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Entrevista com Ana Júlia

Ana Júlia Carepa, governadora do Pará

A entrevista concedida pela Governadora Ana Júlia aos jornalistas Carlos Mendes e Rita Soares, publicada em “O Diário do Pará” de domingo, 27.12.09, trouxe de volta certo tom de bom jornalismo à imprensa paraense.

 

A entrevistada nada revelou de como, quando e onde exerce a frase cunhada para justificar a inoperância do seu governo: “cuidar de gente”.

 

Entre tangências e tergiversações, a governadora insiste, no crepúsculo dos seus quatro anos, na prática do seu esporte favorito para explicar a inapetência do seu governo: a culpa é dos tucanos.

 

Tal exercício acaba sendo uma leniência consigo mesma e uma aposta lúdica de intuir que o cidadão não sabe fazer a diferença entre a tomada e o focinho do porco.

 

Alega, em ataque, a governadora, que um acelerador linear foi deixado na caixa, no porão do Ophir Loyola, por três anos pelo tucanato.

 

Ao ser observado, pelos jornalistas, que há três anos, já no seu governo, o acelerador permanece na caixa, Ana Júlia retruca, em defesa, que instalar um acelerador demanda procedimentos burocráticos complicados.

 

A desculpa soaria tão tosca para quem a antecedeu, como soa para ela que ora governa: três anos para não instalar um acelerador linear é tempo suficiente para alcunhar quem não o fez de negligente.

 

A prosa não soa diferente quando o assunto é a incapacidade política do governo em formatar alianças.

 

Neste ponto a governadora parafraseia Chico Buarque em “Pedro Pedreiro”: a acomodação da trôpega base aliada será feita “desde o ano passado para o mês que vem”. Este imbróglio político, em muito causado pela incompetência dos assessores escolhidos pela Governadora, é uma procela sem bonança.

 

Tratando-se de tempestades, quando os jornalistas avisam a Governadora que equações que ela julga montadas – aliança PT-PTB-PR – não correspondem aos fatos, ela, à falta de explicações mais analíticas, recorre àquela surrada meteorologia: política é como nuvem, que muda a todo o momento.

 

Precisa Sua Excelência, então, avisar aos seus áulicos que nuvens mudam, pois eles pensam que, por áulicos serem, podem moldá-las e fazê-las chover, somente distribuindo cargos aos fazedores de sopros.

 

Aliás, sopros devem ter sido expirados como bufas, ao lerem, os parlamentares, a governadora afirmando, em displicência, que as mais de 700 emendas feitas ao Orçamento Geral do Estado são apenas propostas: um governo sério na execução orçamentária, como o do Presidente Lula, por exemplo, cumpre todas as emendas, pois elas, uma vez aprovadas e sancionadas, são parte indivisível do orçamento, que lei é.

 

Por fim, vencida às evidências, e não conseguindo demonstrar que o seu governo está cuidando de gente, Sua Excelência aponta a causa do seu fracasso para dentro do próprio Palácio: ela tem um sério problema na comunicação.

 

Talvez, na ausência de realizações e no total divórcio do discurso oficial com os fatos, a recíproca é que seja verdadeira: a comunicação tem um sério problema com o governo.

Comentários

  1. nuvens caminham por longo tempo, procurando um lugar para descansar, ao lá chegar, destilam lagrimas.

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  2. Quero saber quando o nariz da nossa Governadora vai crecer. É muita mentira.

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  3. Cuidar de gente é fazer obras de infraestrutura para esta gente. Eu não vejo nada disto. A gente que ela cuida é a turma dela.

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  4. Corre por toda Setran que o PMDB vai assumir essa secretaria no ano que vem. E mais, dizem por lá que o Luiz Otavio será o secretário. Caso isso ocorra ela tem razão quando fala que política é como nuvem.Vc não acha?

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  5. O pior de tudo é que agora ela encontrou um forte aliado, Gerson Peres deu uma longa entrevista tentando justificar a incompetência deste governo.

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  6. Ao anônimo das 20:22:00:

    De fato, se o PMDB assumisse a SETRAN, seria uma mudança de nuvem relevante. Ocorre que o governo, como tenho dito, já perdeu complentamente a capacidade de fazer chover, por isto, a probabilidade comentada tende a zero.

    Ao das 22:01:00

    O Deputado Peres é um velho sobrevivente: para ele a aliança com o PT pode significar, dentro de uma coligação, a sua reeleição, pouco importando a conjuntura do entorno.
    A política é, também, a arte de sobreviver.

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  7. Bom dia, Parcival, eu conheci voce quando era filiado ao PSB, quando esteve em Marabá, mantendo contato com pessoas, voce era candidato a dep. federal.

    Para eu entender, o PMDB, tem varias secretarias no atual governo, é não tem nenhuma parcela de erro neste mesmo governo.

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  8. Olá,

    Você está em uma cidade de oportunidades: Marabá será um dos principais polos de desenvolvimento e geração de riquezas do Estado, caso nós políticos consigamos romper a nossa própria mediocridade.

    O PMDB não tem várias secretarias no governo e as que tinha entregou exatamente porque o governo não permitia elaboração de políticas e gestão: apenas dava o emprego de secretário.

    O que o PMDB ainda ocupa é a COHAB e a COSANPA, que não são secretarias mas autarquias específicas, que, aliás, já colocou à disposiçao do governo.

    Obrigado e volte sempre.

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  9. Esse é um ponto a ser pensado pelo Pmdb, quanto mais tempo fica no governo, mais avaliza este desastre administrativo. Vão afundar no barco da Ana?

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  10. Você tem razão: quanto mais tempo permanecer esta dubiedade mais o PMDB fica prejudicado.

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