Trocando as bolas

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Não é somente o Pará que desvia a finalidade dos recursos públicos destinados à cultura. O governo federal também cai na tentação patrimonialista de achar que é dono do dinheiro e o aplica em que quiser.

> Ópera aqui

No caso do Pará despende-se o erário com óperas, importando artistas de além mar: um equívoco, ou um propósito, em desfavor da cultura popular, onde a dotação deve ser aplicada.

> Moda lá

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, mesmo com o parecer contrário do CNIC (Comissão Nacional de Incentivo à Cultura), determinou a aplicação da Lei Rouanet para repassar R$ 2,8 milhões para o estilista Pedro Lourenço mostrar as suas criações na semana de moda de Paris.

Shot003Admiro a criação dos estilistas, mas os traços de Pedro Lourenço não representam a cultura da vestimenta brasileira.

> Cultura popular

Para os efeitos de incentivo e fomento públicos, cultura não é plantar arroz, apuro intelectual, esmero, elegância, erudição ou classicismo, e sim a forma como um determinado povo, mesorregionalmente localizado, manifesta as suas abstrações e habilidades, em consonância com o seu meio e os usa e promove de forma regular. Para os fins de incentivos públicos, a definição de cultura é restrita.

> Mercado de moda não é cultura

O CNIC decidiu corretamente ao rejeitar o projeto. "A quem interessa esse projeto? Ao estilista. Por que colocar recursos públicos? O usufruto desse recurso vai ficar restrito a essa empresa", opinou, acertadamente, o secretário de Cultura de Alagoas, presente à reunião que indeferiu o projeto.

Mas a ministra Suplicy, contra a deliberação do CNIC, aprovou o projeto porque deve achar lindas as saias reluzentes e bem caídas que saem das talentosas mãos de Lourenço.

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Comentários

  1. Os Mecenas elegem os seus protegidos, nada a estranhar. Sempre foi e será. Que chato!Deveria ser pelo talento.

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  2. Essa molecada velha que dirige o PT é que prejudica e faz
    Desaparecer os benefícios do governo desde o primeiro governo lula
    Essa velharada maluca precisa vestir o pijama e deixar a presidenta
    Governar em paz, aqui no Pará precisa de Hélder em 2014

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  3. Parsifal, noto que voce se aliou a estes baderneiros que fizeram protesto contra este excelente festival de opera que esta sendo realizado no Theatro da Paz.

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    1. Tenha certeza disso. Mas baderna mesmo é gastar milhões de dinheiro público importando artistas da Itália para cantar árias no Pará, em detrimento da cultura popular, verdadeira finalidade das verbas da Secult.
      O festival, de fato, é excelente. Eu, como deputado, tenho até direito a uma frisa.

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  4. Parsifal, já que você não irá usar do seu direito de usar a frisa do TP, dava pra você me ceder dois lugares no apresentação do Navio Fantasma???? ou melhor, como gesto democrático e de protesto, por que você não sorteia a frisa entre os seus leitores ? Melhor, você pode sortear apenas dois lugares da frisa para o seu leitor ter o prazer de sua companhia no dia do espetáculo. Fica a sugestão e aguardo a resposta, pois adoro Wagner e ter esta apresentação na "porta da minha casa" é um sonho. M.Santos

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    1. Permita-me esclarecer melhor, pois, de fato, não fui claro na construção do texto.
      Quando eu afirmei que "eu, como deputado, tenho direito a uma frisa", quis dizer que os deputados sempre recebem essas bajulações do governo, sempre que o governo esbanja dinheiro público com plumas e paetês.
      No meu caso específico, corro o risco de apanhar dos seguranças do Paulo Chaves se eu passar pela frente do Theatro da Paz durante as récitas, pois sou um ferrenho crítico de qualquer custeio com o dinheiro da cultura que não seja exclusivamente para a finalidade prevista: cultura popular e local.
      Portanto, meu caro, não será possível assistirmos Il Trovatore da mesma frisa: eu não vou lá.

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  5. Onde está a novidade? O capitalista brasileiro adora um incentivo de verbas públicas para tocar os negócios. Sempre foi assim e sempre o será, dai, a SUDAM, SUDENE, ZONA FRANCA e BNDES da vida. A inovação do caso pedro Lourenço é a cara de pau de usar o incentivo a cultura. Temos que reconhecer, o estilista realmente é criativo!

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  6. Marta Suplicy é uma burguesinha que só foi para o PT por cauda do Eduardo, este sim tem princípios e histórico de lutas pelos mais necessitado. Ela faz parte da eleite paulistana que acha que o Brasil acontece apenas no sudeste brasileiro. Para ela o resto do país é mata e sertão.

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