Avança o cardápio oferecido pelos executivos da Odebrecht para a chancela da delação premiada ofertada pelo grupo.
Um dos itens do menu, gentilmente vazado à imprensa, oferece a cabeça do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o jantar, ao apontar que a empresa pagou, pelo menos, “R$ 100 milhões em propina para o PT em negociações intermediadas pelo ex-ministro”. As informações são de O Globo, na edição de ontem (21).
Observe-se que o valor em cotejo foi aquele exclusivamente negociado por Mantega ao PT, “em troca de benefícios obtidos nos últimos anos graças a projetos como a desoneração da folha de pagamentos e a redução de imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior”.
É evidente o interesse que a Odebrecht tinha nos dois pontos:
1. No caso da desoneração da folha, a empresa possuía, antes do furacão Lava Jato, 78 mil funcionários no Brasil o que totalizou uma folha de pessoal na ordem de R$ 8,3 bilhões, no Brasil, em 2014. Poro óbvio, qualquer porcentagem a menos nessa grandeza, entrou como lucro para a empresa.
2. No caso da redução de imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior, a Odebrecht é a empresa brasileira com maior número de posições no exterior: atua localmente em 28 países e tem relação negocial com 41. A redução de imposto de renda sobre o lucro de empresas brasileiras no exterior foi de nove pontos percentuais, de 34% para 25%.
O percentual de redução do imposto, idem, acaba sendo auferido como lucro, e como a Odebrecht declarou que pagou, em 2014, R$ 3,5 bilhões de impostos e em se considerando que 41% das operações da empresa são negócios no exterior, a redução de nove pontos percentuais no alcance do leão sobre o percentual operado no exterior fez a empresa deixar de pagar cerca de R$ 120 milhões, quase exatamente o que teria sido repassado ao PT através de Mantega.
A matemática acima ratifica a minha tese anciã de que empresa alguma dá coisa nenhuma a político ou partido: apenas entrega o que já recebeu antes ou, no máximo, entrega na frente o que receberá depois. Nessa última hipótese, sai mais caro.
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