sal do palanque e insistir em achar que isto será a redenção nacional, ele acabará sendo a nossa maldição.

 

A nacionalização dos equipamentos vai atrasar o ritmo da exploração nos mesmos 30 anos que fez com a informática, pois não conseguirá, em menos tempo, capacitar a indústria de alta tecnologia exigida para a complicada tarefa de erguer petróleo de seis mil metros de profundidade.

 

O mundo atual é apressado. Já há tecnologias prontas para serem testadas no setor de transportes, que usam outras fontes de energia como alternativa à fóssil.

 

Se não nos apurarmos, o resto do mundo já estará usando hidrogênio líquido ou fusão a frio nos tanques e nós ainda estaremos gastando os US$ 400 bilhões em capacitação para explorar petróleo.

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