A volta do anzol

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Em contraponto aos protestos de domingo (16) que pediram a renúncia ou o impeachment da presidente Dilma, saíram ontem (20) às ruas manifestações, planejadas pelo PT, em 25 estados e no Distrito Federal, que contaram com a participação da União Nacional dos Estudantes (UNE), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Os números, como nas manifestações de domingo, são desencontrados, e vão desde 300 mil pelos cálculos dos organizadores e 170 mil pelos cálculos das policiais militares. Tanto um quanto outro número não superam os respectivos contabilizados no domingo (16), o que sugere precipitação na mobilização em pleno meio de semana. 

As entidades, apesar da unanimidade na defesa da permanência da presidente Dilma no governo, saíram divididas em várias capitais, por não concordarem em ter como único ponto a discordância do impeachment e várias manifestações tinham como ponto central críticas ao ajuste fiscal e palavras de ordem contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Um dos coordenadores nacionais do MTST, Guilherme Simões, resumiu os pontos das manifestações: “O ato é contra o ajuste, a Agenda Brasil e a movimentação golpista”.

As paródias mais espirituosas foram protagonizadas nas manifestações de São Paulo, onde cartazes, apesar de contra o impeachment, não pouparam a presidente Dilma, chamando-a de "Dilma, Mãos de Tesoura", em referência aos cortes do ajuste fiscal.

Não foram poupados o vice-presidente, Michel Temer, que apareceu nos cartazes como o "Poderoso Chefão", o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recebeu a alcunha de "O Lobo de Wall Street" e o presidente da Câmara Federal virou "O Exterminador do Futuro" e o presidente do Senado, Renan Calheiros virou “A Hora do Pesadelo”.

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Ouvi de comentaristas políticos nacionais, para quem o PT, Lula e Dilma foram os culpados da calmaria que desviou as caravelas de Cabral rumo ao litoral brasileiro, quando começou a confusão, que as manifestações foram organizadas e todos os participantes receberam camisetas e chegaram de ônibus previamente contratados aos pontos de partida.

Então vamos combinar que eu acredito piamente que as manifestações de domingo foram uma combustão cívica espontânea, nas quais todos os participantes, não mais que de repente, se viram nos locais de partida trajando camisetas e portando faixas e cartazes que, idem, surgiram-lhes nas mãos através de um transe republicano.

Comentários

  1. Faltou a população nesses atos, pq só vi sindicalistas e membros de movimentos que levam uma boquinha do governo, assim fica fácil fazer ato, e dificil de convencer alguém.

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    1. Eu achei que quando o IBGE fazia o censo do "povo" brasileiro os sindicalistas e membros dos movimentos sociais eram contados.

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  2. sindicalistas e membros de ongs que recebem ajuda do governo não contam.
    no primeiro protesto desse ano contra dilma, o metrô de são paulo não deu conta da demanda, é o que a imprensa informou.

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    1. Todos contam. Sejam contra ou a favor do governo. E a maioria (54%) dos manifestantes, inclusive, se declarou contra o governo. O ato não foi a favor do governo, mas contra o impeachment.

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  3. Com ajuda$ de cu$to para deslocamento até o local da manifestação e outra$ despesa$ mais (inclusive vindos de municípios vizinhos)...fica facim...facim fazer movimentações que encham praças e ruas.
    Quero ver isso acontecer sem prome$$as de renda extra como no caso dos movimentos "vem pra rua"

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    1. Todas as manifestações de massa têm organização e patrocínio. Os que vão espontaneamente são a minoria. O que faz a massa encorpar é a organização de arregimentação e, mesmo quem vai nessa arregimentação, simpatiza com a causa, ou não vai: espera a outra com a qual se identifica, pois vai ter patrocínio da mesma forma.

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  4. Mortadela Fest de ontem foi ato pró corrupção.

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    1. Não. Todas as manifestações se colocaram claramente contra a corrupção. Em nenhum país do mundo o povo é a favor da corrupção.

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    2. gostei da expressão mortadela fest, rs rs

      ninguém se confessa a favor da corrupção, mas a turma que acha que o governo que defende tem direito a roubar é muito grande...

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    3. Desde que lhe tenha algum proveito o roubo.
      Ele fez um upgrade na mandioca. Então seria melhor, para deixar quite, promover a coxinha para quiche.

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    4. há também muita gente que não tira proveito do roubo mas acha que seu partido pode e deve roubar se estiver no poder.

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  5. A verdade é que não são movimentos espontâneos. São organizados e financiados por instituições ligadas ao Governo são, em sua maioria pessoas com interesse diretos na manutenção das "boquinhas", outros que vão em troca de comida e de um "pixulecozinho" ou "pixulequinho" e aqueles, maioria da manifestação em São Paulo, servidores públicos municipais comissionados. Aliás, segundo o data folha, apenas 54% das pessoas que participaram das manifestações - "a favor do Governo" - de ontem apoiam o Governo de Dilma, vai entender.

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    1. 54% dos manifestantes são contra o governo e deixaram isso claro, inclusive saindo em passeatas separadas. Ser contra o governo não significa automaticamente ser a favor do impeachment da presidente. Esse era o único ponto em que todos concordaram.
      As organizações sociais, todas, desde a Federação das Industrias do Estado de São Paulo até o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, passando pelos que "se trocam por comida", têm legitimidade para se manifestar e se todos se respeitarem, sem menosprezos recíprocos porque um foi de Land Rover, outro de metrô e outros de ônibus pagos pelas organizações dos movimentos, o Brasil agradece, pois todos são brasileiros.

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  6. maravilha de quinta feira, heim? acordaram comeram uma "mortandela" e foram passear pelas cidades...trabalhar que é bom...a cara do pt! e sou contra o impeachment. to torcendo pelo cancer!

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    1. Ao câncer eu prefiro o impeachment. Há certas coisas que não se deve desejar ao pior inimigo, pois o anzol tem volta.

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  7. realmente em ambas tinha patrocínio, mania essa essa da oposição só achar que o outro lado e errado. se realmente fossemos um pais serio a justiça fhc e cia não estariam pregando moralidade,pq são mais sujos que pau de galinheiro.não se enganem com a "não população " como disse o anonimo no começo dos comentários.somos maioria .

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  8. o ultimo paragrafo do artigo me causa indignação. Existem pessoas que vão em passeatas ou concentrações publicas na rua sem receber comida nem roup nem cousa alguma. Lembro-me de um dia durante o goveno collor. Ao ver o xxxxxx discursar na tv e pedir que seus simpatizantes usassem verde, pensei logo que deveria usar preto em protesto, já que muitas vezes os grevistas usam tarja preta, fui procurar roupas pretas no armario. Na manha do dia seguinte, quando fui a rua, vi muitas bandeiras pretas nas janelas. Fui em duas reuniões na rua, não vi distribuição de nada, não recebi nada.
    No ultimo domingo, fui ver a passeata em minha cidade, não vi de onde saiu, mas tinha muita gente que aposto que foi sem receber nenhum auxilio.

    Dilma deveria seguir o exemplo de Tsipras.
    Dilma tem uma mentalidade esquerdista demais. Parece que essa Gleisi também.

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    1. Você compreendeu equivocadamente. É claro que há aqueles que vão espontaneamente. Eu quis dizer que todas as manifestações são pré-organizadas e não espontâneas.
      A Grécia é uma República parlamentarista, diferente do Brasil que é presidencialista. O Tsipras renunciou porque perdeu sustentação dentro do seu partido e tem certeza que vencerá a eleição que será convocada o mais rápido possível, ou seja, ele saiu para voltar fortalecido e com nova maioria no Parlamento.

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  9. Parsifal, caso o senhor ainda não assistiu o filme "o lobo de wall street" sugiro que asista.
    A parte mais importante do filme é quando exigem do sujeito 400 telefonemas por dia para angariar clientes. Por aqui os funcionarios e terceirizados de bancos parece que tem a mesma pratica. Eu penso que isso deveria ser proibido. Se um padeiro fizer isso seria toleravel, mas grandes insituições bem conhecidas num mercado cartorial deveriam ser proibidas dessa pratica. Como é comum o pessoal telefonar e não esperar até ser atendido, e o fazem de novo e de novo, e mentem.

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    1. O pior é que não só os bancos que fazem isso. Em tese seria constrangimento ilegal submeter o funcionário a tal tipo de situação, mas só quem poderia acionar a justiça seria o próprio funcionário e eles não fazem isso porque se fizerem perdem o emprego e os sindicatos se resumiram a campanhas salariais.

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  10. vejo que não fui claro, na minha opinião, os bancos deveriam ser proibidos de telefonar para oferecer produtos, serviços ou fazer marketing.

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    1. Você foi claro. Talvez eu que não tenha sido na resposta. Os bancos, e nenhuma empresa, não podem ser proibidos de telefonar para oferecer produtos, pois isso é uma atividade comercial regular e seria inconstitucional tal proibição, pois o marketing direto é uma modalidade de venda regular.
      Seria irregular, e tipificado como abuso do exercício comercial, você receber, do mesmo banco, no mesmo dia, excesso de ligações na modalidade o que não ocorre.
      Mas pelo lado do funcionário, submetê-lo ao excesso de uma atividade que pode ser, para ele, constrangedora, seria irregular do ponto de vista trabalhista, mas ele não reclama disto senão perde o emprego.
      Outra atitude do banco que pode ser entendida como constrangimento na atividade trabalhista é o cumprimento de metas, quando o gerente enlouquece e só falta se ajoelhar frente ao cliente para que ele compre alguma mercadoria do portfólio bancário para "pelo amor de Deus", ele cumprir a meta, o que caracteriza constrangimento ilegal ao cliente também, mas nem o cliente e nem o gerente acionam o banco. Aquele porque não quer prejudicar o gerente e esse porque não quer perder o emprego.

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    2. quanto a uma proibição de telefonar ser insconstitucional, eu não acredito, o senhor não me convenceu. Para médicos e dentistas, há algumas restrições para fazer propaganda.
      Proibição de fazer marketing não é inconstitucional. Nos telefonemasde telemarketing de bancos e telefonicos, só se faz trapaça. A Oi me telefona diariamente, eu respondo que não faço negocios por telefone, insisto que sempre me mentiram, não quero que telefonem, e eles telefonam todo o dia, as vezes mais de uma vez. O Bradesco uma vez me telefonou cinco vezes entre o meio dia e uma hora. A Caixa jáa me telefonou mais de 6 vezes por dia durante algumas semanas, sempre desligando quando eu atendia.

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    3. Não se trata de você acreditar ou ser convencido. O fato de a minha avó Ciló não acreditar que o homem foi à Lua e ninguém conseguir convencê-la disto, não torna a ida do homem à Lua uma inverdade. A Constituição tem princípios claros quanto à autonomia do mercado e o marketing direto é regulamentado com base nesse princípio.
      Os abusos, como eu disse, podem ser inibidos judicialmente, caso a caso. No seu caso – receber 6 ligações, da mesma fonte, no mesmo dia – há forte evidência de configuração de abuso e você, apresentando provas disso, pode acionar judicialmente a empresa que emitiu as ligações.
      No caso dos profissionais liberais (dentistas, advogados, médicos etc..) há uma autolimitação dos próprios profissionais, para evitar concorrência desleal, lavrada no Código de Ética de cada profissão e fiscalizado pelo respectivo Conselho da categoria, ou seja, há uma auto-regulamentação.
      Caso a Febraban, Federação Brasileira de Bancos, que é o órgão representativo dos bancos, equivalente aos conselhos classistas dos profissionais liberais, decida emitir resolução proibindo ou limitando o marketing direto dos bancos, esses terão que cumprir, pois será uma auto-regulamentação. A lei, todavia, não poderá prescrever tal restrição sob pena de inconstitucionalidade.

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