Com parcimônia, mas nem tanto

Já era esperada no círculo político a apoteose da operação Lava Jato com a prisão de Lula: todas as cartas deitadas à mesa nos últimos 90 dias deixavam claro que a canastra tomava esse rumo.

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Os analistas do escuro apostam, até, que o vazamento da delação premiada do senador Delcídio do Amaral fez parte desse corte, como elemento catalisador da condução da ovelha à pedra.

A polícia judiciária, todavia, teria avaliado, no anteceder das ocorrências desta manhã, que a prisão do ex-presidente poderia desencadear uma comoção nacional, conduzida por seus simpatizantes.

Lula, mesmo no raso da maré baixa, tem solidez empática com, pelo menos, 15% dos brasileiros, o que se traduz em 30 milhões de pessoas, dos quais a metade é tida como fiel seguidora de um comando vindo do lulo-petismo em tempo de agonia.

As limitadas escaramuças que se viram na esteira da condução coercitiva de Lula, entre pros e contra o evento, com certeza seriam turbinadas de forma enésima com uma prisão dele, e o Brasil não precisa de uma batalha campal para fervilhar o que já ebule.

01Nesse ponto, não é possível negar que Sergio Moro, mesmo morrendo de vontade de bailar sobre o caixão de Lula, acautelou a sua vaidade de paladino da justiça, transformando a prisão em condução coercitiva, pois assim, mesmo porque mais não seja, atendeu ao pedido de parcimônia feito pelo delegado da PF que relatou o inquérito no qual Lula é acusado.

Do ponto de vista puramente processual, como em outras ocasiões visto, Moro, à guisa de mostrar que “ninguém está acima da lei” o que é absolutamente correto, coloca-se acima dela, o que é avançar a tênue linha da razoabilidade inquisitória.

A condução coercitiva de Lula, portanto, sem análise alguma de mérito se ele é culpado ou inocente, e vivemos em um momento em que político nenhum é inocente e nem consegue provar que não é culpado, foi uma desnecessidade, pois ele iria, como tem repetido amiúde, até Curitiba, às barras de Moro, tão logo convocado.

Ademais, o aparato de guerra montado para conduzir Lula, com policiais em uniforme de campanha (foto), portando metralhadoras, como se fossem render um exército amotinado, foi um exagero midiático “nunca antes visto na história do Brasil”. Era apenas um septuagenário desarmado que eles iriam conduzir afinal.

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Nessa época do quem for podre que se quebre em que vivemos, e isso não é absolutamente ruim para a democracia como alguns alegam, desde que saibamos as linhas que podem ser rompidas e as portas que podem ser abertas (algumas se abrem para o abismo), até quem não deve tem que temer, pois há muito se inaugurou um intervalo de tempo, e eu espero que a exceção não vire regra, de primeiro atirar para depois ordenar que as mãos se ponham ao alto.

Comentários

  1. Um septuagenário desarmado dissimulado que ri da cara do povo. Que mente. Que trama. Que junto com seu "exército" de idiotas úteis afundaram um país na pior crise dos últimos anos.

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    1. Não me cabe julgar e nem condenar o Lula e nem ninguém. Mas mesmo que ele seja tudo isso que você enumerou, ainda assim não precisava um exército para conduzi-lo. Apenas o japonês, com uma faca de mesa, daria conta. Mais barato ainda sairia mandar um oficial de justiça intimá-lo.

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    2. o exercito se faz necessãrio por causa dos zumbis que cercam o analfabeto, preguiçoso...

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  2. Nº 43, sexta-feira, 4 de março de 2016 COMPANHIA DOCAS DO PARÁ
    AVISO DE DISPENSA DE LICITAÇÃO
    ESPÉCIE: AVISO DE DISPENSA DE LICITAÇÃO Processo
    nº 3919/2015 - Companhia Docas do Pará - CDP. Fundamentada
    no Artigo 26, da Lei nº 8.666/93 e alterações, foi autorizada
    a dispensa de Licitação para contratação da empresa MD SISTEMAS
    DE COMPUTAÇÃO LTDA, para prestação de serviços de implantação,
    manutenção e atualização dos sistemas de Gestão Empresarial
    e Gestão de Pessoas Senior, pelo período de 180 (cento e oitenta)
    dias, pelo valor global de R$870.272,71 (oitocentos e setenta mil,
    duzentos e setenta e dois reais e setenta e um centavos), de conformidade
    com o estabelecido no art. 24, inciso IV, da referida Lei.
    Belém, 3 de março 2016.
    PARSIFAL DE JESUS PONTES
    Diretor-Presidente

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  3. Não é de hoje que o senhor Lula, autointitulado " a alma mais honesta do Brasil " esquiva-se, isso é fato, de prestar esclarecimentos sobre lambanças em seus oito anos de governo. Não seria a condução coercitiva uma prevenção quanto às esquivas do Lula em depor ao MP de São Paulo? Não cabe a mim também julgar ninguém. Deve-se ter em mente que a operação de hoje foi pedida ao Juiz Moro pelo Procurador Geral da República, nomeado... pela Dilma. Se a condução coercitiva foi um exagero, também deve-se lembrar que os Tribunais superiores avalizaram a esmagadoramente as ações do Juiz Moro. Mas o Lula tem sido mais escorregadio que bagre ensaboado... Alertado pelo governador de Goiás, Marconi Perillo sobre o que viria a ser o Mensalão, Lula partiu ferozmente contra o governador na tentativa de desqualificá-lo. Deu no que deu, o Lula jurou de pés juntos que não sabia de nada, foi à TV dizer que fora traído,e hoje, há fundadas suspeitas de que ele sabia sim de tudo, manobrou uma CPI para ele e um filho não fosse sequer citados ou convocados a se explicarem. O Lula também não sabia de nada, quando a Oi, concessionária de serviço público, fizera um vultoso aporte numa empresa mixuruca de um filho seu. Isso é razoável, contribui para lustrar uma biografia? Ou alguém acha que a Gamecorp do Lulinha é uma empresa que por seus frutos até hoje, é realmente algo a ser engolido a seco? Eu tenho absoluta certeza, Parsifal, que vc jamais aceitaria que a MD Sistema de Computação Ltda, contratada pela CDP fizesse " gratuitamente " instalação de computadores, redes, ou algo do seu ofício, na sua residência. É assim que deve ser, como na alusão à mulher de César, a quem não basta ser honesta, mas deve parecer honesta. É razoável, que construtoras que prestam serviços ao governo federal faça a reforma de um apartamento de luxo, num prédio eivado de suspeitas, se não houvesse um beneficiário de alto coturno? Ou que a reforma das acomodações de um sítio seja feita pelo simples fato de que o Lula eventualmente o visite? Nem João Pedro acreditaria nisso. É que João Pedro tem três anos e mora em Pacajá, aqui no Pará... Sabe como são as crianças de hoje, né? A lógica da vida, é tão simples, que até assusta. Vc planta feijão, colhe feijão. Planta milho, colhe milho. Simples, assim. O que também causa espécie, eu eu vi todos os desabafos do Lula, é que ele não apresenta argumentos sólidos para dissipar dúvidas sobre benesses recebidas, direta ou indiretamente dessas empresas, que cá pra nós, nunca deram ponto sem nó. Preocupou-se apenas em tentar desqualificar as autoridades, ele que não tem mais foro privilegiado, é bom que se diga. Os governos do PT ferraram a Petrobras, isso salta aos olhos. Instalou-se uma estrutura criminosa para dilapidar a empresa. Os fatos escancaram isso, e quem nomeou, referendou aquisições de refinarias sucateadas, contrataram equipamentos superfaturados às alturas, fizeram mimos a certas autoridades e nós que pagamos a conta devemos aceitar que está tudo bem? Há operações do Bumlai com o Banco Schahin, travestida da venda de embriões de gado nelore que nunca foram entregues, o BNDES é uma caixa preta, e os bandidos acham que a culpa é da Polícia Federal, do MP, do Juiz Moro, da mídia golpista. Ninguém, nem mesmo a dita cuja alma mais honesta do Brasil está acima da Lei, e assim deve ser. O Instituto Lula recebe dinheiro de empreiteiras, vá lá que seja travestido pela realização de palestras, e repassa desse dinheiro expressivos valores a seus filhos, via empresinhas mixurucas, e quer-se que as pessoas achem isso normal. Normal, seria, a alma mais honesta deste país mostrar-se como a mulher de César. Mas isso seria demais para quem se acha acima da Lei.

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  4. Francisco Márcio05/03/2016, 11:53

    Parsifal, creio que o cenário de guerra montado, envolve, por óbvio, a questão midiática, mas não deixa de ser uma preocupação com os prováveis conflitos ( que ocorreram entre os "pro e contra" ao Lula ), com os agentes da ação.

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  5. vi o Lula dizer, em discurso mostrado na tv, que já respondeu as mesmas perguntas no ministerio publico e na justiça (não recordo qual justiça). Se for verdade, essa coercitiva foi um abuso.

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  6. Ocorreu de tudo nessa estapafúrdia ação,menos parcimônia.Moro não declarou a prisão de Lula porque não pode, não existe o mínimo amparo para isso e seria imediatamente desmoralizado. A medida de condução, já criticada inclusive por ministros do STF, foi tomada para uma ação política que não poderia ser enfrentada em outra instância. Mas há um efeito colateral :ao não prender Lula, depois de tantas prisões a torto e a direito, deram-lhe um atestado de inocência.

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  7. As pessoas, por ignorância ou má fé, ou as duas opções juntas, se esquecem que foi o Procurador Geral da República, nomeado, na verdade, reconduzido ao cargo por Dilma, quem solicitou a condução de Lula para depor. O Juiz oro, inclusive, determinou expressamente que a PF não algemasse o Lula nem fizesse imagens da ação. O Lula, a bem da verdade, vem se esquivando de ir à Justiça depor, ou prestar esclarecimentos. Há pouco foi derrotado no STF, ao pedir que as investigações sobre ele sejam suspensas. Convocado, não foi ao Fórum da Barra Funda, mandando explicações escritas. Se ele é a alma mais honesta do Brasil, porque não faz como os outros envolvidos nesse episódio catastrófico, que conduzidos coercitivamente, ou não, prestam depoimentos, e se culpados, ou não, o Juiz Moro tem cumprido seu papel dentro da Lei. Não fosse assim, a esmagadora maioria de suas decisões são referendadas pelas Cortes Superiores. O Lula, que não confessadamente não gosta de ler, deveria fazer um esforços e debruçar-se sobre as recentes entrevistas de Tarso Genro e Olívio Dutra, petistas históricos como ele.

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  8. Parsifal, esses policiais, com esse mesmo uniforme, também estiveram presentes na diligência ocorrida na casa do presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha.

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