Pular para o conteúdo principal

Pulando capítulos

Shot

O bastidor do arranca togas ocorrido ontem (23) no STF, em virtude do vazamento da citação do ministro Toffoli na proposta de delação de Léo Pinheiro, que eu soube ontem mesmo, e foi assunto da primeira postagem de hoje, tornou-se público hoje.

A imprensa trouxe mais elementos: disse Mendes que o vazamento que atinge Toffoli teria sido um “acerto de contas de procuradores porque Toffoli os teria contrariado ao mandar soltar o ex-ministro Paulo Bernardo e fatiado a investigação sobre a senadora Gleisi Hoffman (PT/PR) na Lava Jato”.

Como eles (procuradores) estão com o sentimento de onipresentes decidiram fazer um acerto de contas. Decidiram vazar a delação. Se é isso, temos que prestar muita atenção. Há o risco de se tornar algo policialesco”, declarou Mendes, segundo matéria da Folha de S. Paulo.

gmIndependentemente das razões que, por suposto, teriam levado os procuradores que atuam na Lava Jato a, segundo as palavras de Mendes, “vazarem” termos protegidos por sigilo legal, não há aí um mero risco do caso de tornar policialesco e sim já há um caso policialesco.

E qual é o caso? Um ministro do Supremo Tribunal Federal acusa os procuradores da República, que atuam na Lava Jato, de cometerem um ato criminoso, qual seja, vazar termos carimbados como confidenciais e que eles tinham, por dever funcional, de proteger.

Eu sempre digo que é possível combater o crime e fazer justiça respeitando todas as vírgulas do processo, pois se uma só delas for atropelada, a autoridade que o fez, seja lá por quais razões forem, pelo menos em gênero, iguala-se ao criminoso que quer condenar.

E quem se coloca a pular páginas, acaba pulando um capítulo inteiro, sempre sob a justificativa de que quer acabar logo de ler o livro.

Comentários

  1. Francisco Márcio24/08/2016, 17:49

    Faz sentido as palavras no ministro. Pena que a verborragia só iniciou-se quando atingiu um de seus pares...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.