O celular da Ann soou às duas da madrugada do dia 26. O esposo da minha cunhada mais nova estava com ela no hospital, acometida por uma forte dor pélvica que não debelava com analgésicos.
Eu conheci a Cacá, como coloquialmente a chamávamos, antes da Ann: ela era um bebê que arrastava as fraldas pela grama da fazenda do meu pai, na beira do Rio Tocantins, em Tucuruí, levada aos finais de semana pela Fernanda, a mãe, e Dr. Humberto, o pai, que hoje são meus sogros.
Na tarde do mesmo dia ouvimos, catatônicos, que ela fora entubada na UTI, com o terrível diagnóstico de septicemia: uma infecção nos rins derramou-se pelo corpo inteiro, ameaçando-lhe a vida.
O sofrimento baixou seu negro véu sobre nós: ela amanheceu o dia de ontem, já naquele território em cujo domínio as expectativas se depositam mais nas orações do que na medicina.
A Cacá foi uma das crianças que levou as alianças ao altar no dia em que casei com Ann e, não mais que de repente, eu e Ann, já com três filhas formadas, estávamos no casamento dela e, passados dois anos dali, já brincávamos com a Maria Clara, que a minha filha mais velha batizou como madrinha: como cantou o Cazuza, “o tempo não para.”.
No alvorecer de ontem, decolei para Santana do Araguaia com o peito apertado: o coração dizia para ficar e a cabeça ordenava ir cumprir os compromissos de campanha.
Ao meio-dia, quando sai de Santana rumo a Santa Maria das Barreiras, pedi noticias à Ann: uma voz entrecortada me disse que o quadro piorara e me pedia para rezar.
De hábitos noturnos, consegui adormecer já na madrugada de hoje, 28. Fui despertado pelo celular. Olhei no visor e li o nome de Ann. Previ a notícia que viria: em quarenta e oito horas guina-se o destino das gentes em ocorrências que se vislumbrariam impensáveis antes da dobra de uma singularidade.
A morte é um acontecimento tão natural quanto o nascimento: a vida tem um ciclo que submete a todos, mas, quando o ciclo se finda de forma tão acidamente repentina, a morte passa a ser a mais insidiosa das perfídias.
O consolo é que a imortalidade se faz através da descendência: somos imortais quando nos reproduzimos e o ideal que acalentou a presença da Cacá entre nós está renascido no coração da Maria Clara.
Não devemos questionar os desígnios divinos. A busca de explicações para as Suas razões é um tormento que o ser humano se deve poupar.
Resta-nos o pranto. Mas que não seja este um carpir de desespero: pois tão somente um elixir para serenar a alma…
Ao Deputado e familia,
ResponderExcluirMeus sinceros sentimentos a familia,pela perda.
WELLINGTON.
Oi, Pasifal,
ResponderExcluirNão nos conhecemos mas sempre que dá um tempinho gosto muito de ler seu blog.
Engraçado isso, os bloggers, alguns, é claro, nunca imaginam o quanto eles fazem parte da vida da gente, seus leitores.
Então, amigo, pra vc e Ann e toda sua família, aqui vai um post de solidariedade, acompanhado de uma oração singela pra ajudar a acalmar os corações.
Abraços,
Dani Mendes
Caro deputado, os seus precisam de sua sobriedade. Meus sinceros sentimentos. Que sua fortaleza se faça presente agora. Força.
ResponderExcluirQue o senhor Jesus esteja com ela,e lhe conforte.
ResponderExcluirBoa noite, deputado
ResponderExcluirForça e paz nesse momento.
Quero lhe dizer que há poucos meses perdi uma pessoa extremamente querida, jovem, linda e com um futuro maravilhoso pela frente. Minha única sobrinha. Filha única.
No 4º ano de Medicina da USP, ela passou em segundo lugar no vestibular.
Mas conto essa história para lhe dizer que me consolo vendo um caminho muito parecido com esse que o senhor postou. Imagino uma estradinha entre jardins que me levam a ela. E que a encontro sentada junto com Deus. Quando quero me revoltar -ela teve um aneurisma fulminante-, penso na estradinha e me acalmo.
Um abraço para sua família.
Ana Carla Cerejo
Deputado,
ResponderExcluirMeus sinceros votos de pesar.
Força ao senhor e familiares.
Deputado,
ResponderExcluirInfelizmente pouco posso acrescentar aos comentários acima, meus sinceros votos de pesar ao senhor e sua família.
Alan Pragana
Muito obrigado a todos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDeputado meus sinceros sentimentos ao Sr e sua familia.
ResponderExcluirSó nos resta orar para que a alma dele encontre paz perto de Deus.
Obrigado Lucibaldo, e obrigado pela acolhida em Santana.
ResponderExcluirdeixou também uma flor, e com ela meus sinceros sentimentos pela perda.
ResponderExcluirChegando hoje do Baixo Amazonas, e como sou viciado no seu Blog, me deparei com esta triste notícia.
ResponderExcluirPresto-lhe minha sicera solidariedade extensiva a todos seus familiares.
Um abraço fraterno.
Oi meu querido Deputado, fiquei muito triste com a notícia. Só nos resta rezar e pedir que Deus conforte cada um de vocês. Um forte abraço!
ResponderExcluirJoyce Bezerra
Obrigado Joyce.
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