Lula não quis vulgarizar a figura de Cristo, mas retratar o sistema político nacional, ao dizer que “se Jesus Cristo viesse para cá e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão.”
Neste ponto, o Presidente deveria fazer o mea culpa: se tivesse enviado ao Parlamento uma reforma política séria e bancado a sua aprovação, não estaria cometendo a frase agora.
José Serra, sempre silente trás dos muros do Palácio dos Bandeirantes, aproveitou para tirar uma casquinha, ao declarar que a frase “é um retrato de Lula na forma e no conteúdo.”
É cínica a fala do Governador de São Paulo: ele busca as mesmas alianças que Lula persegue e não se faria de rogado a Judas caso este “tivesse a votação num partido qualquer”.
Fez cena, também, o Secretário Geral da CNBB Dimas Barbosa, quando criticou o Presidente, retrucando que Cristo não se aliou aos fariseus, e que “Ele sabia reconhecer as pessoas por fora e por dentro e conseguia identificar os hipócritas.”
A Igreja Católica, ao longo de sua milenar história, já se colocou em alianças que até Deus duvidou, e a hipocrisia consistiria na hipótese de negar o quadro que Lula quis mostrar.
A CNBB, mesmo pedindo a Lula que evitasse usar Cristo como figura de linguagem, deveria aproveitar a deixa para cobrar a Reforma Política, fazendo enxergar ao povo que o retrato pintado pelo Presidente longe de ser uma hipocrisia, é uma infeliz realidade.
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