Morre Muhammad Ali, a última lenda viva do box mundial

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A indesejada das gentes ceifou ontem à noite, sexta-feira (03), a última lenda viva do box mundial, o tricampeão mundial e campeão olímpico Muhammad Ali, que foi para o box o que Pelé ainda é para o futebol: um ícone.

O nome de batismo foi Cassius Marcellus Clay Jr., mais conhecido como Cassius Clay. O nome muçulmano veio em 1964, ou 65, depois que ele aderiu ao grupo religioso estadunidense, Nação do Islã, levado pelo ativista Malcom X.

Ali, que partiu aos 74 anos, merece cada parágrafo da lenda: nos tempos do box romântico, sem as parafernálias mercadológicas de hoje em dia, Shot 003conquistou o ouro, em 1960, em Roma e, partir de 1964, foi tri campeão mundial do box profissional. Quando desceu do ringue pela última vez, levou com ele 56 vitórias, 37 delas por nocaute. Após 61 lutas, apenas 5 derrotas.

Foi para ele aquele trecho de Comme d'habitude, que ganhou o mundo na voz de Sinatra, na versão para o inglês feita por Paul Anka, intitulada My Way:

Regrets, I had a few, but than again, too few to mention”, no vernáculo, “derrotas, eu tive algumas, mas muito poucas para mencionar”.

O primeiro ato político de Ali, e depois desse vieram muitos que o fizeram ser uma reserva moral norte-americana - como foi Luther King, Ray Charles, Louis Armstrong e ainda é, idem, Willie Nelson, um dos últimos ícones da classe artística norte-americana, cuja opinião política, embora rara, é ouvida pela nação – foi se opor à Guerra do Vietnã, recusando-se ao alistamento.

A campanha para o não alistamento custou-lhe uma sentença de 5 anos de prisão, depois convertida em multa, e a suspensão, por três anos, de participação no box.

De 1967 a 1970, sem poder competir, Ali saiu pelos EUA em campanha contra a guerra, sem mais pregar o não alistamento, condição para não ser recolhido preso, e contra o racismo.

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Vencida a sentença dos três anos sem boxear, Muhammad Ali fez a sua reestreia e escolheu para tal um adversário a sua altura: Joe Frazier, que em toda a sua carreira só havia perdido uma luta para o próprio Ali.

O mundo parou para ver aquela que foi chamada de “A Luta do Século”. Os dois resistiram aos 15 rounds e Frazier venceu a luta por pontos. Aquela foi uma das poucas derrotas de Muhammad Ali.

Mas a glória cobrou um tributo alto ao grande campeão. Embora não seja provado, os anos tomando socos, sem os tratamentos compensatórios modernos de hoje em dia, plantaram as raízes do Mal de Parkinson que, a partir de 2000 comprometeu-lhe de forma definitiva os movimentos.

Quatro anos antes, em 1996, na abertura dos Jogos Olímpicos, em Atlanta, nos EUA, Ali levou o estádio às lágrimas quando apareceu, em um esforço olímpico, com a chama nas mãos, para acender a tocha olímpica. O momento, de fato, foi emocionante:

Em 2012, na abertura dos Jogos Olímpicos, em Londres, ao ser anunciado, ele foi aplaudido de pé por todo o estádio.

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