Pular para o conteúdo principal

Marco Archer é o primeiro brasileiro condenado à morte e executado desde 1876

Shot 023

Até 1876, a legislação brasileira previa a pena de morte para crimes civis. Para crimes militares a Constituição ainda a autoriza, no inciso 47 do artigo quinto, que assevera que "não haverá penas de morte, salvo em caso de guerra declarada".

O Código Penal Militar tipifica os delitos de guerra que podem levar à pena de morte. Portanto, é errado afirmar que não há pena de morte no Brasil: ela há, como exceção, quando o país estiver em guerra declarada.

> Última execução foi em 1876

O último brasileiro executado com pena de morte foi o escravo Francisco, em Pilar, no estado de Alagoas, em 28 de abril de 1876.

Com a proclamação da República, em 1889, a instituição foi abolida do ordenamento jurídico civil nacional.

Shot 021

É justo observar, todavia, que antes da proclamação da República, todos os pedidos de comutação de pena de morte que chegavam ao imperador Dom Pedro II eram atendidos. O imperador, destarte as dezenas de defeitos que todos temos, era um humanista.

> Execução de um brasileiro na Indonésia

Shot 012

Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, passa tragicamente para a história do Brasil como o primeiro brasileiro a ser condenado a morte e executado desde 1876.

Shot 016

Claro que isso não se deu no Brasil, mas na Indonésia, onde Marco foi flagrado entrando no país, em 2003, com nada menos que 13,4 kg de cocaína.

Marco tinha conhecimento de que a Indonésia pune o tráfico de drogas com execução por fuzilamento, mas assumia o risco há três anos, sob a justificativa de que praticava o tráfico para pagar uma dívida contraída com um hospital que o tratou de um acidente de parapente em Bali.

A condenação à morte veio em 2004, um ano após a prisão que mobilizou a imprensa indonésia, pois Marco fugiu do flagrante no aeroporto e desafiou a polícia em uma caçada de duas semanas.

Shot 019

No corredor da morte há 10 anos enquanto aguardava a resolução de todos os recursos que os condenados à pena capital têm na Indonésia, debalde foram as tentativas do Brasil em rogar pela comutação da pena: Marco acabou se tornando uma espécie de ícone de como devem ser tratados aqueles que tentarem traficar drogas ilícitas no país e a pena capital por tráfico de drogas na Indonésia tem amplo apoio popular .

À 0h30 de domingo (18), no horário da Indonésia, ainda sábado no Brasil, no complexo de prisões de Nusakambangan, um pelotão de 12 fuzileiros especiais se postaram em semicírculo diante de Marco, encapuzado e amarrado a um tronco, e dispararam.

Abaixo, o protocolo de fuzilamento de condenados à pena de morte na Indonésia:

A ilustração acima é de Luciano Veronesi, para a Folhapress.

O corpo de Marco, que já não tinha pai e mãe, será cremado e as cinzas trasladadas para o Brasil pela sua tia Maria de Lourdes Archer Pinto, 61 anos, que foi até a Indonésia às próprias expensas.

Comentários

  1. nobre ex- deputado.todos os dias brasileiros são executados.o que é pior , muitos inocentes e sem ter um julgamento.simplesmente são mortos pela grande violência que assola nosso pais
    paulo laredo

    ResponderExcluir
  2. Ele Marco, sabia das consequência de seu ato e, mesmo assim, assumiu o risco de ser pego e foi o que aconteceu; e o preço que ele pagou foi bem mais alto do que a sua dívida com o Hospital, ou seja, com a vida. E que isso sirva de lição para outros traficantes e viciados!!!!!...

    ResponderExcluir
  3. Boa a postagem.
    Kenneth

    ResponderExcluir
  4. é deputado ainda, até 31 de janeiro!!!

    ResponderExcluir
  5. Parsifal;

    Dois óbitos ocorreram num mesmo momento; um resultante do excesso de austeridade (na Indonésia) e o outro do excesso de liberdade (em Cancum no México). A conclusão que se tira é que a droga é uma droga, de qualquer jeito.

    ResponderExcluir
  6. O que morreu era traficante ou mula? A caso é que droga continua com mula e traficantes, ou seja, nada mudou.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Ninho de galáxias

A imagem acima foi liberada pela NASA e elaborada a partir de dados colhidos do telescópio VLT do Chile, o maior do mundo.   É o conglomerado de galáxias JKCS041, que vem a ser o mais distante ponto do universo visualizado até hoje: está a 10,2 bilhões de anos-luz da Terra.   1 ano luz é a distância que a luz percorre em uma ano, ou seja, se já tivéssemos tecnologia para viajar à velocidade da luz, a nave que nos poderia levar até a JKCS041 demoraria 10,2 bilhões de anos para chegar lá.   Mas, o que o VLT viu, não é o presente, e sim o passado: a luz emitida pelo conglomerado que agora chegou aos portões da Via Láctea, o nosso endereço no universo, saiu de lá há 10,2 bilhões de anos.   Passado este lapso de tempo, as coisas devem estar bem diferentes por lá.   Mas, o que eu quero mesmo é dar uma de Carl Sagan : na Via Láctea há milhões de sistemas, com milhares de planetas em cada um deles.   O JKCS041 é um conglomerado de milhares de galáxias, com milhões de s