Pular para o conteúdo principal

Sai Kadafi entra a sharia

casork

A Líbia ainda deverá esperar algum tempo para viver os plenos direitos da cidadania, nos moldes que o Ocidente entende o conceito.

Ao fim da era Kadafi, que teimosamente resiste ao seu destino no meio do deserto, assiste-se o limiar da era neo fundamentalista, entendendo-se como tal a aplicação da sharia, o código religioso islâmico, com vigência jurídica e política, com certa dose de pragmatismo. Menos mal: mulheres podem dirigir por esta interpretação.

Ao tempo em que Sarkozy e David Cameron, França e Inglaterra, a dupla aliança que patrocinou os ataques aéreos ao regime de Kadafi visitavam, semana passada, com ares de Lawrence da Arábia, a cidade de Benghazi, capital inicial dos rebeldes, o comandante do Conselho Nacional de Transição (CNT) anunciava que a Líbia, doravante, seria regida pela sharia.

A Líbia se livra de um ditador e assume uma regência mais complicada contra a qual se rebelar: mulheres não poderem andar sozinhas, penas como amputação de mãos e correções com chicotadas, são algumas das restrições e penas redigidas na sharia.

Motiamed Khalifai Bur, um prestigiado advogado da Arábia Saudita, ao ser questionado sobre as penas da sharia, contestadas por juristas ocidentais, respondeu que "quando se implantou o sistema na Arábia Saudita, em 1940, a punição foi aplicada em catorze ou quinze casos extremos, mas, em 1970 foi um ano em que não foi preciso cortar nenhuma mão."

É… Sob o ponto de vista de mão cortadas, não se pode negar que ouve um enorme progresso.

Comentários

  1. Esse será apenas um dos retrocessos que se assistirá com o fim da era kadhafi, talvez não o mais grave, que será a piora da qualidade de vida dos menos abastados.

    ResponderExcluir
  2. Parsifal;

    Transcrevo um recorte que salvei, de uma longa crônica de Chistian de Brie.

    "Miséria, ignorância, submissão foram o destino comum desta humanidade, camponesa (e proletária) em mais de 90%, sob o jugo de uma interminável corte de tiranos prosperando sobre sua espinha: imperadores, reis, sultões, xás, xoguns, generalíssimos, caudilhos, presidentes, príncipes e barões, ministros e vizires, papas e califas... Todos sedentos de glória, de poder e riqueza, prontos a quaisquer ignomínias para conquistá-los ou preservá-los, moldados por ódios inexpiáveis, em guerra permanente uns contra os outros em nome de Deus, da civilização, da bandeira ou do partido"..."Tudo em nome de ideologias na maior parte das vezes messiânicas e racistas".

    Há algum tempo comentei sobre a fatalidade do destino destas nações insurgentes: todas seriam controladas pelos xiítas, que representam para os árabes a quimera de uma vida onde não existam ricos nem pobres. Não está sendo diferente, e já no Egito os radicais estão insuflando as massas contra o vizinho estado de Israel com o qual conseguiram manter um tratado de paz por décadas. Para os comunistas as promessas de vida melhor estão sempre na dependencia de "tirar dos que têm mais".

    Mas vale lembrar que o regime anterior a Kadahfi era monárquico e islâmico, porém seguia uma doutrina religiosa minoritária - e por isso mesmo muito perseguida ao longo da história destes povos: o sufismo. Gostaria de saber muito mais sobre sufismo, mas daquele pouquinho que aprendi, penso que na sua origem o sufismo foi essencialmente místico e contemplativo, seus seguidores se despojavam do dinheiro e de bens materiais, viviam com muita simplicidade e... talvez não houvesse entre estes e outros místicos de outras religiões tanta intolerância. Bom demais para este mundinho de guerras.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comentários em CAIXA ALTA são convertidos para minúsculas. Há um filtro que glosa termos indevidos, substituindo-os por asteriscos.

Postagens mais visitadas deste blog

Mateus, primeiro os teus

Convalescendo da implantação de um stent , o governador Simão Jatene (PSDB-PA) foi apanhado, ainda no Hospital do Coração (SP), na manhã de ontem (03), por uma desagradável matéria da “Folha de S. Paulo” reportando que “ao menos sete familiares, além da ex-mulher e da ex-cunhada” de Jatene exercem cargos de confiança no Executivo, no Legislativo e no Judiciário do Pará. A reportagem declara que, somados, os salários dos familiares do governador “ultrapassam R$ 100 mil mensais”. > Sem incidência de nepotismo As averiguações já foram matérias em blogs locais. Quando me foi perguntado se feriam a Súmula 13 do STF (nepotismo), opinei que não, o que foi agora ratificado pela reportagem da “Folha” que, ouvindo “especialistas” declarou que os “casos não se enquadram diretamente na súmula vinculante do STF”. Nenhum dos parentes ou afins relacionados pela “Folha” está a cargo de órgãos vinculados ao executivo estadual e a matéria não demonstra a existência de cargos ocupados, no Poder

O HIV em ação

A equipe do cientista russo Ivan Konstantinov arrebatou o primeiro lugar no “International Science and Engineering Visualization Challenge”, um concurso que premia imagens científicas da forma mais verossímeis e didáticas possíveis. Abaixo, a imagem em 3D do mortal vírus da Aids (HIV), em laranja, atacando uma célula do sistema imunológico, em cinza. A tática do HIV é se estabelecer dentro da célula, sem destruí-la. Na imagem abaixo foi feito um corte para mostrar o HIV já estabelecido no núcleo da célula imunológica, usando-a para se reproduzir, expelindo mais vírus que atacarão mais células imunológicas para torna-las hospedeiras, por isto o sistema imunológico do portador do HIV fica reduzido. As imagens foram retiradas do portal russo Visual Science .

Parsifal

Em uma noite de plenilúnio, às margens do Rio Tocantins, o lavrador pegou a lanterna e saiu correndo de casa à busca da parteira. Sua mãe, uma teúda mameluca, ficou vigiando a esposa que se contorcia com as dores do parto. Quando voltou com a parteira, o menino já chorava ao mundo. Não esperou: simplesmente nasceu. A parteira cortou o cordão umbilical e o jogou ao Rio Tocantins. Após os serviços de praxe de pós parto, a mãe de Ismael o chamou ao quarto para ver o filho. O lavrador entrou no quarto. A lamparina o deixou ver a criança ao peito da mãe: nascera Parsifal, pensou ele orgulhoso. O lavrador pegou uma cartucheira calibre vinte, carregou o cartucho ao cano, armou e saiu à porta. O Tocantins espreitava-lhe manteúdo. Apontou a mira da vinte à Lua e disparou: era assim que os caboclos do baixo Tocantins anunciavam a chegada de um homem à família.