Raramente trato de temas pessoais nesse blog, mas em momentos que julgo especiais, não resisto em repartir com todos a minha alegria.
Hoje, 29.01.15, o meu genro, Domingos, esposo da Larissa, a minha filha do meio, que é procuradora, toma posse, em Brasília, como juiz federal.
Junto com uma lembrança que deverá acompanhar-lhe na magistratura, deixei-lhe notas que acabo por, presunçosamente concluir, deveriam ser observadas por todos os julgadores.
Abaixo divido-as com vocês:
É do jurista uruguaio Eduardo Couture Etcheverry uma das mais substanciais frases sobre a aplicação do direito: “Teu dever é lutar pelo Direito, mas no dia em que encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”.
Nesse conceito, o juiz não se deve conter aos autos: deve observar que ele não julga lavras em papéis, pois isso é o necessário jogo do processo. O justo é aquele que observa as pessoas sobre as quais ele deixará cair a pesada mão do Estado, através do poder no qual ele é investido.
Pois é verdade que sentenças não apenas dirimem querelas: decidem vidas. Uma decisão judicial modifica o presente e o futuro e tem a prerrogativa de modificar o passado.
O juiz tem em mãos um engenho que a inteligência humana persegue há muito: a máquina do tempo. O poder de influenciar em uma grandeza que faz parte da própria existência.
Jamais deixe de observar estas singularidades da profissão que perseguiste e alcançaste por teu mérito e suporte dos que te amam. O segredo está em jamais esquecer que aqueles cujo destino dependerá da tua lavra, também amam e são amados.
Todavia, que essas observações não sejam óbices para as decisões que deverás tomar, pois o tempo e a indecisão corroem a Justiça tanto quanto a insensatez e a insensibilidade.
E quando esse momento de decisão chegar observe Couture, mas não deixe de contrapor com El Che, o último dos guerreiros românticos das Américas: “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás.”
Brasília, 29 de janeiro de 2015”
Bela citação da justiça.
ResponderExcluirAs vezes reflito que somos o que buscamos, mas nem sempre essa busca é o que queremos. Julgadores devem vislumbrar sempre um amanhã mais justo e humano.
Ótimo texto Parsifal.
ResponderExcluirAndré Leal - Tucuruí
Parsifal;
ResponderExcluirJuízes são pessoas que leem muito antes de assumir o cargo; mas depois de togados perdem esse costume.
Se o adágio estiver correto, Vossa Excelência deve ser infeliz ao extremo no jogo (não, não estou falando de política ), mas no amor... Ensine a receita.
ResponderExcluirParabéns ao magistrado!
Nunca ganhei nem bingo de quermesse.
ResponderExcluirgrande domingos, nao sabia que a posse seria dia 29. vou ligar pra mandar um abraço...
ResponderExcluirPrezado Parsifal, adiciono ao seu belo e perpicaz lembrete que a magistratura brasileira ainda adiciona a tentação da soberba palaciana. Devemos lembrar que a justiça tem ritos característicos, mas que ela deve trabalhar para a "entidade Justiça", não para a "instituição justica", sendo apenas ser fim nela mesma.
ResponderExcluir