Os deputados e prefeitos, até pouco tempo, precisavam rezar o responso de Santo Antônio, ou fazer promessa de ir à corda, para tentar o ar da graça da governadora Ana Júlia em uma audiência: o responso nunca funcionava e a corda era cortada antes de se colocar as mãos nela.
Presença dos áulicos na Assembléia Legislativa, também era procedida de bandas, fanfarras, plumas e paetês. Falar ao fone com alguns deles? Nem que a vaca tossisse por três vezes em noite de plenilúnio.
Agora, em o Palácio dos Despachos desejando ardentemente que os deputados assinem um cheque ao portador, de R$ 366 milhões, e o entreguem para o governo distribuir porcelanas e faianças a quem lhe aprouver convidar para o jantar, o comportamento mudou.
Deputado não mais bate na porta: pode entrar sem continência. Prefeitos recebem convênios como couvert, e são açoitados ao encalço dos deputados, para que estes lhes liberem o prato principal.
Na mais perfeita tradução do estilo insidioso da República, o Palácio dos Despachos faz o que bem sabe: dissimula a perfídia para se valer dos incautos.
Quem ainda acreditar nas vírgulas postas no texto que o governo traça, vai, ao final, descobrir-se com as mãos cheias de reticências.
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