Pular para o conteúdo principal

Operação Protetor Unificado: a história que não será contada

shot003

As forças do CNT cercaram o derradeiro bunker de Kaddafi, em Sirte, por volta das 10h45m do dia 20.10.2011.

O comandante da operação na Líbia, Mohamed Leith, disparou uma ligação para Nápoles, na Itália, quartel general da “Operação Protetor Unificado”, sob responsabilidade da OTAN.

Atendeu a ligação o general da Real Força Aérea canadense Charles Bouchard, comandante das incursão aéreas da OTAN na Líbia, que já tinha ordens do secretário geral da organização, Anders Rasmussen, para impedir a fuga do ditador.

Às 10h00m, dois Lockheed U-2 deixaram o porta-aviões francês "Charles de Gaulle", fundeado no Mar da Líbia, rumo ao céu de Sirte: os U-2 forneceriam, em tempo real, as imagens da área que fora previamente delimitada pelo comando terrestre.

Concomitantemente, quatro Rafales decolaram da Catania, na Itália. Ao alcançarem Sirte sintonizaram suas respectivas telas de ataque nas imagens dos U-2.

Às 11h00m, ao comando de Mohamed Leith, as forças rebeldes arremessaram-se ao quartel general de Kaddafi. Os atiradores do ditador, dispostos nos quatro últimos edifícios da cidadela, não foram capazes de conter a avalanche que progredia em força bruta.

Às 11h:43m o comando, em Nápoles, visualizou na tela do espião um comboio de 80 veículos deslocando-se ao sul, no sentido de Sawknah, no seio do deserto.

O general Charles Bouchard intuiu que em um dos veículos tinha que estar Muamar Kaddafi: avisou Mohamed Leith que determinaria aos Rafale que interceptassem o comboio.

Os Rafale, ao comando de Nápoles, mergulharam, travaram a mira e despejaram seus Apaches sobre o comboio.

Em um dos veículos estava Kaddafi, que foi atingido nas pernas por estilhaços e saiu, ao saltos, aproveitando como manto a cortina de poeira e fumaça que se formou na liça. Ao largo, vislumbrou a turba resfolegando-lhe o encalço: a sua larga túnica marrom foi o beijo de Judas, entregando-lhe no meio dos demais componentes do comboio.

shot004

Kaddafi crispou a sua pistola dourada e remeteu-se em fuga sob o Sol da Líbia que há 42 anos libertara do Rei Idris I, mas, para o seu infortúnio, quis ele mesmo ser outro rei.

Como um cão ferido em busca de guarida o ditador enxergou em um bueiro uma casamata: meteu-se ali, mas, tão logo esfolegou, as mãos da Líbia já lhe cobravam o indébito, arrancando-o de volta à luz do meio dia.

Um jovem arrancou-lhe das mãos a pistola dourada e Kaddafi foi arrastado, sangrando, aos gritos de regozijo da multidão que já se fazia ao seu redor, para constatar que ali se acabava uma era de repressão.

No meio da turba que levava o cambaleante ditador para um veículo, o jovem que lhe tomara a pistola mirou-lhe a fronte.

Segundo o correspondente da BBC, Gabriel Gatehouse, Kaddafi indagou ao jovem: “O que fiz a você?”. O jovem premiu o gatilho à queima-roupa. Kaddafi tombou no vazio de um enorme abismo que cavou, durante 42 anos, com os próprios pés.

shot002

 

A primeira imagem foi retirada de uma capa da Time; as demais são da BBC.

Comentários

  1. Gostei, Vc é um homem de múltiplos talentos.
    Oscar 2013, vencedor do melhor roteiro adaptado Parsifal Pontes!

    ResponderExcluir
  2. Será que o ilustre lula enviará condolências e coroa de flores ao "amigo, irmão e líder" falecido ?

    ResponderExcluir
  3. Um assassino sendo morto por outros assassinos. Por aí se vê o que a tal Primavera Árabe propiciará para o povo líbio. No Egito a revolução está perseguindo Cristãos, matando inclusive crianças, massacrando em algumas vilas populações inteiras, fechando igrejas, etc... Se fosse Cristãos matando Islâmicos, o mundo teria levantado a vóz, mas são apenas Cristão sendo perseguidos e mortos. Tomara que o povo não tenha saudade do seu antigo ditador.

    ResponderExcluir
  4. Pretty insightful. Thanks!

    My blog:
    dsl tarifvergleich und Vergleich

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder...

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.