Dinheiro, sexo e poder

As planilhas detalhando os caminhos das propinas pagas no esquema desvelado pela Lava Jato tinham dois itens que intrigavam a PF.

Os itens eram “artigo 162" e "Monik", sob cujo título estavam valores que iam de R$ 5 a R$ 20 mil e cuja soma total, em 2012, por exemplo, chegava a R$ 150 mil.

O doleiro Alberto Youssef, na sua delação, desvelou o enigma: os valores sob aqueles signos eram usados para “pagar serviços de prostituição de luxo com famosas da TV e de revistas para diretores da Petrobras e políticos”.

Narra o doleiro que a expressão "artigo 162" se referia “ao número do endereço de uma cafetina conhecida como Jô, que agenciava os programas para os dirigentes da Petrobras e políticos” e que “Monik” era uma referência a pseudônimo que garotas de programa usam.

Youssef detalha que os valores médios cobrados pelas “famosas” eram de R$ 5 mil, mas que algumas “mais famosas” chegavam a cobrar R$ 20 mil por programa.

Havia ainda valores mais altos, pagos por festas promovidas para agradar quem tinha poder de decisão. Uma dessas festas, segundo Youssef, no terraço do Hotel Unique, em São Paulo (esse pessoal tem gosto finíssimo), custou R$ 90 mil só em bebidas.

Conta a Folha de S. Paulo que um “comprovante de transferência bancária de um ex-diretor da Petrobras para uma garota conhecida na mídia, no valor de R$ 6 mil, foi encontrado em uma das buscas autorizadas pela Justiça na Lava Jato”.

A velha receita dinheiro, sexo e poder, raramente falha. Aliás, embora alguns desavisados creditem a frase ao personagem Frank Underwood, da ótima série “House of Cards”, ele apenas a repetiu, pois quem a forniu foi célebre escritor britânico Oscar Wilde: “Tudo nesse mundo é sobre sexo exceto sexo. Sexo é sobre poder”.